Capítulo 2 - Conhecendo o Pecado

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Dupla Identidade


Capítulo 2 - Conhecendo o Pecado 

Travis

Passar pela segurança foi mais fácil do que esperávamos. Aquela havia sido a segunda mansão que garimpávamos naquela semana, e fora mais simples do que ganhar de Matt em uma corrida clandestina. A porta de madeira maciça se materializou a frente, enquanto alguns de nós continuavam algemando a parte dos seguranças que estavam acordados. Brooke colocou sua luva e girou a maçaneta banhada a ouro; seu sorriso ligeiramente visto através tecido de sua máscara de proteção me fez trancar os lábios, acenando para que ela continuasse.

Brooke era fã de peças como aquela. Peças de ouro, para ser sincero. E não me restavam dúvidas de que aquela maçaneta seria a sua favorita para levar à sede da Hidra, e guarda-la em seu armário de utensílios dourados; como a própria denominava.

Hunter foi o primeiro a entrar na mansão, trazendo minha atenção novamente à nossa missão. Deixei a arma em punho e dobrei os joelhos, acompanhando-o. Brooke veio logo atrás de mim, me dando cobertura pelas costas. A sala estava vazia. Os Kingsley aparentemente haviam sentido que era melhor deixar a casa livre para a Hidra naquela noite.

Corri em silêncio sob as escadas e ouvi quando o sobressalto de uma das empregadas arruinaria tudo, caso Brooke não a tivesse encurralado e a empurrado de volta para a cozinha. Pobre empregada. Brooke aparentemente não estava num dia bom.

Continuei subindo os degraus, indo em direção aos quartos. Vozes numa discussão calorosa chamaram minha atenção e eu franzi a testa, tentando apurar meus ouvidos. O senhor Kingsley estava fodido, provavelmente. Sua esposa berrava sobre uma conversa lida em seu celular, e eu simplesmente quis rir pela ironia daquilo. Não se preocupe, senhora Kingsley, saberemos vingar com louvor a traição de seu infiel marido.

Contudo, dei um passo no degrau debaixo da escada, revirando os olhos. Não seria tão fácil assim, imbecil.

Puta que o pariu, eu havia me esquecido.

O maldito vinha de uma família de militares. Eu viraria uma peneira se fosse sozinho. Filho de uma puta.

Desci os degraus com pressa, encontrando Mason, Hunter, Jackson e Matthew. Gesticulei, enquanto apontava para cima; eles entenderam o recado, finalmente, e se juntaram a mim, tirando suas armas do coldre e colocando-as em punho, carregando-as. Assenti e acenei, mirando o topo da escada. Olhei ao meu redor, o extenso corredor, e vi pela fresta da porta a filha única do casal dançando em frente ao espelho, com o fone nos ouvidos. Virei-me para os outros e apontei para o quarto.

- Cuida dela.

Mason disse e eu assenti, caminhando em passos leves até a porta do quarto. Num gesto rápido, fechei a porta atrás de mim com força, trancando-a. A herdeira Kingsley virou-se depressa em minha direção, com os olhos arregalados e a feição amedrontada.

Eu não podia amar mais qualquer reação do que uma como aquela. O pânico das pessoas ao colocarem os olhos em mim, finalmente. A menina, que não aparentava ter mais do que dezessete anos, entreabriu os olhos e ofegou imediatamente, enquanto caminhava para trás, encontrando a parede rosada atrás de si. Eu deixei a arma sob o criado-mudo ao meu lado, retirando as luvas que antes me pinicavam. A menina continuava com a respiração entrecortada; assustada demais para ter outra reação a não ser me encarar como se eu fosse um fantasma. Dei os ombros e retirei a máscara, colocando-a ao lado da arma.

- Você não vai ser burra o bastante para fazer um retrato falado, não é? – Ela negou veemente, engolindo a seco – Vamos ficar os dois aqui, quietinhos... Está me entendendo? – A garota assentiu, me olhando com certa desconfiança.

Dupla Identidade [DEGUSTAÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora