Capítulo 1

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"Sienna!" Oiço uma voz aguda chamara enquanto me baixo para apanhar os bagos de arroz que a criança, anteriormente sentada nesta mesa, deitou para o chão.

Realmente eu não percebo porque todos os dias eu enho que ficar aqui até ais tarde só porque a Dona Anna tem dores de costas e não pode apanhar a comida do chão!

"Vou já!" Grito de volta fazendo a velha maldisposta esperar um pouco mais.

Caminho até ela em silêncio vendo um sorriso rasgado na sua cara cheia de rugas, cuja a idade não perdoou. É a primeira vez que ela sorri esta semana e eu já estou a ficar assustada! A Dona Anna nunca sorri desde que a sua filha Dora morreu, há 6 anos atrás. Ainda com uma cara admirada caminho até ela tentando não deixar nada do que tenho na mão cair.

"Diga Dona Anna." Comecei quando finalmente cheguei ao pé da velha rabugenta. "Precisa de alguma coisa?"

Eu tento ser o mais simpática possível com ela pois é a minha chefe e eu não quero nem pensar em ser despedida, já basta só ter encontrado trabalho num café enquanto eu queria tirar psicologia. Tenho trabalhado para isso e neste momento este trabalho é a única coisa que me dá dinheiro sem ser o pouco que a minha mãe me pode dar.

"Bem...podes ir mais cedo para casa que eu trato do resto! Acabaram de me ligar a dizer que o meu neto vem passar as férias de verão comigo e pensa em vir estudar para cá." Fala sorrindo com os olhos. "Vais ter mais uma ajuda cá no café pois penso que ele não se vai importar de me fazer esse favor. Até amanhã Sienna!"

Fiquei perplexa a olhar para ela. Agora que o seu neto vem para cá já não preciso de fazer tudo sozinha? Isso é tipo um milagre meu deus! Acho que já o adoro e nem o conheço! Bem-dito seja deus que me deus este rapaz para me ajudar, e eu nem sou religiosa!

Finalmente lhe respondi o mais despachadamente possível para ver se chego rápido a casa para ir trabalhar no meu computador. "Até amanhã Dona Anna, um resto de bom dia e dê as boas vindas ao seu neto!"

Dei-lhe um ultimo sorriso de satisfação e sai a correr dali com a minha mala ao ombro. Nem tinha despido o avental e cabei por o tirar pelo caminho. Como a minha casa era a dois quarteirões do pequeno café, pelos vistos também muito famoso, da Dona Anna, eu vou a pé para casa e não preciso de preocupar ninguém para me irem buscar. Ainda faltam 3 meses para eu fazer dezoito anos por isso ainda me falta a carta.

Quando cheguei á minha rua avistei duas figuras femininas inocentes sentadas no chão á porta do meu prédio. Cheguei sorrateiramente ao seu lado fazendo o mínimo de barulho possível e perguntei alto. "As meninas estão á espera do quê?"

Ri quando ambas se levantaram ao mesmo tempo assustadas como se tivessem acordado de um transe.

"Tu estás louca Sienna?" A Luana reclama com a sua voz um pouco mais aguda do que o normal. "Nós estávamos a tua espera para fazermos o trabalho que o professor pediu! Lembraste?" Controlou um pouco o seu tom de voz desta vez.

"Calma meninas eu tenho tudo controlado! Já pensaram em mandarem uma mensagem primeiro?" Propus abrindo a porta do prédio e permitindo as suas entradas.

"Nós mandamos!" Contrapôs a Sara.

Liguei o meu telemóvel que aparentemente se tinha desligado enquanto eu trabalhava e verifiquei que tinha ficado sem bateria. Agora só tenho de encontrar o carregador que é muito provável estar no quarto do meu irmão, porque ele tem sempre mil e uma coisas a carregar ao mesmo tempo e depois vai buscar os meus carregadores.

"DYLAN!" Grito fazendo a minha voz ultrapassar todas as paredes existentes nesta pequena e simpática casa. "O meu carregador?" Pergunto mais calma quando chego á porta do seu quarto abrindo a porta sem bater e vendo o meu irmão sentado ao computador a jogar. Ele é tão previsível! Está sempre a fazer a mesma coisa.

