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Gostava de ficar perto dos meus pais, a questão é que era inevitável não sentir falta do meu apartamento, então fora por isso que em dois dias eu já havia voltado para ele. Adentrar um local cheio de lembranças do Thiago foi uma das piores sensações que já havia sentido.

Precisava me livrar de todas aquelas coisas.

Pensei em começar com um saco de lixo para colocar todas aquelas coisas — mas no fundo — o meu coração sabia que não seria fácil jogá-las fora. Procurei então por uma caixa velha — com um tamanho considerável — onde eu colocaria tudo dentro, os portas retratos, as roupas dele, os presentes que havia me dado. Deixaria tudo escondido no fundo do meu closet, de preferência de uma maneira que quando eu entrasse no mesmo, não visse a caixa de maneira alguma.

Cada objeto fora uma lágrima derramada.

Por um momento de fraqueza me deixei levar.

E lá estava eu, jogada no sofá da sala, com o celular em mãos, discando o número dele.

A princípio a ligação foi parar na caixa de mensagens duas vezes seguidas — aposto que ele não estava com vontade de conversar comigo —, mas talvez por perceber a minha insistência em ligar, resolveu atender.

"INICIO DA LIGAÇÃO"

— Lívia? — Perguntou Thiago com uma voz séria, a sensação era como se eu estivesse conversando com um estranho.

— Thiago. — Falei baixinho.

— Por que está me ligando? — Perguntou como se o nosso passado não existisse, como se aquelas duas semanas não tivessem acontecido.

— Gostaria de conversar com você. — Respondi.

— Talvez ainda não seja o momento certo. — Avisou.

— Nós podemos marcar algum dia para conversarmos? — Perguntei, torcendo para que a resposta fosse positiva.

— Sim, envio por mensagem o dia que eu estiver disponível. — Respondeu. — Agora preciso desligar.

"FIM DA LIGAÇÃO"

E fora assim a nossa pequena conversa, ele não me deu a chance de me despedir, desligou o celular após dizer que mandaria uma mensagem. Eu duvidava muito de que ele realmente fosse marcar uma data para conversarmos, mas o meu bobo coração — que agora parecia de uma adolescente —, buscava acreditar que em breve estaríamos juntos novamente.

Encarei a porta de saída do meu apartamento na tentativa de pensar em alguma coisa que me fizesse parar de chorar e de ficar me lamentando pelos problemas ocorridos.

Cerca de dois meses atrás havia largado a academia, já que meu namorado/noivo, havia deixado claro que eu já estava em forma o suficiente para continuar indo. Como sempre, eu tentava agradá-lo da melhor maneira. E apesar de adorar me exercitar na academia, deixei de lado e dediquei-me ainda mais em meu relacionamento e na rede farmacêutica.

Era isso.

Iria voltar para a academia.

E seria naquele momento.

Coloquei uma das roupas que Thiago mais detestava, uma legging preta — que destacava bem as minhas coxas e o meu bumbum —, e um top rosa que a minha melhor amiga havia me dado de presente.

A playlist já estava preparada no meu celular, como a academia ficava a poucos minutos do meu apartamento, não me importei em ir caminhando até o local.

O problema é que em vez de caminhar até lá, resolvi apressar o passo e correr. A questão é que infelizmente — sem prestar a atenção —, como boa desastrada que sou, esbarrei em alguém.

Ele É O Meu Milagre (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora