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Sequei rapidamente as lágrimas. Não! Eu não ia chorar por causa dele. Ele não vale a pena.
Senti minha garganta seca. Levantei, passei a mão no cabelo para organizar, peguei um chinelo do Matheus e saí do quarto descendo as escadas.
O número de pessoas tinha diminuído um pouco mas a animação era a mesma. Fui até a cozinha desviando o olhar de um casal que se agarrava por lá. Peguei um copo e enchi de água. Meu celular vibrou em minhas mãos. Mensagem da minha mãe. Li a mensagem enquanto andava. Se eu estivesse prestando atenção no caminho, com certeza teria visto o chão molhado e teria desviado ao invés de escorregar com os chinelos enormes do Matheus e a água que estava no copo acabar indo pra cima do casal. No cabelo dela.
Ela deu um grito tão fino que tive pena do garoto com ela. Não tinha visto ainda quem era.

- Você tá louca?

A loira oxigenada perguntou com uma voz enjoada. Reparei nela. Uma saia que só cobria a calcinha, uma blusa - se é que aquele pedaço de pano pode ser chamado assim - que deixava sua barriga de fora. Por um segundo, não, uma fração de segundo fiquei surpresa por ver que ela estava se agarrando com Leandro.

Larissa: Ops! Desculpa a chapinha foi cara? Leandro paga outra quando resolver se divertir com você de novo.

Usei o tom mais dissimulado que tinha pra dizer isso, e ri por dentro com o olhar de ódio que ela me lançou antes de sair pisando duro para longe.

Leandro: O que pensa que está fazendo?
Larissa: Pois é, o mundo dá voltas.

Pisquei um olho e sorri maravilhosamente saindo da cozinha.
Por dentro eu estava fervendo de raiva.
Avistei Carla em um canto com Lucas, os dois acenaram para mim. Fui até eles.
Carla era a minha melhor amiga desde que éramos crianças e Lucas, o namorado dela, era melhor amigo do Leandro. Mas pelo menos ele tinha juízo e maturidade o suficiente, diferente de certas pessoas.

Carla: O que foi aquela briga com o Leandro e aquele garoto?

Eu sabia que essa seria a primeira coisa que ela ia falar.

Larissa: Explico melhor amanhã.
Carla: Tá, mas quero saber tudo.
Larissa: Sim senhora!

Lucas riu.

Carla: Então... Por que está irritada?
Larissa: Não estou irritada.

Menti.

Carla: Sinceramente já te conheço muito bem pra saber que você está sim, irritada e que essa irritação tem nome e sobrenome. O que ele fez?
Lucas: Ele quem?

Perguntou confuso.

Carla: Ninguém amor. Então Larissa, o que ele fez?
Larissa: Amanhã a gente conversa. Prometo.

Sai de lá sem esperar ela responder. Poxa! Eu era tão transparente assim? E tudo por culpa dele!
Entrei no quarto do Matheus batendo a porta com força.

Matheus: Nossa! Quem foi a vítima da vez?

Percorri o olhar pelo quarto até encontrar ele atrás da porta do guarda roupa procurando uma camisa.

Larissa: Um idiota que não vale a pena pronunciar o nome.
Matheus: Deixa eu adivinhar... Meu irmão?
Larissa: Tem outro, Matheus? Não, não tem outro!
Matheus: Quer continuar falando dele ou vai me ouvir?

Fiz uma cara de brava mas em seguida dei risada.
Como se eu me importasse com o Leandro.

Larissa: Fala seu chato!
Matheus: Chato? Só por isso eu não conto.

Respirei pegando uma almofada e jogando nele que a pegou rindo.

Larissa: Vou contar até três. Três!
Matheus: Acho que você deixou dois números no caminho.

Revirei os olhos.

Larissa: Okay, você venceu. Para de suspense e me conta.
Matheus: Fiquei com a Lorena.

