Tequila e don't

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Quando saio pela porta do desembarque uma multidão (literalmente) está parada atrás de uma faixa de espera... parece que a seleção de futebol inteira vai sair a qualquer momento do vôo em que eu estava.
Com tanta gritaria e pulação eu fico perdida procurando minha amiga, a Emily disse que ia vir me buscar no aeroporto, mas como ela não está aqui ainda, provavelmente deve estar no trânsito.
Vou andando pra longe de toda a aglomeração e me sento em uma lanchonete, pego meu celular tiro do modo avião e mando uma mensagem para a Emily.
Onde você está?
Eu envio e logo depois vêm a resposta.
Estou aqui, perto de um milhão de pessoas enlouquecidas, o que está acontecendo aqui?
Ela pergunta. Se eu ao menos soubesse.
– Eu sei lá! Estou por perto, vou te encontrar.
Eu mando.
– Por que diabos você me pediu pra te buscar? Você não ia vir com o Dylan??
– Longa história.
Digo simplesmente e me levanto para encontrar minha amiga.
Quando chego perto da aglomeração de novo é fácil achar a Emily em meio a todas as outras pessoas, vejo seus cabelos pretos com as pontas todas roxas, típico da Emily, quando eu fui viajar essas mesmas pontas estavam cor de rosa, agora ela está vestindo um vestido azul claro e os meus tênis preferidos brancos, quando ela me vê sai correndo igual uma doida no meio do aeroporto.
–"Ai meu Deus que saudade!"– Ela diz quando me abraça, e é tão bom abraçar minha amiga novamente, quanta falta eu senti dela.
A tristeza me invade novamente quando eu a abraço, como se tudo o que eu passei no México voltasse de novo, então quando eu menos espero vejo que lágrimas caíram de meus olhos. Merda!
"Ei..."– Ela diz preocupada. "Por que você está chorando?"
"Venha, vamos embora... eu te explico quando chegar em casa."– Digo simplesmente segurando a todo custo mais lágrimas que caem sem permissão dos meus olhos.
No caminho de volta para a minha casa eu não falo muito, estou tão sobrecarregada que todas as perguntas desesperadas da Emily sobre a viagem são respondidas apenas por vários "não, sim, uhum, depois falo disso e muitos é complicado" ela fecha a cara com a minha indiferença mas percebe que há algo errado, ela sabe que há essa hora era pra mim estar contando as maravilhas da viagem, mostrando um milhão de fotos, falando das praias e mais um milhão de coisas, mas eu simplesmente estou calada e provavelmente com o nariz escorrendo e vermelha de tanto segurar o choro.

