Traficando Sonhos

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Acreditem se quiserem, mas enquanto escrevo essa história, estou sendo injustamente acusado de um crime, por estar no lugar errado, na hora errada. Isso acabou com a minha carreira que ainda nem tinha

***

Era uma segunda-feira de manhã, estava eu, sentado, tomando café, esperando uma ligação para saber se o papel do musical da Broadway que estava sendo produzido seria meu ou não. Estava tão ansioso por esse papel dos meus sonhos que não consiguia nem dormir. Depois de algumas horas de espera, o telefone finalmente tocou.

O tom da voz do produtor não era um dos melhores, e então pude concluir que não haveria boas notícias. Dito e feito. O homem me elogiou bastante, disse que eu havia sido o melhor de todos os concorrentes, mas um ator em especial, por ser famoso e rico, iria ficar com o papel, pois o orçamento da peça estava muito alto e ele iria arcar com uma grande porcentagem dos gastos. Mas não era pra me preocupar, pois eu seria o ator substituto, caso acontecesse algum imprevisto com o esse ator, que acabara havia ganho algo que eu tanto almejava.

Aquela notícia havia me deixado tão nervoso, mas tão nervoso, que não estava nem me reconhecendo direito. Não estava preparado para perder o papel para um cara que nem era bom o suficentr. Mas pelo fato de possuir um certo status, iria ficar com o papel.

Depois de muito tempo desapontado, com uma mistura de ódio e rancor, não foi muito difícil bolar uma maneira de acabar com a alegria daquele ator fajuto. Haviam alguns boatos de que ele seria usuário de drogas, e eu deveria, de alguma forma expor isso de uma vez por todas, para conseguir acabar a carreira dele e conseguir o que era meu por direito, pois nenhum produtor da Broadway iria querer um drogado como ator principal de um musical. Aquilo talvez poderia me tornar uma pessoa ruim? Eu não estava me importando muito.

Foi marcada uma reunião para discutirmos os horários de ensaio e todo o resto. E seria alí mesmo onde eu iria começar a por todo o meu plano de expor seu verdadeiro lado em ação.

Durante a reunião, consegui conquistar a confiança do cara, ele acabou pedindo meu contato para marcarmos uma saidera com, como ele dizia, "O Substituto". Quanta ousadia, além de roubar meu precioso papel, que iria mudar minha vida, ser famoso e rico, ainda zombava da minha cara. O ódio só crescia dentro de mim.

O primeiro passo do meu plano já estava em ação, eu só precisava encontrar alguma forma de filmar ele usando essas drogas ilícitas e publicar na internet, depois disso seria só sucesso.

Não demorou muito até ele me ligar para marcar aquela tal saideira. Me convidou para ir até a sua mansão luxuosa para conhecer algumas amigas de Paris que estavam em Nova York para comemorarem o "meu" papel.

Quando disse luxuosa alí em cima, eu não estava brincando. Uma mansão gigantesca, que pra eu conseguir comprar, teria que viver e morrer algumas vezes, só pra tentar ter um cômodo daquilo. Naquele momento eu não tinha inveja apenas do papel dele, da casa também.

Depois de uma grande quantidade de álcool e charutos, finalmente ele começou a dar indícios de que iria entrar na parte em que eu estava querendo.

O cara ligou para alguém, que minutos depois estava na porta da casa dele. Esse alguém era um negro alto, que entrou e deixou uma grande quantidade de um pó branco sobre a mesa.

O homem nao havia nem saído da casa, quando todos que estavam participando daquela pequena festa, começaram se bater para usarem aquele negócio que eu não fazia ideia do que era e nem estava afim de saber, pois estava alí para fazer outra coisa.

Eu não estava nem um pouco bêbado, na verdade, completamente sóbrio, pois sou muito bom em fingir que estou bebendo, um bom café seria muito bom naquele momento, pois estava um pouco nervoso e precisava relaxar, mas não conseguiria encontrar algo além de alcool para beber.

Quando surgiu o momento perfeito, peguei meu celular e comecei a filmar aquilo tudo. Estava conseguindo um bom conteúdo do uso desenfreado de entorpecentes, quando de repente, as pessoas que estavam consumindo aquilo, começaram a cair no chão, gritando.

Aquela cena, que nunca mais vai sair da minha cabeça, foi horrível, parei de gravar e minha primeira reação foi ligar para a polícia. Quando desliguei o telefone, só pensei em sair de lá para não desse nenhum problema para mim.

Corri para fora da mansão e meu celular acabou caindo enquanto eu fugia. Peguei o primeiro táxi que passou e voltei para casa, desesperado, sem saber o que fazer ou o que estava acontecendo.

No dia seguinte, no período da noite, vi no noticiário, que o ator havia sido envenenado por algum traficante e acabou morrendo juntamente com algumas das outras pessoas que estavam na casa,  também informaram que a polícia havia encontrado um celular no jardim da mansão e que estavam investigando para saber de quem era e qual seria o envolvimento no caso.

Naquele momento eu não escutei mais nada, fiquei branco, não tive nenhuma reação. Só voltei a meu estado normal quando o meu telefone tocou. Eu não queria atender, tinha certeza que era a polícia, minha vida iria acabar a partir daquele telefonema. Não queria ser preso. A intenção de tudo aquilo era só uma filmagem, não um assassinato. Resolvi atender, e pra minha surpresa não era a polícia.

- Alô? - Eu disse com a voz rouca.

- Boa noite, senhor Robert. Infelizmente estou te ligando para informar que, com a morte do ator Chritiano Gonzalez, fomos obrigados a cancelar o musical...

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