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  "E o som da trombeta era cada vez mais forte... 

(Êxodo 19:19)"

⁠⁠⁠Vagarosamente me abaixo contra o chão. Meu coração bate acelerado. O medo se torna presente, gritando sem parar que é uma péssima ideia o que estou preste a fazer, no entanto, minha curiosidade fala mais alto.

Essa escuridão profunda só serve para me perturbar ainda mais, é como se ela estivesse sido ocasionada propositalmente. Entretanto, eu me encontro sozinha em um pequeno cômodo de quatro paredes, é impossível ter mais alguém aqui.

Minha imaginação trabalha em uma velocidade fora do normal, contudo, me recuso a acreditar nas coisas surreais que ela insiste em apontar.

Não estou em um filme de terror, onde, possivelmente, sairia um mostro horrendo louco para arrancar a minha cabeça ou talvez beber o meu sangue.

Balanço minha cabeça em negação e coloco o meu braço ainda mais debaixo da cama. Ignoro o frio na espinha e tento me concentrar em encontrar o livro. Minha mão apalpa algo gelado, posso sentir uma respiração perto de meus dedos. Fecho os meus olhos e o ar de meus pulmões desaparecem juntamente com a minha coragem, tento colocar a mão em cima da coisa, porém a luz se acende repentinamente me fazendo pular para longe.

Sinto algo escorrer em meu rosto, passo minha mão esquerda em cima do líquido e vejo que é o meu suor. Aos poucos meu coração volta aos seus batimentos normais. Me ajoelho perto da cama e levanto a manta. Porém, não vejo nada, somente o livro que se encontra intacto. O pego hesitante e me sento na beira da cama.

Eu só posso estar ficando louca, ninguém tocou o meu braço e não tem mais ninguém nesse quarto, a não ser eu.

Coloco o livro sobre a penteadeira e me deito. Deixo a luz do abajur acesa por alguns minutos ou talvez horas. Depois de uma grande luta contra o meu sono, desligo a luz e adormeço.

(...)

Sinto o sol em meu rosto, invadindo pela janela do quarto enquanto meus olhos se abrem lentamente ainda se acostumando com a claridade presente.

Abro a boca de uma maneira preguiçosa e estico meu corpo ao máximo tentando mandar o recado que já está na hora de acordar.

Olho rapidamente para o relógio e tomo um susto ao constatar que horas são. Salto da minha cama e corro para o banheiro fazer minha higiene matinal.

Saio de casa apenas com uma maçã. Apresso o passo para chegar antes do portão da escola se fechar. Entro no colégio um pouco cansada pela noite mal dormida. Observo Pandora com um imenso sorriso estampado no rosto.

- Está três minutos atrasada. – Ela se aproxima.

- O professor está na sala? – Pergunto um pouco sem fôlego.

- Ele ainda não chegou.

- Não acredito que corri atoa! – Sento em uns dos bancos do pátio.

- Então, você leu o livro? – Pandora me olha atentamente com esperança estampado em seus olhos verdes.

- Comecei a ler ontem, mas...

-Mas, o que? Não gostou? – Ela fica curiosa.

-Aconteceu algo? – Ela se senta ao meu lado.

Recordo dos acontecimentos da noite anterior e um arrepio percorre pela minha pele. Engulo seco e tento acreditar que é apenas coisa da minha cabeça.

- É bobagem. – Disfarço – Estou muito exausta ultimamente e isso está me afetando.

- Continua tendo aqueles pesadelos?

A Última ProfeciaOnde histórias criam vida. Descubra agora