O Quadro da Morte

1.5K 136 93
                                    

Quadro da morte

17h00m

5/12/2008


Ralf olhou pela fresta de luz de sua janela e acendeu mais um cigarro.

Seu pai estava saindo de casa, estaria indo passar a noite em algum canto, com alguma mulher nova. Não se interessava em saber dessas coisas.

Diana estava deitada em seu quarto, ouvia alguma cd estranho, algum que nunca tinha ouvido antes, presente de alguém que nem lembrava o nome. Passava a mão por seus cabelos cor de cobre e tentava parar de pensar na festa.

Os irmãos desceram para se despedir.

Senhor Whont, com alguns fios de cabelo grisalhos, cumprimentou ambos com um beijo na bochecha direita e passou a mão sobre a cabeça de Ralf.

- Estava fumando de novo? - Resmungou ele.

- Alguém precisa ter câncer no pulmão nesta família, não acha?

- Espero que este alguém seja sua tia-avó, aquela rata ingrata.

A tia-avó já tinha morrido há algumas semanas, aquela senhora era a responsável por parte da falência do senhor Whont. A família não soube da morte e nem gostaria de saber, cortaram as relações em uma briga durante um almoço de família.

Ralf sorriu para o pai e já se virou para entrar novamente. Diana segurou o braço de seu pai e sussurrou.

- Te amo.

Senhor Whont entrou no carro alugado e acenou para a filha que ainda permanecia imóvel aguardando a saída do pai.

****

Helena tinha acabado de sair de seu banho, sua cabeça doía com a ligação que tivera com Ralf na hora passada. Ele tinha sido muito claro que não queria a presença dela na festa, citou até mesmo que as coisas não ficariam legais e preferia evitar isso. Um aviso que a menina ignorou.

Tentou se convencer a ficar em casa, mas queria muito se despedir de Ralf, sabia que não o veria mais, mas resguardava a paixão que tinha pelo rapaz em um pequeno cofre dentro de si.

A menina se colocou em frente ao espelho e tentou tirar as lágrimas do rosto. Começou então a se maquiar. Borrou o rímel duas vezes.

****


Carol Dans já estava a caminho da casa de Diana, queria fofocar com a amiga sobre a noite que tinha tido com Dean e queria começar a beber mais cedo com a companheira. Seus pais levavam ela em um pequeno carro que ainda estava sendo pago a prestações. As curvas que subiam a serra eram tortuosas. As frondosas árvores que cresciam na região cobriam a entrada de luz e os bicos finos dos pinheiros serrilhavam o caminho, como dentes afiados.

- Ainda duvido que os pais deles estarão lá. - Declarou o pai da menina.

- E desde quando acredita em algo que eu falo?

- Depois que começou a namorar aquele sujeito, não acredito em mais nada! - Exclamou. - Veja, sua mãe concorda com isso, ela não gosta nem de olhar diretamente para o Dean. Aquele moleque nem para ter cabelo de homem!


O carro já estava na encosta que subia até a casa dos Whont.

- Eu acho que vocês deveriam tomar mais conta de outras coisas! - Carol falava calmamente, já era acostumada com o estresse dos pais.

- Como por exemplo sua faculdade? Ou pretender ficar mais um ano sem fazer nada?

O carro parou na frente do portão e dos muros altos que protegiam a casa dos gêmeos.

Quadro Da MorteOnde histórias criam vida. Descubra agora