Capítulo 5

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 Miguel levantou-se no horário de costume. Quase não havia dormido na noite anterior. Revirou na cama até tarde pensando nela. Desde a primeira vez que a havia visto afeiçoou-se. Lembrava bem do dia. Era bem pequeno quando ela chegou no colo de sua mãe, quase um bebê. Sempre quis ter irmãos, se sentia sozinho por ser filho único. Sua mãe havia morrido pouco tempo depois que nasceu. Seu pai nunca demonstrou interesse em se casar novamente.

Estava brincando pelos campos como sempre fazia, depois de um tempo voltou para casa e entrou na cozinha para almoçar. Encontrou uma mulher muito bonita sentada em uma cadeira e parecia sussurrar alguma coisa com Zilá. Seu rosto estava tenso, algo muito grave a estava afligindo. Mais o que chamou sua atenção foi a menininha que estava em seus braços.

Quando o viu, ela imediatamente abriu um sorriso. Era tão linda, sentiu seu coração se derreter. Ela o conquistou ali. Depois veio a saber que a mãe da menina iria trabalhar na fazenda. Não poderia ter ficado mais feliz, isso significava que ia ficar perto da pequena Aisó. Deu para ela toda atenção que teria dado a uma irmã. Conforme ela crescia, encantava-se ainda mais por sua personalidade cativante. A protegeu de todas as formas possíveis. Foi ele quem a encontrou no triste dia em que sua mãe foi morta de forma tão cruel. Nunca entendeu porque alguém iria querer matar uma mulher tão boa. Lembrava-se da senhora Joana com muito carinho. Sempre o tratou muito bem.

Conforme os anos passavam só aproximavam-se mais. Tornaram-se confidentes um do outro. Ela era a pessoa mais próxima dele no mundo. Tudo que pudesse fazer para deixá-la feliz, fazia. E talvez esse tenha sido seu maior erro. Aisó sempre teve rédeas soltas para fazer o que bem entendia. Nunca achou que isso pudesse ser um problema até agora.

A discussão da noite passada estava bem viva em sua mente. Imaginava que quando contasse o que estava acontecendo isso a iria abalar. Mais nunca poderia ter previsto a reação que ela teve. Não ficou somente triste e abalada, não pensou duas vezes antes de falar em se por no perigo. E isso não ria permitir nunca, ela poderia espernear o quanto quisesse, vigiaria cada um dos seus passos e iria cuidar pessoalmente para que ela não fizesse nenhuma besteira. Ela poderia ser teimosa, mais ele era muito mais.

Entrou na cozinha momentos depois e encontrou seu pai sentado à mesa, sozinho. Zilá entrou na sala carregando um bolo de dar água na boa, sabia bem de que era. Zilá nunca perdia a chance de mimar Aisó com tudo que podia, todos eram testemunhas do quanto a amava. Isso os dois tinham em comum.

--- Bom dia, meu pai, Zilá.- sentou-se a mesa perguntando-se silenciosamente onde Aisó poderia estar, nunca foi de ficar na cama até tarde. Logo obteve a resposta.

--- Zilá, quando Aisó acordar avise que preciso falar urgentemente com ela.

--- Senhor, a minha menina já se levantou a faz um tempo. Tomou o café e depois selou o Dante e saiu.

--- Entendo. – José disse olhando inquisidoramente para o filho. Esse por sua vez demonstrava exasperação. – Meu filho, ainda estou esperando você me dizer o que aconteceu naquele escritório ontem.

--- Nada de mais, eu só disse o que ela precisava ouvir. Pode ficar sossegado que ela já está ciente dos traficantes.

--- Não me parece que as coisas estejam bem entre vocês.

--- Elas estão como tem que estar não se preocupe. Daqui a pouco ela aparece, quando ficar sabendo do festival que vai ter no vilarejo com certeza vai se animar.- levantou-se- Agora se me dá licença. Tenho muitos assuntos na fazenda para tratar.

Saiu apressadamente dirigindo-se para os estábulos. Deixou seu pai refletindo sobre suas palavras e Zilá. A mulher não conseguia entender o motivo da apatia de Aisó e Miguel. Sempre tão companheiros.

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⏰ Última atualização: Jun 19, 2016 ⏰

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