Três semanas antes
Serena
Mas uma noite mau dormida, pensei ao passar a mão no meu espelho do banheiro embaçado. Passei uma hora debaixo do chuveiro quente e ainda sentia frio. Tive mais um daqueles pesadelos horríveis revivendo a morte de Phillip Sempre a mesma coisa. Respirei fundo e deixei minhas lembranças voltarem novamente. Dizem que ajuda na cura da dor.
Toda a equipe tinha se espalhado no galpão. A dica era boa e por isto estavam ali. Segundo seu informante era o transporte de drogas imenso e de duas novas drogas sintéticas que segundo se falavam iam revolucionar o mundo das drogas. Não podiam deixar que isto acontecesse. Pediram apoio mas estava demorando a chegar, por isto Peterson decidiu invadir o local o que todos concordaram.
Eram dez integrantes da equipe de Peterson, que era um dos melhores lideres da DEA e ser integrante de sua equipe não era fácil ainda mais sendo mulher. Na verdade sou a unica mulher em sua equipe desde sempre. Trabalhávamos juntos a cinco anos e nunca decepcionamos. Aos meus quase trinta anos era um sonho estar na equipe dele. Trabalhei duro mas consegui.
Com o dinheiro que me foi deixado pelos meus pais que morreram num acidente de carro eu poderia viver tranquilamente a onde eu quisesse, mas preferi seguir meus instintos para desespero de meus tios que terminaram de me criar. Nunca fui uma criança comportada e quieta, sempre gostei de lutar e fazer coisas que para todos era coisa de homem.
Tive ate uma aposta em minha família dizendo que eu vivaria lésbica, kkkkk... Doce engano!
Entrei na equipe de Peterson apos derrubar um dos meus instrutores que gostava de humilhar um dos alunos pois ele era um pouco gordo. Pensei que seria expulsa, mas fui admitida na equipe de Peterson. Ele me disse que sempre quis fazer aquilo com o pobre homem que mandei para o hospital apos lhe quebrar o nariz.
Agora estávamos naquele galpão cercando o local, sempre dois em dois. Como sempre eu e Phillip fomos juntos. Estávamos no andar de cima quando ouvimos os primeiros disparos então a confusão se instalou. Vimos muitos homens correndo com armas nas mãos. Avançamos sempre eliminando quem ficasse em nosso caminho foi ai que encontramos as drogas e Bailer.
Chamei a equipe pelo radio enquanto Phillip disparava contra nosso inimigos lhes passando as coordenas foi então que uma granada explodiu próximo a nós levando tudo pelos ares. Gemi de dor e confusão, mas quando consegui me levantar vi Bailer sobre Phillip imóvel no chão com uma faca cheia de sangue, não pensei duas vezes em ataca-lo. Foi uma luta sangrenta, pois fui esfaqueada em algumas partes, mas ele também não saiu ileso. Quando ele me jogou próximo ao corpo de Phillip eu pensei que ia perder a consciência pois bati a cabeça com força no chão e pela grande perda de sangue. Ele me disse que eu ia morrer, foi quando senti a arma de Phillip e disparei contra o desgraçado varias vezes esvaziando o pente.
Eu ia morrer, eu sabia disto, mas minha única preocupação era Phillip, chorando me arrastei ate ele e tomei seu pulso, nada. Chorei sobre o cadáver de meu grande amigo e... único amor. Era tarde demais para ele. Quando ia chamar a equipe senti algo rasgando meu peito me fazendo cair no chão frio novamente. Enquanto eu sentia o gosto de sangue em minha boca, vi uma mulher se aproximando de mim com uma pistola. Ela disse que eu tinha matado o homem dela e eu tinha que pagar. Quando ela apontou a arma no meu rosto pensei que finalmente era meu fim, mas ouvi disparos e ela me dizendo que teria sua vingança.
Perdi minha consciência e os minutos foram se passando lentamente ate que eu senti alguém segurando minha mão dizendo para que eu aguentasse firme. Pelos breves segundos que consegui abrir meus olhos, fui brindado com os mais belos azuis que vi em minha vida. Depois disto foi só uma sessão borrões que não consigo me lembrar.
