Acordar de manhã sufoca-se com o ar que deveria te dar a vida, sentir um aperto no peito que mais parece uma mutilação causada por um espancamento impiedoso; essa é a dor de um amor nunca vivido, mas sentido intensamente. Aquele tipo de amor que invade um pobre coração e se recusa a sair, aquele amor que parasita a alma de complexa forma que torna a vida dolorosa. O infeliz parasita que usa amor como alimento, o parasita que suga o amor do amante por não achar o tão desejado amado. O amor que tanto se tentou sonhar, mas nunca se concretizou. Desculpe-me Alvares de Azevedo, romântico tão incorrigível, mas fostes muito feliz, porque ao menos em sonho o teu amor foi teu, difícil, quando até em sonho ele insiste em fugir. Desculpe-me Machado de Assis, mas ao menos os lábios de Capitu, Bentinho pode sentir. Desculpe-me os que não amam, mas amar é essencial.
-RP
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