Capítulo 3

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Meu pai chegou perto de mim com a mão na cintura, de um modo que seu paletó ficasse para trás. Desvie os olhos dele. Já sabia que ia ganhar um sermão dele e que ele sempre está certo. Mas em vez de falar algo, sentou na beirada da minha cama e ficou me olhando, me encarando de um jeito estranho quando o olhava de soslaio.

Será que está esperando uma explicação minha primeiro? Ou só está me encarando para ver se começo a me desculpar por quase quebrar as regras. Antes do noivado não era assim, era até liberal, - quando minha mãe não estava em casa- agora, noivo de Nayra, de uma hora para outra, ele passou a por regras em casa, tudo para estragar meu namoro.

Pensando bem... Eu e Nayra nem namorados fomos! Talvez seja por isso que meu pai esteja assim, fazendo de tudo para nós separar. Eu nem gosto dela... Só na cama. Ela me deixa louco! Mas fora isso. Amor mesmo, nunca senti por ninguém... Além de Alice.

- Pode começar o sermão!- disse bufando.

- Não vou dar sermão, só quero que pare de agir como criança, e termine com ela de uma vez!- disse ainda me olhando fixo, sem nem desviar.

- Mas... Ela me dá um prazer sobrenatural, eu gosto disso.- confessei.

- Qualquer uma dá, - olhou para sua mão- mas... - Franziu a testa- quando fizer por amor, vai ver que isso não é nada... Nada mesmo!- disse me olhando, então sorriu.

- Já passou por isso?- perguntei.

- Já...- riu- encontrei a mulher perfeita para mim e estou com ela até hoje.- comentou.

Sorri para ele, mas logo fiquei sério ao pensar no meu futuro com Nayra. Como meu pai sempre diz para mim "Prazer é apenas por um momento, quando vira hábito, nem prazer sentimos mas!". Meu pai! Sempre sabido das coisas.

- Tudo que é demais,- levantou ele falando- não presta!-diz.

- Ok, senhor sabichão.- Sai da cama e o abracei.

...

Descemos para a sala, onde todos se encontrava, menos Alice, já tinha ido embora depois de ser derrubada da cadeira. Assim disse sua mãe quando perguntei por ela.

Peguei no braço de Nayra mais uma vez e a levei para fora desta vez. Soltei-a assim que encostei no carro do meu pai. Nayra tentou me beijar, mas eu desviei a cabeça. Ela ficou um pouco recentida, mas eu não podia fazer nada, era o meu futuro que estava em jogo. Viver infeliz não estava na minha listas de desejos para o futuro. Então fui curto e grosso.

- Me perdoe mas...- tirei a aliança do meu dedo- Não dá para continuar com você.- coloquei a aliança no bolso.

Os olhos de Nayra encheram-se de lágrimas. Sua expressão mudou para triste e arrasada ao mesmo tempo. Não podia fazer nada sobre isso. Estarei poupando a infelicidade dela também.

- Está de brincadeira... Não é? - Perguntou tentando por um sorriso em seus rosto.

- Não estou brincando...

Nayra me interrompeu com um tapa no rosto. Doeu demais. Mas sei que nela, estava doendo o dobro. Apenas olhei para ela com uma fúria que cresceu por causa de seu tapa e disse:

- Melhor ir embora, antes que eu perca a cabeça.

Não hesitou e saiu correndo, chorando pela rua deserta. Respirei bem fundo, antes de entrar para dentro de casa, não queria descontar a raiva na minha família. Assim que olhei para o lado, para a porta, vi meu vô saindo por ela e vindo até mim.

Parou do meu lado e ficou vendo as estrelas em silêncio. Homens sabe quando o outro precisa de companhia e quando não precisa. Neste momento, estou precisando, mas não estava afim de conversar.

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⏰ Última atualização: Jun 27, 2016 ⏰

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