Capítulo 1 - Nem Tudo São Estrelas

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Leiam escutando Skyscraper - Demi Lovato

De manhã , acordo com os berros da minha mãe me chamando para ir a escola. Chego na cozinha e sento na cadeira para tomar meu café da manhã e parto para o colégio em busca de uma "adorável" aula de francês com a professora Steck e seus verbos. Quando estou indo de encontro ao meu armário , dou de cara com Jane , que é a menina mais popular do colégio , e foi mais ou menos assim que a gente se cumprimentou na hora:

- Só queria que você não tivesse pegado um armário do lado do meu. – Jane disse com aquela cara de quem não fazia questão da minha existência.

- Você realmente acha que eu estou feliz com isso? - eu disse , fazendo um sorriso forçado como aprendi com a Jennifer.

E antes que se perguntem , não , eu não me incomodo com as ofensas da Jane , antes , talvez... Mas agora? Nem pensar , porque se têm uma coisa que eu não ligo é opinião de quem não acrescenta nada na minha vida e também eu escuto essas "ofensas" praticamente todos os dias desde a mudança , então assim , eu simplesmente aprendi a ignorar.

De acordo com a sra. Steck eu tenho que absorver todo o ódio guardado da Jane e transformar em algo que possa me ajudar a permanecer firme como uma "âncora" na escola e na vida para que eu consiga me erguer toda vez que alguma coisa me abater.

Falando da Prof. Steck , ela não é irritante como todo mundo diz , só é muito rigorosa quando se trata de sua matéria com relação aos trabalhos e exercícios de casa que alguns alunos não fazem. Ela faz eles escreverem os verbos no quadro negro. E tenho que dizer que quando eu me mudei pra cá , ela foi a única que se preocupou em me perguntar se eu estava bem com a mudança e que ela entendia como eu me sentia.

Mas voltando ao assunto da Jane 'Pé no Saco' Adams , foi assim mesmo nossa conversa no corredor. Curta e grossa. 

Não consigo entender como meu irmão foi gostar logo dessa garota , não gosto nem de pensar sobre ela ser minha cunhada. Q - U- E  M- E – D – O!

Chego em casa e minha mãe faz a pergunta de todos os santos dias (exceto sábados , domingos e feriados) : - Como foi seu dia na escola? – ela pergunta com um sorriso que vai de uma orelha a outra esperando que algo especial tenha acontecido.

- Foi como todos os outros dias mãe , aula de francês , Jane sendo idiota e almoço no refeitório com a Jennifer e o Jason. – eu digo tentando fugir para o meu quarto – Você sabe que eu amo ficar aqui conversando sobre a escola e o quanto ela é legal , mas eu realmente tenho que estudar pra prova de história geral , senão eu vou acabar tirando um D , e eu realmente não gosto de tirar essa letra como nota em um exame.

- Tá bom filha , vai estudar que eu vou ficar aqui terminando o serviço enquanto seu pai não chega do trabalho – ela disse abaixando um pouco o queixo.

- Tá tudo bem mãe? – perguntei um pouco assustada.

- Tá sim filha , vai lá estudar que daqui a pouco o jantar tá pronto e te chamo.

Eu subi pro meu quarto e fiquei estudando até dar a hora do jantar.

E durante esse tempo eu fiquei pensando em tudo que já aconteceu tanto de bom e ruim e percebi que a Prof. Steck tinha certa razão no que tinha me dito sobre a "âncora" e também pensei no porque da mamãe ter abaixado o queixo na hora que eu disse que ia estudar e eu me peguei pensando se eu tinha feito alguma coisa errada ou o meu irmão e eu lembrei da briga do Aaron.

Dada a hora do jantar , minha mãe veio ao meu quarto e disse que já estava tudo pronto e que era pra eu chamar o meu irmão Aaron que aparentemente não saía daquele quarto nem oferecendo dinheiro (acredite , quando se trata de dinheiro , ele é o primeiro aceitar).

Fui ao quarto dele e o chamei para comer (que também é uma coisa que ele não recusa) e ele nem saiu da cama. Achando aquilo super esquisito , eu fui conversar com ele:

- O que você tem?

- acho que estou doente mana. – fazendo cara de cachorro pidão.

- Aham... sei bem o que é isso. – disse tirando o cobertor de cima dele.

- Juro pela minha vida! – disse quase gritando , pra que todo mundo da casa pudesse escutar.

- Sai logo dessa cama e volta logo a falar com a mamãe , porque o que você fez foi muito injusto.

- Ai que chata , já to saindo – e me deu língua.

- Também tenho uma língua , idiota – (e um dedo do meio também , só não falei pra ele não me dedurar)

Descendo as escadas eu vi meu pai conversando com minha mãe sobre a relação deles dois.

E não parecia ser uma conversa agradável.

Interrompi a conversa deles dizendo o mais óbvio:

- Estou com fome.

- A comida já está pronta querida. – disse ela olhando de lado pro nosso pai.

- Oi filha – disse meu pai , sorrindo , mas eu sabia que era um sorriso falso , não que ele quisesse ser  , só estava tentando omitir o que já estava na cara.

Eles iam se separar.

 E acredite , eu posso estar sendo fria agora, mas eu tive que me aguentar para não desabar e abraçar os dois.

- Oi pai – eu disse. – Como foi o trabalho hoje?

- O de sempre , muitas papeladas pra resolver e muita encheção de cabeça – disse sorrindo , mas dessa vez era de verdade , eu podia sentir.

Minutos depois de meu irmão ter pedido desculpas para minha mãe sobre o incidente na escola , eu finalmente disse tudo que estava engasgado na minha garganta a algumas semanas:

- Eu não pude deixar de perceber que vocês estão muito separados um do outro ultimamente , não assistem mais Grease juntos , e eu sei que vocês amam tanto esse musical que sabem todas as falas de todos os personagens e todas as músicas , não saem mais pra passear no parque – era realmente lindo o jeito que se olhavam quando estavam juntos , mas infelizmente o brilho se foi – Vocês vão se separar , não vão? – perguntei deixando uma lágrima escapar pelo meu rosto e caindo na toalha da mesa. – Não pude deixar de escutar vocês conversando.

- A gente ainda tá pensando sobre isso crianças , mas é bem provável que sim.

- Mas porquê?!?!?! – indagou Aaron quase gritando e socando a mesa.

- Porque o amor é uma coisa para ser sentida , não forçada a alguém.

- Mas isso não é justo!

Aaron saiu chorando e gritando que odiava os dois , mas no fundo só estava magoado com a situação e eu tentei não pensar nisso , mas quando eu subi as escadas eu ouvi o meu irmãozinho chorando e me doeu tanto , mas tanto que quando eu cheguei no quarto e abracei meu travesseiro , não pude evitar as lágrimas encharcando minha cama.

Minha mãe ouviu eu e meu irmão chorando nos quartos e depois que ela foi ver como ele estava , ela bateu à porta e quando me viu chorando , ela tentou me acalmar dizendo:

- Vai ficar tudo bem querida , vai dar tudo certo. – mas não ia.

- Tudo bem mãe , essas coisas acontecem o tempo todo , não é mesmo? - perguntei incrédula.

- Sim. – disse ela , descendo uma lágrima em seu rosto.

- Só não queria que essa "doença" tivesse chegado aqui na nossa família. – disse , soluçando.

- Nem eu , meu amor , nem eu. – disse ela , enfatizando antes de sair do quarto.

Naquela noite , nem meu travesseiro , nem meu copo de leite quente me fizeram dormir.

Amar é definitivamente uma droga.

O Verão Que Me MarcouOnde histórias criam vida. Descubra agora