Ready To Fire, Ready To Fight

The Fall

Inverno de 1500, "Onde mais eu poderia estar?", eu me consolava pensando nisso o tempo todo. Mas a verdade é, não fazia a dor passar. Eu ainda estava trancada, sem poder fazer nada. Criei uma amiga pra mim, o nome dela era Luce, e grande parte do tempo ela mantinha minha sanidade; eu gostava de imaginar que se algum dia eu saísse dali, eu teria um futuro, uma família, e uma linda filha chamada Luce. Eu estava trancada, numa torre impressiona qualquer um, em torno de 975 metros, sem luz, com uma única janela com tamanho de um palmo. Desde meus 7 anos, não me lembro de ver a luz do sol. Eu tenho 17 anos, 7 de vida e 10 de prisão. Eu lembro dos meus pais, meu pai tinha olhos de um brilho, e aqueles cabelos escuros, minha mãe tinha pele bronzeada e todos aqueles cachos. Eu, bem, eu não sei como eu estou agora. Sei que minha pele é muito branca, meu cabelo chega às cochas, é como um abismo escuro cheios de cachos, mas nem me lembro a cor dos meus olhos. Eu acho que tenho certos músculos bem formados, eles me obrigam a fazer alguns serviços. Eles, as sombras. Não sei de onde vieram nem quando, pode ser um fruto de minha loucura. Mas o que eu poderia fazer? Mesmo nos momentos de meu maior medo, quando elas me tocam durante meu quase sono, nem assim eu sou capaz de mandá-las embora - são o máximo do que eu sempre teria de companhia. Eu já tentei falar com elas, mas foi sempre em vão. Hoje, pelas minhas contas, estamos em meados de julho, e foi quando a grande queda ocorreu. Foi assim, nem deu tempo pra pensar, eu lembro de mãos fortes, de garras, de medo, e então, eu caí, as paredes se romperam e então eu vi uma explosão na torre, a criatura haveria atravessado meu abdômen, e eu estava caindo.
Quando de repente, braços fortes, uma grande cama se ergueu ao meu redor, não uma cama, asas. Isso mesmo, asas. Um porto seguro. E então, uma voz:
- Eu nunca deixaria você cair.