Fênix Lee não dormia á três dias, seus olhos pesavam enquanto assistia um canal de culinária na sua TV, sentado no sofá em seu quarto. Quando se tem insônia você nunca está realmente dormindo e nunca está realmente acordado, olhou para seu celular, três e meia da madrugada e nem resquícios daquilo que ele costumava chamar de sono, um barulho o fez acordar de uma espécie de transe e rapidamente se levantou, mas percebeu que foi somente o gato, que derrubara uma pilha de latas de refrigerante em um canto do quarto. Bufando chateado por ter levantado de sua posição aconchegante caminhou para o banheiro, lavou o rosto e observou seu reflexo no espelho do armário da pia, estava horrível. Tinha 17 anos, mas a aparência era de um velho cansado, a barba começara a crescer o suficiente para seu rosto envelhecer mais dois anos e o cabelo que um dia fora castanho agora estava escuro e bagunçado, sua tatuagem no braço esquerdo (um dragão com escamas vermelhas e verdes) crescera mais alguns centímetros, as olheiras eram tão grandes que não pareciam somente três dias sem sono, mas sim três anos. Decidiu tomar um banho para ver se melhorava a aparência horrível, a água caía do chuveiro em seu corpo e foi a decisão mais relaxante que Fênix fez. Saiu do banheiro enxugando o cabelo, e percebeu o quanto seu quarto era grande.
O Quarto de Fênix era o cômodo mais escondido e bem guardado do castelo inteiro, somente ele e seu gato preto (que ele chamava somente por “Bichano” ou “Gato”) sabiam como chegar até ele, o quarto não só poderia ser guardado dessa maneira como deveria, Fênix usava coisas mundanas em seu dia a dia, tecnologia mortal que era rejeitada em seu reino (o que Fênix achava muita burrice já que eram tecnologias úteis e que seriam muito bem aceitadas pelo povo). Fênix nunca fora um rapaz organizado, somente organizava aquilo que gostava, ou seja: suas armas, seus livros, vídeo games e seu computador. O quarto era grande o suficiente para ter um compartimento secreto (onde guardava seus bens mais preciosos como presentes de seu pai e armaduras raras), uma saída de emergência e uma varanda com vista para o reino todo com uma magia de ilusão que não permitia que os outros o vissem observando tudo e todos. Fixados em uma parede estavam suas armas de fogo e armas brancas (que vão desde pistolas a rifles de precisão e uma grande gama de espadas samurais, katanas, tantôs e espadas ninja) todas polidas e impecáveis, ao lado estavam suas armaduras de combate (coletes a prova de balas, armaduras samurai, trajes de camuflagem), em outra parede do quarto existiam duas estantes cheias de jogos e outras duas cheias de livros e no centro de ambas uma TV de LED enfrente ao sofá (onde Fênix passava maior parte do tempo).
Fênix ficou ali observando seu quarto por uns minutos:
- Tenho que polir aquela Desert Eagle... – Disse olhando para a arma na parede.
Aproximou-se de seu guarda roupa e escolheu uma camiseta de manga longa, uma calça jeans e sua jaqueta marrom, pegou sua carteira de cigarros e seu isqueiro encima do rack de seu computador e foi até a varanda. Era inverno no Reino de Fánróng (ou como viajantes costumavam chamar Prosperity), o garoto se escorou no parapeito da varanda e acendeu um cigarro.
- Não consegue dormir, garoto? – Perguntou o Gato pulando no parapeito e sentando-se encarando Fênix que não se assustou nem um pouco. Fênix nunca quisera o Gato o Gato é que quisera Fênix, desde criança o Gato falava com ele e muitas das vezes fora sua única companhia, todas as passagens secretas e portas invisíveis existentes naquele castelo foram ensinadas pelo gato que se esgueirava por qualquer canto, Fênix descobrira seu quarto por acaso durante suas voltas pelo castelo.
- Sim... Ta ficando cada dia pior... – Disse Fênix depois de dar uma longa tragada no cigarro.
- Sabe garoto, eu te conheço a muito tempo e até hoje não sei o por que você usa um isqueiro – Fênix riu.
