• A desejada •

•18•

Chegamos na casa da Deuma e encomendamos muita comida antes da mãe dela ver o estrago que fizemos no carro claro , ou ela não pagaria . Deuma decidiu deixar o carro na garagem para a sua mãe não o ver , assim ficaríamos em paz . Tentamos entrar nas pontas dos pés para a mãe dela não notar a nossa presença mas foi inútil.

- E o que estão a fazer as meninas em casa essa hora ? Não deviam estar  no colégio?- Pergunta desconfiada e a Deuma vai até a mãe e pega nos seus ombros.

- Calma senhora Garcia , o professor hoje não veio e nós saímos mais cedo , Além disso ... A Amy vai dormir aqui - Diz rapidamente e eu aceno com um sorriso forçado na cara .

- Sabes que eu adoro esse sorriso forçado não sabes ? Além disso estou feliz por dormires aqui hoje e  não naquela casa sombria - Diz a senhora Garcia ao apertar-me as bochechas.

- Obrigada senhora Garcia - Digo e ela vira-se rapidamente.

- Só podias ser tu . Não sei como é que ainda tens a coragem de chamar-me de senhora Garcia , sabes que podes chamar-me de Ana , é muito mais fácil - Diz com as mãos na cintura e começamos a conversar sobre algumas coisas , até a Deuma aparecer .

- Mãe ... Ela é minha , não tua - Diz Deuma ao puxar a minha mão e eu aceno . A noite correu bem , nos divertimos muito e vimos vários filmes , mas quando a Deuma deu conta que já era o meu dia fez um escândalo enorme . Mas enfim , acabamos por dormir um pouco tarde , mas quando eu estava a dormir, senti alguém chamar-me no meu sonho , uma voz feminina que dizia ...

Vem para o jardim , estou ansiosa por conhecer-te , desce , desce , vem ao meu encontro.

Acordo rapidamente , mas sonolenta, é como se eu estivesse hipnotizada , e desço até o grande jardim e quando chego lá , não sei bem o que fazer , e sinto algo a enrolar-se nas minhas pernas , olho para baixo e vejo uma grande cobra preta enrolada nas minhas pernas , que aperta cada vez mais , tento tocar mas não consigo porque tenho medo e olho para todos os cantos a procura de algo e vejo uma mulher de vestido comprido passar entre as árvores indo-se embora e sinto a cobra ser puxada do meu pé , olho e vejo o mesmo homem do carro que agarra-me pelos braços e diz ...

- Não voltes a cair num truque desses , pode ser muito perigoso - Diz e vai-se embora mas eu o puxo pelo braço .

- Não, agora não vais deixar-me nessa inútil incógnita , eu preciso saber o que se está a passar - Digo ao olhar para ele e ouvimos uma porta abrir-se por trás de nós , é a Deuma .

- Não é o que t... - Digo ao olhar para trás e vejo que ele já não encontra-se connosco o que causa-me uma grande irritação .

- Mas o que estás a fazer aqui fora com esse frio ? Ainda por cima apenas com uma calcinha e essa blusa de alças - Pergunta ao enrolar-me numa manta e leva-me para dentro .

- Eu ... Eu não sei - Digo confusa e a tremer de frio .

- Anda , vamos para o quarto . E tenta não descer outra vez ok ? Assustaste-me - Diz ao colocar-me na cama e eu apenas colaboro , estou chocada com tudo que tem acontecido . Aconchego-me na cama e tento dormir , mas não consigo pregar o olho , giro de um lado pro outro e nada , a noite foi toda assim e dou-me conta que já são horas de acordar . Levanto-me e vou para o quarto de banho , deixo a Deuma a dormir porque ainda há tempo , mas oiço o grito da Ana e a Deuma acorda e sabemos o porquê do grito " O CARRO " olho para a Deuma e lanço-me rapidamente pra cama e ambas fingimos que estamos a dormir, já passou algum tempo e nenhum sinal da Ana no quarto para gritar connosco . Desconfiadas , descemos e vamos até o lugar onde a senhora Ana encontra-se , e sim , está mesmo na garagem , aproximamos-nos da Ana e ela continua parada a olhar para o chão e quando desço os meus olhos quase que vomito , até porque a Deuma já vomitou ; É uma cobra cortada em pedacinhos e cheia de moscas em cima , e consigo aperceber-me de que é a cobra de ontem e que com ela escreveram uma mensagem " EU VOU APANHAR-TE " .

- Mas mãe , quem fez isso ? E pra quem é essa mensagem?-Pergunta Deuma ao despertar a minha atenção e da Ana .

- Não sei querida , vamos sair daqui , deve ser uma brincadeira de mal gosto , sabem como são estes meninos de agora - Diz Ana ao tirar-nos de lá e vamos para a cozinha .

- E quem vai limpar essa porcaria ? Se quiserem eu vou - Digo ao pegar a pá e uma vassoura , mas a Deuma arranca-mas da mão .

- Estás louca ? Aquele bicho pode ter doenças - Diz Deuma e eu olho para ela com um sorriso na cara .

- Isso é o que dizes Sempre Deuma - Digo e ela revira os olhos .

- Mas desta vez ela está certa querida . Senta-te que eu vou chamar alguém para limpar - Diz Ana e sou obrigada a sentar . De certo modo , sei que aquilo foi pra mim , e não consigo para de pensar no que aconteceu hoje de madrugada. Ana volta e começa a fazer o pequeno almoço , umas panquecas deliciosas .

- Andem , agora comam e preparem-se . Ah , a Deuma contou-me que conseguiu convencer-te a ir a uma festa - Diz Ana como se estivesse orgulhosa .

- Ahmm , quanto a isso , é que co...- Sou interrompida pela Deuma .

- Não vais aproveitar-te do momento , porque tu vais comigo e prometeste - Diz quase em cima de mim .

- O quê? Eu não prometi nada - Digo revoltada .

- Prometeste sim , mas não importa porque vais a bem ou a mal - Diz com o dedo na minha cara e eu reviro os olhos .

- Ok idiota - Digo e subimos para nos vestir , e aí ouvimos outro grito , esse sim é o do carro .

- MENINA DEUMA PATRÍCIA GOMES GARCIA , passa já aqui - Grita a Ana e eu prefiro ficar no quarto a preparar-me e depois a Deuma sobe também .

- Então ... Como correu ?- Pergunto e ela deita-se na cama .

- A mesma coisa , eu tentei explicar mas ela não deixou - Diz ao entrar no banheiro para tomar um banho demorado . Acho que hoje vamos chegar atrasadas outra vez . Deuma acaba de fazer o que tem de fazer e vamos logo pro colégio, mas a pé , porque a Ana deu um castigo .
Chegamos no colégio e nenhum sinal da Rose .

- Então meninas , hoje conto com vocês na minha festinha - Diz Kendra ao fazer um "pip " no meu nariz, mas ela apercebeu-se de que não devia fazer aquilo por causa do meu olhar .

- Sim claro , nós vamos - Diz Deuma e vamos embora , o dia foi de um certo modo ... Bom , hoje não tinha ninguém a chatear-me e não encontrei bilhetes idiotas no meu cacifo . Enfim ... 18 anos .

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