Capítulo 1 : O príncipe.

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O inverno tivera chegado, o vento se dividia sobre as montanhas cobertas de neve, árvores pontudas tomavam conta da paisagem. Esta é Alexandria do Sul, muitos vendedores usam a cidade como um principal centro de concentração para suas mercadorias, famosos por suas bebidas. Nesta região encontram-se lobos brancos, são duas vezes maiores que lobos normais e ainda mais ferozes, diziam que eles possuem garras mais afiadas do que ferro. Aqueles que comandam Alexandria, a família real, cobertos do mais puro sangue, banhados de todas as riquezas que um homem pode imaginar, e por fim, descendentes dos maiores magos que já passaram por este mundo. Magos, pessoas capazes de dominar a natureza, até mesmo de criar novos elementos, enfrentavam monstros e quaisquer tipo de criaturas para proteger a todos. Mas, esta arte vai muito além de simples feitos, é incrível pensar que somente um ser pode abalar o mundo inteiro. Contavam- me centenas de histórias sobre isso, eu ficava trancado em meu castelo todos os dias, esperando o momento em que pudesse dar os primeiros passos fora daquele lugar. Meu nome é Arthur, o príncipe com cabelos de fogo, os fios vermelhos chamavam a atenção, então era constrangedor. Atualmente ao completar dezesseis anos, teria uma cerimônia, um jantar para ser mais específico, aonde muitos membros da família viriam se juntar a nós em uma bela noite. Os ingredientes escolhidos perfeitamente pelos cozinheiros, chegavam aos poucos, todos estavam preocupados com os enfeites e com os vestidos. Porem, isso me deu uma chance para fugir, pela primeira vez, irei embora. Meu sonho é aprender a arte da magia, não há muitos professores atualmente, por isso decidi escolher somente um. A centenas de anos atrás, nasceu o mago mais forte, aquele que teria uma imensa influência em todas as nações. Chamava-se Merlin, seu discípulo era um prodígio, quando seu mestre morreu, este homem desafiou até mesmo os deuses para defender o meu país. Enfrentando um batalhão, que tinha o poder para destruir um continente inteiro, depois de semanas de ataques, todos foram derrotados pelo menino prodígio e seus companheiros. Foi amaldiçoado, ganhando a imortalidade, para muitos uma benção mas para outros, a pior maldição. Desde então o chamaram de Garoto Imortal, a história se espalhou por todos os lugares, o tal tivera sido um professor aqui por um bom tempo. Faz cerca de 200 anos que ninguém nunca mais o viu, há boatos que ele ainda irá voltar, partirei em sua busca. Os livros diziam muitas coisas, sei que, fora dessa "prisão", existem lugares extraordinários. Conhecer todas as espécies, países ou até mesmo o infinito, explorarei de ponta a ponta. Para isso, preciso ser forte, esses ideais me motivavam cada vez mais. Um cozinheiro chamado Matt, era alto e um pouco parecido com a imagem de um Bárbaro, a barba escondia algumas feridas em seu rosto. Dissera que se eu seguisse para o Norte, no meio da floresta, encontraria uma taverna. Tavernas são lugares cheios de bebidas, quem trabalha lá, sabe de várias notícias e informações sobre tudo. Ajudariam a encontrar meu professor, dependendo de quanto os pagassem. Não sei o motivo dessas dicas, abriu uma suspeita já que aquelas palavras contrariavam o rei. O grande dia chegou, um tapete branco cobria a entrada, junto a trepadeiras que se amontoavam na parte de fora. Flores azuis iguais a rosas, se espalhavam pelos canteiros, infelizmente minha aventura começara antes do sol nascer. Preparei minha mochila a luz de velas, uma adaga de bronze, quatro maçãs, casaco feito com a pele de um mamute e dez moedas de ouro. Haviam serviçais e guardas andando de um lado para o outro, minha porta não estava trancada, porém as barras de ferro nas janelas impediam a saída. Durante longas semanas, fiz rachaduras nas barras com a adaga, os galhos de um sombreiro enorme chegavam a altura o suficiente para subir por ali e escalar os muros com espinhos. Roubei uma garrafa repleta de álcool, espalhei por parte do chão, deixei a vela cair após quebrar as rachaduras e me pendurar na árvore. As chamas se moldavam nas paredes, a fumaça chamou a atenção de muitos que deram uma brecha para escalar o muro usando o casaco, aquela pele tinha uma resistência incompreensível. Respirei bem fundo e pude sentir meus pés afundando na neve, eu estava livre... Minha temperatura caia pouco a pouco mesmo com as vestes apropriadas, seguindo ao norte me deparei com uma cadeia de árvores, dificultando ainda mais a subida. As raízes me faziam cair, no alto de uma montanha, as luzes indicavam a taverna. Cavei um buraco no pé de dois pinheiros virados um para o outro, me deitei sobre folhas e madeira podre, era frustrante mas não estava mais sentindo meu corpo. Se ficasse ali por mais tempo na tentativa de se aquecer, iria morrer, aquele céu nublado agora ficava mais escuro. O cheiro da morte se aproxima quando a escuridão toma conta desta terra, passos sobre os galhos podiam me avisar, uma alcateia de lobos brancos estava caçando. Com um uivo, duas patas rasgaram o pinheiro atrás de mim, me rodearam, seus focinhos pontudos junto aos olhos vermelhos eram assustadores. Tentei reagir mesmo tremendo, minhas pernas não se mexiam, minhas lágrimas congelavam com o frio e naquela tempestade ninguém ouviria os gritos. Momentos finais são tristes não é? A frustração de que nunca iria seguir aquela trilha, faltava tão pouco... tão pouco até as luzes... Fechei meus olhos e desmaiei aos poucos, então espinhos de gelo brotaram do chão perfurando cada um deles sem que me tocassem. Porém, apaguei depois disso...

Garoto Imortal.Where stories live. Discover now