História de Papel 3/4

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Vagando pelas ruínas dos palácios dentro dos meus sonhos, eu me encontrava só. Eu tinha me afastado daqueles que me faziam mal, porém, faltava eu substituir por quem me fazia bem. Mas parece que não havia ninguém.

Confesso que eu já estava melhor por ter afastado aqueles por quais meus sentimentos não eram recíprocos. Pelo menos assim, eu não mandaria uma carta esperando outra em troca, pois de qualquer forma, não chegaria.

Peguei meu telefone e comecei a apagar os números daqueles que me diziam amigos, mas se quer me ligavam. Se foi um, dois e muitos outros números, até que um certo me chamou atenção. Era o de um amigo do ensino fundamental que me ligou a dois meses, querendo sair, reunir nossa turminha de escola, mas na época, eu havia negado. Como neguei a ele muitos outros convites pois estava vivendo falsas amizades. Eu não hesitei, liguei pra ele e perguntei se ainda queria me ver. Logo, marcamos pro próximo fim de semana.


Mesmo depois de tudo, eles continuavam lá pra mim. Por que aqueles que são verdadeiros, eles não abandonam.


Já fazia três fins de semana em que nos encontrávamos, digo, eu e meus amigos do ensino fundamental. Já fomos ao cinema, ao parque da cidade e ao clube. Mas dessa vez, iriamos acampar. Cauã disse que me buscaria em casa, após pegar Sara, Diego e Frederico, então partiríamos, e assim foi feito.

Aos poucos eles me devolviam a vida. A vida não vivida. Ou negada por mim mesmo. Eles me faziam sentir turbilhões de sentimentos e de sempre querer estar na presença deles. Confesso que até em casa eu estava melhor, tinha arrumado um trabalho para a próxima semana. E minha vida finalmente fluía.

Mas naquele acampamento, eu me descobria. Não o que eu negava, mas o que eu não sabia. Enquanto Sara, Frederico e Diego armavam as barracas, Cauã me chamou para irmos atrás de madeiras afim de fazer uma fogueira e então seguimos por uma trilha fechada dentro a floresta. Quando dei fé e um passo de sobriedade estávamos em um pequeno campo aberto arrodeado por árvores. Não era visto por fora, pois ás arvores vedavam, se não por cima, local por qual a luz do sol iluminava. Cauã que estava andando a minha frente parou e se virou pra mim: - amo essa lugar - ele comentou.

Eu ainda estava impressionado com a beleza que a natureza nos permitia e quando percebi, Cauã tinha dado alguns passos e estava frente a frente comigo. Ele segurou minha mão e sua outra ele levou no meu pescoço, segurando por trás, olhou em meus olhos e bem baixo sussurrou:


me dê amor


- Alexandre Bruno

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