Agora estou eu aqui me olhando no espelho me achando a mais ridícula de todas as criaturas. Meu cabelo estava uma droga, perdi peso, não me exercitava mais, vivia deitada num quarto escuro sentindo pena de mim...
Olhei para todos os frascos de remédio sobre minha pia decidindo qual tomar ou acabar logo com minha vida deprimente.
Eu ainda tinha três semanas antes da próxima avaliação psicológica e eu precisa aparecer com uma aparência melhor que esta que eu vejo pelo espelho se eu quisesse voltar a trabalhar e encontrar a maldita que me baleou. Deixei a toalha cair e olhei a cicatriz no meu colo. Mas alguns centímetros e ela teria atingido meu coração.
Olhei pela porta do meu quarto e fiz uma careta. Eu estava num verdadeiro chiqueiro!
Meu relógio já mostrava que já passava das dez da manha, mas eu não sentia fome. Daqui a pouco Carmem chega para limpar a casa e atazanar mais minha vida dizendo que eu era muito nova para ficar assim. Tinha que dar um credito a ela. Era verdade!
Olhei novamente os remédios sobre minha pia e tomei uma decisão.
_ Foda-se! - gritei dentro do banheiro pegando um por um e despejando dentro do meu vaso. Estava no meu ultimo frasco quando o meu celular tocou. Numero desconhecido só podia ser uma pessoa - Nick. - disse
Uma voz masculina riu do outro lado.
_ Ainda não perdeu seu abito de super agente da DEA né?
_ Para me ligar numa hora destas com o numero desconhecido só você mesmo. - dei descarga no vaso e sorri pela primeira vez ao ver meus remédios descerem pelo ralo abaixo.
_ Hora ruim? - notei a preocupação dele.
_ Não. O que foi? Se meteu em algum problema? - fui para o quarto nua e comecei a abrir as janelas. Se filho adolescente estive me espiando novamente ele teria uma bela visão.
_ Preciso de sua ajuda. Carlos quebrou a mão. - começou a explicar ele - Tenho três apresentações marcadas antes que ele fique bom.
Olhei para minha guitarra e violão jogados num canto e sorri feliz.
_ Sei que você esta passando por um momento difícil...
_ Onde quer que eu te encontre? - o perguntei indo para meu guarda-roupas pegando o que eu ia precisar.
_ Tem certeza? - ele me perguntou parecendo surpreso na linha - Pensei que teria que ir ai te pegar a força.
_ Só me passa o endereço. Preciso mudar de ares. - sorri ao pegar minha roupa de motoqueira.
_ É assim que se fala. - riu ele empolgado no outro lado da linha me passando o endereço - Te aguardo lá em uma hora. Esta bom para você?
_ Estarei lá. Avisa os meninos que nada de drogas. Eu ainda sou da DEA.
_ Estamos limpos Serena. - respondeu ele querendo parecer ofendido.
_ Sei. Beijos. - desliguei o telefone.
Sexo, bebidas, rock roll e comida parecia bom para passar estes ultimas três semanas. Ainda ajudaria seu primo. Não que pretendia ter sexo com um dos rapazes, mas sabe-se lá o que lhe aguarda o destino.
Carmem quase teve um enfarte quando a viu descer com suas coisas e indo para a garagem arrumar tudo em sua moto.
_ Onde voce vai? - quis saber ela ao me ver terminar de amarrar as coisas em sua moto. Nick tinha um furgao por isto não precisa se preocupar em levar tudo na moto por muito tempo.
_ Viver. - respondeu sorrindo montando na moto - Volto daqui a três semanas. Qualquer coisa me avise. Estou com meu celular. - lhe beijei o rosto e coloquei o capacete.
Primeiro passo: se recuperar e se mostrar estável.
Segundo passo: encontrar a vadia que atirou em si.
Terceiro passo: Vingança.
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Harley - Nova Especie
FanfictionSerena Miller após a trágica morte de meu grande amigo perdi o controle de minha vida. Fui gravemente ferida... fiquei seis meses afastada de minha equipe no DEA (Drug Enforcement Administration), ou melhor dizendo Gestão de Repressão a Drogas... a...