- Estilo gato, estilo... – Gato se referia ao poder incendiário de Fênix. Todos os Lee tinham sangue de dragão correndo em suas veias, sangue nobre e puro, mas alguns tinham também o fogo dos dragões, o que poderia ser considerado como dádiva Fênix considerava como maldição, sua tatuagem era algo normal entre sua família, seu pai tivera e o pai de seu pai também, ela se transforma de uma simples marca de nascença e a medida em que o Lee cresce sua tatuagem e seu poder crescem juntos. Mas todo esse poder tem uma conseqüência, é o poder de um dragão aprisionado em um corpo humano, isso acaba matando os Lee por dentro, por isso Fênix fuma, foi a opção mais simples e fácil que seus ancestrais encontraram de conter o que eles chamam de A Chama Incessível, tragar um cigarro feito de ervas especiais e sem substâncias de um cigarro humano, um cigarro que não mata, mas sim prolonga a vida de um Lee.
- Fênix, eu conheço sua expressão de preocupação rapaz, o que está sentindo? – Disse o gato serio.
- Se eu soubesse com certeza já teria dado um jeito gato, eu tenho um pressentimento muito ruim de que algo aconteça ao reino, mas já chequei todas as possíveis ameaças! Os bárbaros estão na costa leste partindo em busca de uma cura para queimadura que deixei em seu chefe, os bandidos estão se recuperando (o que vai demorar bastante, diga-se de passagem) depois da tentativa de invasão mal sucedida, os demônios foram expulsos de volta para O Buraco... Nenhuma ameaça visível... Eu realmente não entendo gato...
- Você já fez muito por esse reino Fênix, já lutou tantas guerras e tem apenas 17 anos, você precisa se distrair! Faz quanto tempo que não vai ao seu querido mundo humano?
- Acho que faz uns dois meses, em busca de informação...
- Já esta na hora de passar lá de novo – Disse o gato se espreguiçando – Chame seu amigo, vá em busca do que você quer encontrar, é o que você sempre fez! – Depois pulou do parapeito para fora da varanda e sumiu da vista de Fênix.
- Acho que ele está certo. – Disse Fênix voltando para o quarto e sentando-se em sua cadeira de escritório com rodinhas, agarrou o celular e enviou uma mensagem.
- Agora, onde está aquela Desert Eagle que eu tenho que limpar... – Falou dirigindo-se ate o arsenal.
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As horas passaram sem Fênix perceber, já eram sete da manhã quando ele terminou de limpar e montar sua magnum, bem satisfeito com seu trabalho na arma colocou-a de volta no lugar onde estava e foi até a cafeteira. Fênix estava tomando um café e fumando outro cigarro quando o telefone tocou:
- Até que enfim! Já está pronto? OK! Chego ai em meia hora, tenho que fazer a ronda no mercado do castelo, até! – Fênix desligou, deu sua ultima golada no café e a ultima tragada no cigarro e foi se arrumar.
Fênix pegou sua espada (uma katana mortal forjada por ele mesmo) e uma Glock G28, suas armas preferidas. Foi ate uma parede e pressionou um dos tijolos que se contraiu puxando outros tijolos mostrando a porta da dispensa do castelo, Fênix nunca entendera a inconstância de seu quarto, ele transitava pelo castelo, sempre mostra uma porta de um cômodo qualquer (como a cozinha ou o quarto real), Gato uma vez disse que o quarto tem sua consciência própria e deixa Fênix o usar, pois gosta do garoto, Fênix já até desistira de tentar entender.
Saindo da dispensa saiu na cozinha onde roubou uma fatia de bolo sem que as cozinheiras o vissem, passou pela sala de jantar real, onde empregados corriam pra lá e pra cá arrumando as coisas e depois pelo salão principal, antes de sair Fênix olhou para o quadro de seu pai na parede enfrente a escada principal que levava ao segundo piso do palácio, a pintura era diferente do pai sorridente que conhecia, era um homem com a expressão séria segurando a espada negra usando uma armadura samurai, tinha cabelos longos e escuros e um cavanhaque que o fazia parecer um vilão, mas era o homem mais bondoso que Fênix já conhecera, podia ver a tatuagem do dragão negro com olhos vermelhos no braço de seu pai, não precisava ler para saber que estava escrito na borda inferior do quadro “Em memória a Marcos Lee O Dragão Negro, único capaz de manipular a lamina negra e o grande protetor de FánRóng, imortal em nossas memórias”, seu pai morrera na grande guerra contra os Wei a familia rival aos Lee, eles tentaram invadir Prosperity em busca de poder e dominação mas graças ao pai de Fênix foram contidos e extintos. Fênix riu para a pintura:
- Bom dia, pai – E abriu a porta para o pátio externo do castelo.
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O Livro Do Fogo O Nascer Das Chamas
AdventureFênix Lee um garoto treinado para ser um guerreiro impiedoso acaba se tornando um rebelde. Transita entre realidades para tentar encontar respostas das quais ele não vai gostar