Uma alma presa no cofre

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Ele entrou, quieto, parecia incomodado, estava cabisbaixo. O homem de cabelos loiros, que batiam no ombro, olhos que pareciam ser castanhos mel, não dava para ver bem, a sala não tinha uma iluminação tão boa, e por ele estar de cabeça baixa dificultava a visão.

Esta alma presa, sentou em uma das cadeiras que ficavam próximas a porta, -talvez por querer sair rápido, ou estar pronto para correr- ele nem tirou o casaco, punha suas mãos nos bolsos desses enquanto se recostava. Duas pessoas falaram, e o silencio tomou conta do ambiente, era possivel ouvir o vendo uivando, balançando as folhas, ate que enquanto eu passava a decima nona folha do livro que estava em mãos, ele começou.

__ Sabe... -ele deu um longo suspiro, sua voz era alta, forte- Eu gosto de morar onde moro... Acho que me acostumei tanto com aquele lugar que não me imagino morando em outra rua...

Eu o olhei, por cima dos óculos que estavam em meu rosto, sem levantar o queixo, permaneci de cabeça abaixada, com meu dedo parado na decima nona folha, enquanto o homem parecia pensar em suas próximas palavras, desviando o olhar para as laterais, olhando para as outras pessoas que agora prestavam atenção no estranho. Então, depois de alguns minutos ele continuou:

__ Talvez por comodismo ou medo... -ele abaixou a cabeça, tirando as mãos do bolso e as colocando sobre o colo- Não me sinto em casa estando em outras casas... Porque la no fundo sei que ali não é meu lugar, por mais hospitaleira que for a pessoa, eu -ele enfatizou o eu, articulando as mãos, enquanto fitava o chão, com longos suspiros- sei, que la no fundo ela só quer que eu vá em bora... 

Acho que devo dizer que minha casa se tornou minha prisão, e tudo fora dessa rotina monótona e massacrante que levo, eu não cumpro. Deixo sem fazer ou desisto no meio ou inicio do caminho, não porque eu não queira terminar, começar, ou fazer... -o homem balançou a cabeça de forma negativam e seus lábios tomaram a forma de um triste sorriso, enquanto seus ombros pesavam se abaixando- Ah, meus caros, é o que eu mais quero, se puderem me entender...  Me forçar a sair dessa monotonia que me acomoda, porém eu, não consigo fazer... 

Por Incapacidade, desilusão, problemas físicos? Vocês devem estar ai se questionando... Mas, não, não é nenhum desses... é cansaço... Pressão... mente... Minha vida cavou seu próprio tumulo, e agora está se jogando dentro...

E sabe... Eu não consigo mais me deitar para dormir e sonhar... Eu não sei qual foi a ultima vez que sonhei... Entretanto me lembro tristemente de qual o meu ultimo sonho...

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