Conteúdo - Parte 2

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Como Ocorre o Novo Nascimento do Espírito Santo - Comentário de João 3.8-10

"8 O vento sopra onde quer, ouves a sua voz, mas não sabes donde vem, nem para onde vai; assim é todo o que é nascido do Espírito.

9 Então, lhe perguntou Nicodemos: Como pode suceder isto? Acudiu Jesus:

10 Tu és mestre em Israel e não compreendes estas coisas?"

8. "O vento sopra onde quer". Não que, a rigor, há vontade no vento, mas porque a agitação é livre, incerta e variável; porque o ar é transportado, por vezes, numa direção e, por vezes, em outra. Como isso se aplica ao caso em mão; porque se fluísse num movimento uniforme, como a água, seria menos milagroso.

"Assim é todo aquele que é nascido do Espírito". Cristo afirma que o movimento e operação do Espírito de Deus não é menos perceptível na renovação do homem do que no movimento do ar nesta vida terrestre e exterior, mas que a forma disto é oculta; e que, portanto, somos ingratos e maliciosos, se não adoramos o poder inconcebível de Deus na vida celeste, da qual vemos tão impactante exposição neste mundo, e se nós atribuímos a ele menos em restaurar a salvação de nossa alma do que na defesa da estrutura corporal. A aplicação será um pouco mais evidente, se você tomar a sentença desta maneira: Tal é o poder e a eficácia do Espírito Santo no homem renovado.

9. "Como pode ser isso?" Nós vemos o que é o principal obstáculo no caminho de Nicodemos. Cada coisa que ele ouve parece absurda, porque não entende a maneira das mesmas; de modo que não há maior obstáculo para nós do que nosso próprio orgulho; isto é, sempre desejamos ser sábios além do que é apropriado e, portanto, rejeitamos com orgulho diabólico cada coisa que não é explicada pela nossa razão; como se fosse adequado limitar o poder infinito de Deus pela nossa pobre capacidade. Nos é permitido, de fato, em certa medida, que investiguemos a forma e a razão das obras de Deus, desde que o façamos com sobriedade e reverência; mas Nicodemos rejeita como uma fábula, com base na qual, ele não acreditou que fosse possível. Sobre este assunto trataremos mais detalhadamente no âmbito do sexto capítulo.

10. "Tu és mestre em Israel". Como Cristo vê que ele está gastando seu tempo sem propósito no ensino de homem tão orgulhoso, ele começa a repreendê-lo. E, certamente, essas pessoas nunca farão qualquer progresso, até que a confiança ímpia, com a qual se ensoberbecem, seja removida. Cristo censura a sua ignorância. Ele pensava, que não admitir uma coisa como não possível seria considerado uma prova de gravidade e inteligência. Mas ainda Nicodemos, com toda a sua magistral altivez, se expõe ao ridículo por sua mais do que infantil hesitação sobre os primeiros princípios da religião. Essa hesitação, certamente, é vergonhosa. Por que qual é a religião que temos... que conhecimento de Deus, que governa o bem viver... que esperança temos da vida eterna, se não crermos que o homem é renovado pelo Espírito de Deus? Há uma ênfase, por conseguinte, na palavra "estas coisas"; porque desde que a Escritura repete com frequência esta parte da doutrina, não deveria ser desconhecido até mesmo para a mais baixa classe de iniciantes. É absolutamente insuportável que qualquer homem seja ignorante e inábil quando afirma ser um professor na Igreja de Deus.

Jesus Não Inventou uma Religião - Deu Testemunho da Verdade Eterna - Comentário de João 3.11

"Em verdade, em verdade te digo que nós dizemos o que sabemos e testificamos o que temos visto; contudo, não aceitais o nosso testemunho." (João 3.11)

"Nós dizemos o que sabemos". Alguns aplicam isto a Cristo e João Batista; outros dizem que o número plural é utilizada em vez do singular. De minha parte, não tenho dúvida de que Cristo menciona a si mesmo em conexão com todos os profetas de Deus, e fala na pessoa de todos. Os filósofos e os outros vangloriosos mestres, frequentemente afirmam as bagatelas que eles próprios inventaram; mas Cristo afirma em relação a si mesmo e a todos os servos de Deus, que eles não entregaram nenhuma doutrina, senão a que é certa. Porque Deus não envia ministros para tagarelarem sobre coisas que são desconhecidas ou duvidosas, mas os treina em sua escola, para que aprendam dele próprio aquilo de posteriormente entregarão a outros. Ainda, como Cristo, por este testemunho, recomenda-nos a certeza da sua doutrina, assim ele prescreve a todos os seus ministros a lei da modéstia, para não exporem os seus sonhos ou conjecturas próprias - não para pregar invenções humanas, que não têm nenhuma solidez, mas para prestarem um testemunho fiel e puro para Deus. Deixe cada homem, portanto, ver o que o Senhor tem revelado a ele, que nenhum homem possa ir além dos limites da sua fé; e, por último, que nenhum homem possa permitir-se falar qualquer coisa, senão o que ouviu do Senhor. Deve-se observar, igualmente, que Cristo aqui confirma a sua doutrina por um juramento, para que pelo mesmo tenha total autoridade sobre nós.

Desagravo a Calvino - Reforma - EvangelhoOnde histórias criam vida. Descubra agora