Quando chego em casa finalmente largo toda a bagagem na sala e me jogo no sofá de barriga pra baixo e com a cara enfiada nas almofadas decorativas.
Ele me traiu. Eu penso.
Eu vi!
Ele estava em baixo dela, e eles estavam gemendo alto.
Ele tentou se explicar, e ele tentou me beijar.
Ele não presta.
A minha mente diz tudo isso enquanto flashes dos momentos horríveis aparecem para me lembrar como foi ruim tudo aquilo.
Eu realmente pensei que conhecia o Dylan.
"Ou, sua doida, o que que foi?"– A Emily pergunta enquanto se joga literalmente em cima de mim.
"Não foi nada."– Respondo não querendo falar disso ainda, eu preciso pensar mais.
"Você está horrível, com cara de doente, você está chata, com coriza e vermelha, e não o tipo de vermelho que pessoas brancas como você fica quando vai pra praia, você está realmente corada e não de um jeito bom. O Dylan não veio não sei por que com você, você não quis falar nada da viagem até agora e agora está aí jogada no sofá como se estivesse morta! Da pra me dizer que porra aconteceu com você? Você pegou a doença da tortilha?"– Ela diz brava e preocupada ao mesmo tempo.
"Que forra é a doença da fortilha?"– pergunto com a voz abafada por causa das almofadas, eu já estou chorando e provavelmente manchando a almofada de rímel.
"Sei lá... inventei agora, não importa também, agora me diz o que aconteceu?
"Eli me fraiu."– Digo de um jeito meio confuso ainda por causa das almofadas abafando minha voz.
"O que é que você disse?"– Ela pergunta de novo e eu levanto o rosto da almofada dou uma grande sugada de ar por estar sem respirar por algum tempo, olho pra ela e digo de novo mas a minha voz sai estranha por causa do choro.
"Ele me traiu."– Digo e ela não diz nada, apenas me olha perplexa.
"O Dylan te traiu?"
"Sim, ele me traiu Emily."
"Ah, meu Deus, quem te contou?"
"Ninguém me contou, eu vi com meus próprios olhos."
"Você viu?"
"Vi!"– Digo lembrando.
"Amiga, como assim, o que você viu?"– Ela pergunta abismada.
–"Tinha uma vadia hospedada no nosso hotel e pensando bem agora ele dizia que ia pra academia mas sumia por horas, e eu nem desconfiava quando ele chegava lá suado e cansado, ele não queria fazer sexo comigo nunca, e eu achava tudo bem, pensava que ele tinha mudado... mas ai eu acordei no último dia e ele não estava no quarto, então eu procurei por ele e o achei na piscina com uma garota, ele disse que eles eram amigos e que se conheceram no Brasil..."– Eu digo chorando e soluçando.
"O Dylan já foi para o Brasil?"
"Foi o que eu perguntei pra ele e ele disse que já foi pra lá a trabalho, ela tinha um sotaque estranho, acho que era brasileira mesmo, eu e ele brigamos, eu disse que aquilo era muito estranho e então eu fui embora."
"Mas então isso é ciúmes, ele não te traiu Charlotte eles poderiam ser apenas amigos mesmo..."
"Mas eu voltei lá Emily, eu estava arrependida achei que estava fazendo drama, e então quando eu cheguei no nosso quarto eu vi! Ela estava em cima dele, eles estavam... meu Deus..."– Eu choro cada vez mais.
"Eles me viram parada na porta, eu devia estar com uma cara de idiota, e então a garota começou a me xingar, o Dylan ficou lá tentando se explicar e eu chorei na frente dele, meu Deus eu me odeio. Eu odeio ele e ela e me odeio acima de tudo, eu odeio aquela agência que me contratou para fotografar ele, eu odeio o maldito dia em que eu conheci ele e eu odeio o México, e odeio aquele cara gato e chato que se sentou ao meu lado no avião."– Digo tudo muito rápido e me arrependo de ter mencionado o cara ruivo, então contínuo rápido pra ela não perceber essa frase.–
"Emily ele estava fazendo aquilo com a garota e depois foi com aquelas mãos imundas tentar me segurar, eu bati nele e ele tentou me beijar então eu bati no seu rosto amiga... aí eu sai correndo de lá e comprei outra passagem de avião porque eu perdi o outro vôo, eu tive que vir de primeira classe e foram as piores horas que eu já passei."– Eu digo e ela me abraça
"Lotte... você não pode chorar por esse traidor amiga, ele não merece isso."
"Eu sei! O pior é que eu sei, e eu prometi pra mim mesma que não ia fazer isso, mas olha agora, estou aqui igual uma filha da puta chorando por ele. Eu não consigo segurar o choro é algo automático e quando aquela cena vem na minha cabeça eu fico com tanta raiva e tanta vontade de sei lá... matar ou bater nele."
"Ai meu Deus, eu vou matar o Dylan, vou cortar o pau dele fora, colocar numa caixa, embrulhar e mandar de presente para essa tal brasileira, Amiga... fica calma eu não quero que você chore, venha eu vou fazer você esquecer isso tá bom?"
"Você vai fazer eu me esquecer como?"
"Espera aí."– Ela diz e corre pra cozinha e pega dois copos, uma tequila inteira que sobrou da última festa que demos, e tem algo parecido com um CD na boca... ela vem parecendo uma hobbit bêbada tentando equilibrar tanta coisa.
Eu pego o CD da sua boca e olho ele todo, parece que não tem nome só é verde e tem um "X" bem grande no meio, viro ele e vejo as músicas do álbum. One, I'm a mess, sing, don't, Nina, photograph... photograph?
"Meu Deus... tem uma música chamada Photograph... e você nunca me mostrou?"– Pergunto e ela da um sorrisinho de lado enquanto coloca uma dose gigante de tequila e me da o copo.
"Essa música não é legal para o momento, você tem que ouvir don't amiga."– Ela diz correndo de novo para a cozinha e volta com limão.
"Você realmente quer que eu beba tequila e escute uma música desconhecida chamada don't?"
"Sim eu quero! E quero que você cante a música bem alto como se estivesse cantando ela para o próprio desgraçado do Dylan."–
Ela pega o CD da minha não e coloca a música número quatro.
"Você vai se surpreender quando ouvir essa letra."– Ela diz enquanto bebe, já está no seu segundo copo já que ela bebe virando de uma vez.
Eu olho para a minha bebida, dou uma bebericada e o sabor forte do álcool queima a minha garganta quando eu engulo. Ela percebe minha careta e revira os olhos, depois diz:
–"Ahh... para de frescura pelo amor de Deus e bebe essa porra se não eu vou tacar na sua cara."–eu dou risada e bebo de uma vez, depois ela coloca outra dose maior ainda. A música tem um toque engraçado, nunca ouvi algo assim é tipo um toque no fundo e um cara cantando algo parecido com um: ahh lah lah lah lah hum...
"Eu to falando sério você vai se surpreender com a letra dessa música, parece até que ele fez ela pra você, acho que ele já deve ter passado pela mesma coisa que você.."– A Emily diz mas eu não ligo muito pro que ela fala. Duvido que a música seja realmente parecida com a minha história, ela só está tentando me animar.
Então com o som já bem alto e envolvente eu viro de um gole só a minha outra dose e depois balanço rápido a cabeça por causa do sabor forte.
Quando a letra da música começa eu escuto ela até o refrão então depois de ouvir o bastante, eu me viro pra Emily com cara de quem não está acreditando no que tá ouvindo. Ela vê minha cara dá uma risada e diz.
–"Eu te disse! Isso é don't meu bem... é muito louco, parece até que você contou a sua história de vida pro Edinho."
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Oii gente...
Bom, acho que algumas de vocês já me conhecem da outra Fic, as que não conhecem prazer e sejam bem vindas!
Essa é a minha primeira nota aqui nessa história e é muito bom falar com vocês aqui nessa parte do fim do capítulo, eu quero agradecer a quem está votando e comentando e pedir que continuem assim, e quem está aparecendo por aqui agora eu vou amar saber o que vocês pensam enquanto lêem essa história do Eduardo que ainda está no comecinho.
Bom gente obrigado por me dar atenção e ler aqui o que eu escrevo, amo vocês por isso!
Beijos e até o próximo capítulo.

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