Diário De Uma Vida

Nova Dor ( Part.3 alucinações )

Quase um mês depois eu já tinha planejado tudo, na verdade tudo já estava planejado à anos. Eu trabalhava como uma máquina, não tinha tempo nem mesmo para um merecido descanso, mal saía de um emprego e já ia correndo para o outro. Resolvi fazer uma lista do que eu gastaria para deixar minha festa exatamente como planejado e descobri que mesmo trabalhando muito eu não conseguiria fazer tudo como eu queria sozinha. Foi aí que resolvi pedir ajuda para duas pessoas : vovó e titia.

Quando soube, meu avô se propôs à ajudar também, afinal além de neta, eu era sua filha adotiva e eu sabia que ele faria de tudo por mim. Pronto! Tudo seria perfeito.

Como de costume toda quarta-feira eu ficava sozinha em casa, era minha folga do trabalho. Naquele dia quando acordei, estava eufórica devido à um pesadelo. Tudo estava me assustando. Quando tomei coragem de me levantar, vi um reflexo negro no espelho tropecei e bati a cabeça na cômoda, ficando absolutamente tonta.

Depois de alguns minutos no chão tomei coragem para me levantar e ir até o banheiro. Entrei fiz minhas necessidades, lavei o rosto e fui para frente de um espelho que ficava fixado na parede do banheiro. Parei em frente e comecei a observar minha expressão, meu rosto havia mudado, estava mais gorda que o normal, meu cabelo estava seco e sem brilho. Passei um longo período parada na frente do espelho, até começar a chorar e ver alguma coisa passando pela porta.

_Droga eu tô ficando louca!_ repeti em voz alta várias vezes.

Eu não sabia exatamente o que fazer, no fundo eu sabia que era paranóia e meu cérebro outra vez estava me pregando peças, devido ao ocorrido recente.

Cada dia que se passava, eram longas torturas, em todo momento eu desejava a morte, afinal meu subconsciente me dizia que na verdade nada mudaria aquilo, aquele sentimento obscuro sempre continuaria vivo dentro de mim.

Eu tentava ao máximo parecer uma adolescente normal, sorria e conversava
Com os colegas de classe, mas por dentro estava completamente vazia.

Eu havia me tornado incapaz de sentir, tudo em mim era uma confusão, parecia não ter fim. Mas existia uma coisa no mundo que me fazia lutar: Pietro.

Meu único amigo/irmão, apesar de ter me tornado fria, com ele eu era incapaz de ser assim, talvez por ver o que ele passava ou por saber que qualquer coisa que eu fizesse refletiria nele 5x pior do que em mim. Na verdade eu tinha medo de ver ele se transformar naquilo que eu havia me tornado.

E meus dias se seguiram iguais: noites de insônia, dias monótonos e tediosos e lá estava eu, sendo aquilo que fui criada para ser: UMA GRANDE MENTIRA.

Geralmente eu cresci ouvindo de toda a minha família que eu devia ser a princesinha, educada, amorosa e feliz, tenho pena de imaginar o que eles achariam se descobrissem que eu me tornei a louca, vadia e irritante. Nunca tive o dom de basear minha vida no que a sociedade exigia, eu gostava de ser a diferente no qual a grande maioria repudiava.

Depois de alguns meses esperando, chegou o dia de provar o vestido. Foi o único dia que me senti talvez feliz. Chegando na loja haviam vários vestidos, um mais lindo que o outro.

Entramos minha tia e eu, fomos bem recebidas pela recepcionista e encaminhadas para a sala de opções.
Quando chegamos pedi por um vestido vermelho ou preto.

Foi um completo desastre, odiei todos os vestidos do mostruário, até alguma coisa soprar:" Roxo! peça um vestido roxo, é sua cor favorita". Me arrepiei, virei para trás para ver quem estava ali e eu estava absolutamente sozinha. Sai da sala, minha tia já estava preparada para ir em outra loja quando eu à surpreendi.

_Calma tyty!_falei incerta_ Moça você tem algum vestido roxo? _ perguntei para vendedora que fez um sinal de positivo saindo da sala.

Depois de alguns minutos ela veio carregando um longo vestido roxo que havia acabado de chegar na loja. Foi amor a primeira prova, me senti tão linda dentro dele e foi ai que decidi ficar com ele.

Comecei a fazer minha lista de convidados. No total eram 160 pessoas, todas escolhidas por um restinho de afeto que sobrava em mim. Fui a uma loja de festas e escolhi toda a decoração. Escolhi algo simples como o planejado, tudo seria decorado com balões pretos e vermelhos. Tudo ocasionalmente escolhido de acordo com o meu sentimento. Vermelho (amor) e preto ( morte ) que para mim representavam " Amor aquele que morreu" esse era o tema secreto da minha festa. Na verdade a festa não era exatamente minha, ela era do Vitor, com a decoração dos sonhos dele, no dia do aniversário dele "11 de junho".

Tudo seguia como nos planos. Até minha mãe ter um ataque de raiva e querer mudar tudo, obviamente eu não permiti, bati o pé dizendo NÃO até ela desistir e ficar emburrada. Os dias se passavam devagar, minha ansiedade aumentava a níveis absurdos, mas eu me controlava por saber que aquela festa seria a coisa mais difícil que eu poderia fazer em toda minha vida.