{Capítulo 15}

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Dulce tentou soltar a mão para fazer isso, mas Christopher a impediu. Em vez disso, apoiou outra mão no antebraço dela, não para ameaça-la ou imobilizá-la, mas como para demonstrar propriedade sobre Dulce.

Era hora de Dulce se concentrar no resgate.

- Não parece refrescante? Um metro e meio de água fria, apenas esperando que seu corpo se aproveite dela, Ande, pule!

- Precisa de mais do que isso...

- Não estou brincando!

- Muito trabalho e pouca diversão transformaram Dulce em uma moça tola?

- Não sou tola! - Talvez um pouco influenciável, mas... Não tente mudar de assunto.

Christopher deu de ombros.

- E nem destemida.

- O quê?

Deu de ombros novamente, feito um adolescente desanimado.

- Apenas achei que fosse mais corajosa.

Dulce sentiu-se indignada, mas logo recobrou o bom-senso.

- Bela tentativa... Achou que podia usar todo o seu charme contra mim. Sei bem o que está tentando fazer.

- Não sei do que você está falando.

O brilho nos olhos castanhos revelava o segredo. Olhos inocentes, que davam problemas.

- Sua estratégia não vai funcionar comigo. Pode me desafiar o quanto quiser, minha resposta é "não". Entre na piscina.

Christopher olhou para a água.

- O mínimo que pode fazer é sentar-se na beirada e me fazer companhia.

- Para que outro lugar eu poderia ir?

Como em câmera lenta, Christopher finalmente abriu o zíper. Cada clique do metal fazia Dulce tremer. Assim que completou a tarefa, Christopher lançou um olhar fogoso para ela.

- Foi bom para você? - perguntou.

- Você nem imagina quanto...

E não imaginava, mesmo. "Incrível" era a palavra mais adequada.

Christopher jogou a calça no chão, e passou para a cueca. Assim que começou a tirá-la, Dulce sobressaltou-se.

- Espere! O que pensa que está fazendo?

A barriga definida e os músculos perfeitos já eram o suficiente, não precisava deixa-lá ainda mais louca do que já estava no momento.

- Estou obedecendo a sua ordem.

- Eu disse para tirar a calça. Pode muito bem entrar na água de cueca.

A peça, inacreditavelmente sexy, já estava implorando para ser arrancada.

- E sair daqui com a cueca molhada? Nada disso! Além do mais, ordens são ordens.

- Você serviu o Exército ou algo do gênero?

- Não importa.

Christopher tirou a cueca e continuou de pé, orgulhoso, enquanto Dulce o observava pelo canto do olho. Diante de tamanha perfeição, Dulce jamais teria coragem de tirar o roupão. Cada grama dos dez, talvez quinze, quilos extras que ela carregava pareciam multiplicar-se por dez.

- Podia ter-me avisando antes do show começar.

Christopher sorriu.

- Tome mais cuidado com o que pede.

- Sim, eu já aprendi a lição. - Dulce pegou a barra do roupão e a prendeu entre as coxas, para se cobrir. - Vai ficar aí o dia todo, feito uma estátua de um Deus Grego?

- Depende. Já está impressionada?

- Tenho dois olhos, não tenho?

- Então, ótimo.

Christopher sentou-se na beirada da piscina, ao lado de Dulce. Os ombros retesaram quando ele saltou na água.

- Como está?

- Gelada.

Dulce mergulhou um pé na água e se conteve para não gritar. Convenceu-se de que tinha ido longe demais. O ar quente fazia a água parecer ainda mais fria do que estava. Ela se retesou, arrepiada.

- Está boa, não é? - Christopher perguntou.

- Muito refrescante.

- Por que não entra?

Porque meus pés congelaram no primeiro degrau!

- Aqui está bom. - Dulce respondeu.

- Sente-se aqui. - sugeriu Christopher, indicando a borda da piscina, bem ao lado de sua cabeça.

- Você deveria se concentrar em abaixar sua temperatura...

- Ponha a mão em mim.

- O quê?!

- Na minha testa, eu queria dizer! Mas se...

- Venha cá. - Dulce a interrompeu e inclinou-se, desajeitada.

Segurando a barra do roupão entre as coxas, encostou a mão na testa de Christopher.

- E então, enfermeira?

- Parece melhor. Está se sentindo bem?

- Sinto-me ótimo. Sempre tive problemas para regular minha temperatura corporal, quando faz muito calor. E também quando eu corro.

- É por isso que você vive numa região desértica como esta?

- Eu vou para onde o trabalho me leva, e fico no ar condicionado. Acredite, há coisas piores nesse meu trabalho do que o calor.

- O quê, por exemplo?

- Hóspedes invasores.

- Engraçadinho! - Dulce se afastou e se sentou na beira da piscina, sempre segurando o roupão, apenas com os pés dentro da água. - Falando sério, o que há de tão ruim em trabalhar aqui?

- Hóspedes difíceis, com expectativas e exigências exorbitantes. Estilos de gerenciamento questionáveis. Esse novo projeto em construção.

As perguntas bombardeavam o cérebro de Dulce. Tudo o que ela queria era pegar o Notebook e registrar cada palavra para seu artigo. Bem, na verdade isso não era tudo. Pela primeira vez, as informações não eram seu único interesse. Ela queria saber mais sobre Christopher, para criar um vínculo e ver no que poderia dar.

A ideia era tão estranha, tão esdrúxula... Dulce não era do tipo ávida para se envolver como alguém, ao contrário, evitava tudo que a segurasse. Mas havia algo em Christopher que a fazia questionar se as próprias regras deveriam ser quebradas.

- Por exemplo - Christopher continuou - Ninguém perguntou a opinião dos trabalhadores de base sobre o projeto do spa.

- Nem para você?

- A maior parte das minhas opiniões foi ignorada.

- Por exemplo?

- Tem uma varanda no vestuário masculino. Que sentido faz isso? Era melhor ter uma dessas no vestuário feminino. As mulheres formam a maior parte da clientela. Geralmente são elas que trazem os homens para experimentar os serviços, então a ideia é proporcionar a elas o maior conforto possível.

Dulce parou de prestar atenção logo ao início da explicação.

- Tem uma varanda aqui?

- Não neste salão. Não se anime. - Christopher colocou a mão no joelho dela. - Para chegar ás salas de tratamento, as mulheres precisam passar pela sala de espera masculina.

- Que planejamento fabuloso...

Encontro Às Escuras (VONDY ADAPTADA)Onde histórias criam vida. Descubra agora