Cântico de Esperança

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Os cânticos agora preenchiam o monastério com tanta frequência que as paredes pareciam sempe vibrar com isso, com a esperança, com a impaciência de todos aqueles que por tantos séculos esperaram por suas companheiras, pela luz de suas almas, pela cor e o calor que viria disso.

Sim, mulheres eram suas vidas, para protege-las e ama-las e igualmente para salva-los de se tornarem vampiros, para que suas almas pudessem ainda servir ao seu príncipe e para proteger aqueles que eram mais fracos, embora, agora fosse impossível saber quem eram, pois humanos os caçavam ainda mais ostensivamente, com armas mais agressivas e estudos mais avançados do que antes e todos eles, todos os que viviam no monastério e que poderiam providenciar algo, viam-se de mãos atadas, o sangue que era sua fonte de vida, que os alimentava e os mantinha firmes e poderosos, eram agora uma maldição que os seduzia cada vez mais profundamente, cada vez mais além de alimentar-se, era poder e crueldade para que pudessem encontrar por si mesmo alguma sensação naquele cinza gélido que eram os seus dias e seus corações.

As três mulheres observaram o cárpato a sua frente, como todos possuía olhos e cabelos negros, abismos profundos demais para serem sustentados por tanto tempo e cabelos suficientemente compridos para ser confundido com algum roqueiro, o corpo não movia-se, nada nele e todas sabiam que seu controle dependeria da resposta delas.  E como faziam desde que aquilo iniciara-se a algumas semanas, quando descobriram o que essa trindade seria capaz, decidiam-se a um dos que adormecia por tanto tempo quando Aleksei.

- Nós a encontramos, Gaspar. Mas existe algo diferente... -- Disse com gentileza que beirava quase a servilidade, como se intimamente estivesse oprimida por isso. - Não acredito que seria prudente sair nesse momento para busca-la. -- Seus olhos foram para seu companheiro Aleksei, deixando que esse conduzisse a conversa.

Havia tanta confiança que ele faria isso, afinal, Aleksei sempre comandou seu coração e a ensinou tanto desde que se conheceram, que via-se natural que surpreendeu-se um pouco quando olhou preocupado para Gaspar, ambos não eram amigos, sequer aliados, eram homens honrados mas nunca conseguiram aceitar um ao outro, apenas o sangue os ligava e seu príncipe, que agora estava morto e reinava um que não juravam lealdade ainda.

- Sua companheira está reunindo-se com o príncipe, ela é cárpato. Uma antiga como nós, mas não se escondeu e nem parecer ter a sombra que nós temos. -- Respondeu Aleksei, sem preocupar-se em explicar mais e olhou para a janela, parecendo claro que a única coisa a Gaspar era que partisse.

E porque haveria de alguém permanecer em um local como aquele? Gaspar ignorou quaisquer intenções que Aleksei poderia ter ou mesmo aquela criatura que tão indignamente se comportava, não apenas como mulher, mas como cárpato também. Os dois pareciam como casais humanos que vira há muito tempo, envolvimentos demais na própria cegueira emocional para serem fortes. Seu corpo virou névoa e logo transformou-se em um veloz corvo, não elegante como uma coruja, mas sua forma sempre lhe agradara. O caminho ao castelo era perto, sempre fora para pessoas como ele. 

Gaspar não se preocupou em ocultar sua presença, nem em se anunciar, não devia nada aquele príncipe e sua companheira estava ali,  motivo suficiente para ser recebido, leva-la e então dedicar-se ao que todos os homens faziam desde sempre. 

Mas havia algo diferente, percebeu muitos dos seus dentro da casa onde morava o regente de sua raça, não apenas homens, como mulheres e todos estavam silenciosos, como se algo os estivesse aprisionando, imaginando perigo para sua companheira se apressou mais, materializando-se na sala e olhando todos os rostos, nenhum conhecido, mas seus odores dizendo suas linhagens e aquilo era o suficiente para Gaspar, especialmente quando a procurou... Sim, as cores vieram, as emoções também, como uma batalha ha muito esperada. 

Ela sorriu quando o viu e entrelaçou os dedos na altura do abdomen. Havia algo diferente nela, os olhos eram dourados como os Savages,mas seus cabelos eram de um tom acobreado claro, algo entre o loiro e o vermelho, haviam sardas em suas faces e uma pinta abaixo do olho esquerdo.

- Como esperado, aquelas três tolas fizeram o seu trabalho suficientemente bem para localizarem o meu rastro até aqui, felicito-me em te reencontrar Gaspar Belendrake. Sente-se, terei uma reunião com o herdeiro de nosso príncipe e apesar de alguns estarem a distância, sei que as notícias chegarão a eles ainda essa noite.


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⏰ Last updated: Jun 03, 2016 ⏰

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A Queda de seus CoraçõesWhere stories live. Discover now