Amanhã pode ser tarde pra terminar aquele café frio em cima da mesa.
O tempo não é seu amigo, na verdade, nunca foi.
O tempo te envelhece, leva pessoas com ele, leva amores.
O tempo cria dores.
Agora pode ser tarde demais pra pedir que sua alma não sangre, que teus olhos não inchem no final do dia.
Tarde demais para impedir que ela fosse embora.
A tua conta do "tarde demais" já chegou.
Teu limite tá zerado, não existe mais negociação.
O credor vai martelar na porta da sua mente e vai cobrar.
Quer uma posição, quer saber das suas escolhas de vida.
Quer saber se terminou, tudo aquilo que começou.
O tempo te reapresenta histórias com pessoas que já não mais lembrava mas ele, o tempo, nunca esquece.
Ele é dono de tudo. Ele quer saber se ainda tem aquele sorriso, de quando começou a percebê-lo.
Lembra? Foi na adolescência.
Você o via como algo único e sentia que devia usá-lo por inteiro.
Teu tempo era acelerado e tudo era intenso.
Você vivia, amava, chorava, sorria e morria em um único dia.
O credor é você.
Você quer saber, quanto tempo ainda te resta.
Quer saber quanto tempo ainda tem pra restabelecer o caminho que desviou, voltar pra quem amou e parar de dizer que: "Foi a melhor coisa que eu fiz. Eu dei tempo"
Lembra, meu caro? O tempo não é teu amigo.
Ele é o eterno solitário que nos serve de desculpa pra tudo aquilo que não sabemos direcionar.
Ele, o tempo, é o grande vilão.
Ele te acorda, te faz dormir.
O tempo, exatamente ele, quem te faz dormir pra sempre.
Como num único suspiro, ele te pergunta:
"Você é exatamente a pessoa que imaginou se tornar?"
Tarde demais!
Não pode mais responder, ele já te pôs pra dormir.
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Escritura Sã
Romance- Quando a escorpiana fala, a confusão lhe abraça. Thamiris Sanches