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A primeira coisa que senti foi frio: uma sensação gélida que parecia abraçar meu corpo.

A segunda foi que meu corpo todo estava dolorido sobre a uma superfície que me pinicava.

Quando finalmente abri os olhos, vi um céu cinzento que despejava neve sobre mim; olhando ao redor, notei que estava bem longe da cidade: estava cerca por pinheiros cobertos de neve.

Devagar, sentido cada músculo arder, me levantei e tentei não entrar em pânico, mas me controlar estava se mostrando ser uma tarefa difícil.

Onde eu estava? Como vim parar aqui?

Foi então que flashes sobre a mulher de cabelos compridos me vieram a cabeça.

Eu devia estar ficando louca, essa era a única explicação para tudo que aconteceu.

Isso, eu estava louca e agora estava dentro de um sonho.

- Acorde Sara, acorde, vamos – disse para mim mesma enquanto beliscava meu braço.

- Partiria o coração de sua mãe vê-la se mutilando dessa forma, menina – ouvi a voz da mulher que outrora havia me chamado em minha loucura na cidade.

Avancei devagar entre as arvores até que a achei apoiada em um tronco, com sua mão sobre seu abdômen.

- Está tudo bem, criança. Você está em casa agora, ficará segura, todos a protegeram.

Senti o mundo girando e decidi me apoiar em um pinheiro próximo antes que desse de cara com o chão.

- Meu Deus, isso só pode ser um sonho, tem quer ser- disse baixinho

- Isso é real, Sara. – ela sorriu de forma doce – E, agora, você está mais acordada do que nunca.

- Não, não, não. Você... você é louca, me sequestrou. Olha, seja lá quem você é, você se enganou: se me trouxe até aqui para receber um resgate, perdeu seu tempo. Ninguém vai pagar nada por mim, certo? Eu não tenho família, não tem para quem você pedir resgate. Então... por favor, me leve de volta. Prometo não contar nada, para ninguém, sobre você.

Mais uma vez ela sorriu e pude ver pena em seus olhos.

- Eu não a sequestrei, criança, a trouxe para casa: seus ancestrais, sua família e seu sangue são dessas terras. Seu lugar é aqui.

- Eu não sei do que está falando. Me deixe ir embora, por favor.

Foi nesse momento que seu sorriso se transformou em um tosse pesada e sangue saiu de sua boca.

Por um segundo, fiquei petrificada onde estava. O que devo fazer? Foi então que vi o que a mão da mulher escondia: em seu abdômen, uma ferida grande fazia segue escorrer em seus dedos, se misturando com o tom rubro de seu vestido.

- Estou morrendo, Sara. Sinto muito por traze-la mais cedo para casa.- mais uma tosse – Seus pais ficariam orgulhosos de ver como você cresceu e se tornou uma mulher forte – mais tosses e mais sangue.

Foi aí que um "click" se deu em meu cérebro e eu finalmente me mexi, deixando para trás qualquer receio, medo e frustração, fui até a mulher ferida e comecei a tentar, de alguma forma, estancar a hemorragia.

- Está tudo bem criança, minha hora chegou. Tempos difíceis viram, você precisará de aliados. Nuca confie plenamente em nenhum deles, o herdeiro do sol a protegerá, espere até que ele venha a seu encontro, antes de ir para seu destino. Enquanto isso, Eklov, o príncipe do ar, a protegerá. Nele você pode confiar, mas apenas nele...

Ela parou de falar mais uma vez, para tossir, mas quando expeliu sangue, um possa se formou ao seu lado, manchando a neve de vermelho.

- Pare de falar, vai perder ainda mais sangue.

Ela colocou sua mão em meu rosto e continuou:

- Quando eles chegarem, você precisa ser rápida, eles atacam primeiro e perguntam depois. Diga, sem parar, que Morgana a trouxe aqui. – Ela tossiu mais uma vez – Estou feliz em ver como cresceu, está tão parecida com sua mãe... e tem... a bondade de seu pai... Eles estariam... orgulhosos de você... fique com isso... ele te alertará sobre o perigo... tome cuidado... Sara.

