(3) Epílogo.

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Um reencontro de balanços.

Na hora em que Caio começou seu projeto "surpreender a melhor amiga de infância", Rebeca estava ocupando um dos lugares na fila da Izoppo. A cafeteria estava lotada para uma segunda-feira, tudo isso devido à banda de pagode que tocaria naquela noite. No pequeno palco improvisado, estava Mateus, ele tinha pintando às pontas de seu cabelo de verde, especialmente para a ocasião.

— Pães de queijo demoram tanto assim para serem feitos? - Rebeca sussurrou para si mesma. Então deu um gole bem generoso em seu café.

— Foi mal, mas o encarregado pelos pães de queijo está ocupado - o balconista da padaria (que tinha ouvido a reclamação da garota) disse, apontando para o homem com a camiseta de um time de futebol qualquer, que estava no palco pronto para tocar bateria; Mateus.

Rebeca queria comprar uma cesta de pães de queijo, para sua tia Marlee, que estava desejando pelo alimento. Marlee até ameaçou cancelar o aniversário de casamento se não tivesse os tão desejados pãezinhos. Rebeca não culpava sua tia, pelo contrário, ela até tentava entendê-la, afinal, estar grávida e ter que organizar um aniversário de casamento não deve ser nada fácil. E cá entre nós, Marlee nunca fora a pessoa mais controlada do mundo.

— Qual é... Vamos lá! Eu pago mais. -Rebeca tentou negociar com o balconista, mas, fracassando.

— Terá de esperar até o fim do show. Sinto muito.

Rebeca amaldiçoou o funcionário mentalmente, enquanto tentava achar um local para se sentar, de jeito nenhum ela esperaria de pé. E de jeito nenhum voltaria sem os pães de queijo, já que Marlee deixou bem claro quê: se ela voltasse sem o seu pedido, já poderia se considerar uma adolescente morta. Rebeca sabia que às vezes sua tia era uma verdadeira dramática, mas dessa vez, ela preferiu não arriscar.

💐💐💐

Do outro lado da cidade, no jardim onde ocorreria o aniversário de oito anos de casamento de Marlee e Tiago, o mesmo lugar onde os dois fizeram juras de amor eterno, e o mesmo lugar onde apequena Rebeca de oito anos descobriu o que é amor, estava Caio. Ele tinha acabado de chegar de viagem, estava cansando, mas, mesmo assim, estava ali, reconstruindo o balanço, assim como prometeu a sua velha amiga, Rebeca.

Quando fez dez anos, Caio mudou de cidade, foi para o Rio de Janeiro com seu pai. Ele e Rebeca perderam contato, afinal, eram apenas crianças, não é mesmo? Não para Caio, que sentia uma saudade enorme de sua companheira de brincadeiras. Mal sabia ele que Rebeca não era mais aquela garotinha curiosa, e sim uma adolescente chegando na fase adulta.

— E então, como vai o balanço? — vovó Cecília perguntou, enquanto se aproximava do projeto do garoto.

Cecília era uma mulher muito esperta e estava sempre exibindo um belo sorriso no rosto. Mesmo depois de perder seu marido, ela seguiu em frente. Todas às vezes que fazia café, se lembrava de Antônio, que sempre preparava a bebida quente para ela, mesmo ele odiando o gosto de café. E, por incrível que pareça, isso a deixava muito feliz. Dizia que era uma lembrança, uma boa e amorosa lembrança, que guardaria com ela para todo o sempre, até se juntar a ele no mundo dos que já se foram, (coisa essa que demoraria muito, já que Cecília era dona de uma saúde de ferro!).

Caio endireitou a postura na hora em que viu a senhora chegar, e limpou as mãos na bermuda para poder cumprimentá-la, ela aceitou de bom grado, sorrindo sem parar.

Uma teoria sobre o amorOnde histórias criam vida. Descubra agora