"O que é que eu te disse sobre entrares no meu quarto sem permissão?" Resmunga tentado fazer uma carranca com a sua cara fofa para mim.

"E o que eu te disse sobre – eu não quero saber do que me dizes apenas dá-me o carregador?!" Ignoro a presença das minha migas atrás de mim a assistir ao show todo entre irmãos e avanço até ele para lhe fazer cocegas, mas este vira-me na cama e prende-me as mãos.

"Apresento-vos mais uma tentativa falhada da minha irmã a tentar fazer-me cocegas!" Ri para as duas raparigas paradas á frente do seu quarto esperando a mi há chegada. Elas riem para ele como se tivessem visto um modelo internacionalmente famoso. Queridas ele é apenas o meu irmão de 19 anos que só sabe fazer porcaria!

"Vá Dylan, não tenho tempo! Preciso de ir fazer um trabalho de final de semestre para entregar amanhã." Agarro-lhe nas mãos quando ele não vê e viro-o desta vez para baixo de mim. "Não és o único que se sabe defender aqui maninho!" Deito-lhe a língua de fora.

O molengão levanta-se e caminha calmamente ate á sua secretária tirando de lá o meu carregador de iphone branco. "Obrigada!".

"Não, não. Não é obrigada que se diz pequena, é – Obrigada meu rei, meu lindo maninho, hoje eu encomendo pizzas para o jantar!" Brinca mexendo as sobrancelhas para mim fazendo-me rir.

"Se queres pizzas encomenda tu! Eu-fazer-trabalho-com-elas-agora!" Falo e saio do seu quarto desejando poder comer as pizzas neste momento que eu não almocei e já estou a morrer de fome. "Então meninas já sabem o que vamos fazer?"

"O professor pediu para nos darmos uma hipótese de solução para vários problemas agora só temos de escolher um e depois ele vê qual foi a solução melhor e avalia-nos assim." Revela a Luana lendo o que tinha escrito no caderno.

"É isto que me faz faltar às aulas, não apanho nada da matéria e ainda fico sobrecarregada com os trabalhos." Sento-me na cama ficando com uma postura que me permita escrever no caderno o necessário. "Então quais são os problemas?"

"1º - Uma rapariga que perdeu a mão á dois anos e desde então não fala. Está entregue ao tribunal de menores e não tem para onde ir se não a casa do avô o qual exercia violência doméstica na sua mãe, mas nunca foi preso." Ela faz uma cara de preocupação esperando não conhecer ninguém assim. A verdade é que nós temos de estar preparadas para os mais variados problemas. "2º - Um rapaz que era amigo de um outro rapaz que morreu caindo de umas escadas do supermercado enquanto ambos brincavam. Parece que este rapaz provocou a queda do morto e está deprimido deste então. É alcoólico e drogado."

"Desse eu não quero fazer, como esse problema se resolve connosco? Tem que ser enviado para um centro de reabilitação a mando de familiares e voluntariamente vendo que já é maior de idade." Contraponho, acho que conseguimos fazer um trabalho melhor com outros problemas do que com este propriamente dito.

***

(passado 2 horas)

"Acabamos!" Gritei contente depois de passar duas horas de volta do mesmo problema. Acabamos por escolher o primeiro depois de vermos que os outros eram demasiado fáceis e conseguíamos soluções rápidas.

Se eu já estava com fome agora estou faminta, preciso de nutrientes, vitaminas, gordura, açúcar e porcarias no meu organismo se não sou capaz de desmaiar. Espero que o meu irmão já tenha encomendado as pizzas porque as meninas estão quase a ir embora e eu tenho muita fome.

"Bem...nós vamos embora. Ficas bem?" Pergunta a Sara reocupada pelo facto de eu hoje estar só com o meu irmão e saber que só fazemos porcaria juntos

"Fico a minha mãe também já deve estra a chegar se não foi dormir em casa do David, mas nós ficamos bem já somos crescidos!" Afirmo duvidando da minha ultima frase. "Obrigada por virem fazer o trabalho até amanhã!"

Enquanto elas caminhão para a porta já se faz sentir o cheiro a pizza acabada de fazer e eu suspeito que ele não deve tê-las vindos buscar á muito tempo. Caminho até á cozinha encontrando um convidado desconhecido aos meus olhos.


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