E com isso, o brilho deixou os olhos de Morgana.

Minhas mãos, machadas com seu sangue, ainda continuavam sobre seu ferimento quando seu corpo simplesmente começou a se desfazer em cinzas.

Atônita, me afastei para trás enquanto via as cinzas serem levadas pelo vento fraco que passou a soprar.

Mas que merda esta acontecendo?

Que lugar era esse? O que ela era?

Senti minha respiração ficar pesada e senti meu coração batendo rápido em meu tórax.

Abracei minhas pernas para tentar me acalmar, mas tudo foi por água abaixo quando ouvi o trotar de cavalos ao meu lado.

Em cima de um garanhão Shire albino, encontrava-se um rapaz que parecia estar no auge de seus 23 anos, seus cabelos, assim como sua pele, eram tão brancos quanto a neve que caia a nossa volta; ele usava uma combinação de couro com um tecido verde que grudava em seu corpo como uma armadura.

Ele parecia ter saído diretamente de uma pintura.

Mas todo o encantamento acabou assim que notei que ele segurava um arco, já pronto com uma flecha, apontada diretamente para meu coração.

- Eu...- fui dizendo mas parei assim que vi que o arqueiro puxou com mais força o elástico.

Então, subitamente comecei a fazer o que Morgana me disse:

- MorganametrouxeaquiMorganametrouxeaquiMorganametrouxeaquiMorganametrouxeaqui...

Continuei repedindo até que ele abaixou seu arco e disse:

- Isso é impossível...

Então, a seu lado, outro cavalo parou, trazendo consigo um cavalheiro típico de filmes medievais: o homem muito alto, que desceu de sua montaria, usava uma armadura prata com fios de ouro espalhados por toda sua extensão; ela cobria seu corpo inteiro, deixando apenas seus olhos, que apenas possuíam o preto da pupila como uma cor distinta do branco, a mostra.

- O que fez com Morgana? – perguntou ele parando em frente a mim.

- Eu... eu não fiz nada, ela... ela me trouxe até aqui... e...

Não consegui terminar de falar pois em menos de dois segundos, o guerreiro prateado havia sacado sua espada e a pressionava rente a minha garganta.

- Esse sangue em suas mãos, é dela. Quer que eu acredite em ti enquanto fede e está coberta de sangue ?

- Ela me trouxe aqui. – disse devagar, com calma, para tentar transmitir mais confiança em minha voz, por mais que as lagrimas estivessem começado a escorrer por meu rosto.- Quando acordei, ela já estava ferida, tinha um corte muito profundo no abdômen. Ela deve ter tido uma hemorragia interna, já que começou a tossir sague. Eu tentei ajudar mas... ela disse que já era tarde demais.

Fiz uma pausa para ver se ela falaria algo mas como apenas o silencio permaneceu, continuei:

- Ela morreu e então... ela... ela... virou cinzas... sei que parece mentira... mas é verdade... eu juro.

Os olhos dele semicerraram e a espada avançou mais alguns milímetros.

- Irmão – disse o homem de armadura de couro- Ela deve estar falando a verdade, sabíamos que esse dia chegaria. Está na hora de cumprimos nossa promessa.

Sua espada avançou mais um pouco e pude sentir quando ela furou minha pele e o sangue escorreu.

Nesse momento, um forte vento atingiu o local fazendo com que, tanto a neve que estava no chão, quanto a neve das arvores, levantassem.

Depois disso, a espada foi abaixada e os dois homens a minha frente se joelharam.

- Sou Eklov, herdeiro do reino élfico do ar e inverno- disse o home de armadura metálica- aquele é meu irmão, Oskäv, segundo príncipe do reino. Será com imensa honra, Filha da Lua, que daremos nossas vidas por sua proteção.

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⏰ Última atualização: Aug 01, 2019 ⏰

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