Ele me olhou com expectativa. Fiquei alguns segundos absorvendo a notícia antes de me jogar nos braços dele. Matheus gostava da Lorena bem antes da extinção dos dinossauros.

Larissa: Até que enfim! Já estáva na hora. Vou adorar ter ela como minha cunhadinha. Pelo menos você tem bom gosto. Posso ser a madrinha do casamento?

Nós rimos.

Matheus: Pode.

»»»»»»
Não consegui fechar os olhos. Ao meu lado, Matheus dormia profundamente. Eu observava as paredes de seu quarto em uma tentativa de pegar no sono, mas só consegui ficar mais entediada. A música já tinha sido desligada a um bom tempo e tudo estava silencioso. Levantei sem fazer barulho para não acordar Matheus e saí do quarto. Fui para a cozinha, e bebi água já que da última vez que tentei, o copo quase foi parar na cabeça da oxigenada.
Com o celular em uma mão, atravesei a sala de estar abrindo a porta transparente e grande para a área da piscina. Sentei em uma espreguiçadeira e tentei achar alguma coisa de interessante para fazer no celular.
Um calafrio percorreu meu corpo mesmo a noite estando quente. Senti que estava sendo observada.
Olhei para os lados e não vi ninguém.
Relaxa Larissa, não tem ninguém, falei pra mim mesma.
Levantei incapaz de ficar parada e fui até a borda da piscina. Olhei meu reflexo pela água que quase não se mexia.

- Búú!!

Pulei de susto e quase cai na piscina. Quase, mas as mãos fortes do autor do meu susto me seguraram. Leandro.
Me afastei com a respiração acerelada.

Larissa: Você de novo? Parece que adora me irritar!
Leandro: Talvez. Você se irrita tão fácil que chega a ser engraçado.
Larissa: Por que você é tão... Idiota?
Leandro: Se eu sou idiota, você é insuportável.
Larissa: Babaca!
Leandro: Infantil!
Larissa: Como se você fosse muito maduro.
Leandro: Mais que você.

Eu ri irônicamente.

Larissa: Se toca idiota, você é só um ano mais velho que eu.
Leandro: E mais alto.
Larissa: Grande coisa! Idiota, imbecil, ridículo!
Leandro: Chata!

Nos encaramos por segundos que pareceram uma eternidade para mim.

Leandro: Linda.

Ele falou se aproximando. Fiquei paralisada sem acreditar.

Larissa: O que?
Leandro: Chata, infantil, insuportável, mas mesmo assim, é a mais linda que eu já vi.

Meu mundo parou. Agora ele estava bem perto de mim. Perto o bastante para que eu não achasse que estava louca e para sentir o forte cheiro de bebida e perfume. Perfume de mulher.
Ótimo! A única "declaração" da minha vida é feita por um bêbado que cheira a perfume barato.
Me senti enjoada e com raiva. Muita raiva. Sua mão passou por minha cintura juntando nossos corpos e eu o empurrei para longe de mim.
Não sei se por efeito da bebida ou minha força, ou os dois, mas ele se desequilíbrou e caiu na piscina. Não fiquei mais calma com isso.
Ele emergiu da água com os olhos fervendo de raiva.

Larissa: Fica aí! Talvez você cure sua ressaca. Chama suas amiguinhas piranhas, assim você não se sente sozinho.

Leandro: Vai pagar por isso Larissa!
Larissa: Vou esperar sentada, em pé cansa.

Dei meia volta e entrei de volta pra casa. Deitei ao lado de Matheus novamente. As palavras dele ficavam rondando minha mente como se tivessem algum valor. Mas mesmo tentando afastar essa imagem, foi idealizando seus olhos que adormeci.

»»»»
Oii gente! Gostaram do capítulo? Estamos pensando em postar una vez por semana, talvez no sábado ou domingo. Se gostaram, é muito importante pra gente que vocês deixem sua opinião, sugestões, críticas, etc... Até o próximo! Beijos.

Lari, Ma.

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