Tramontina, Sutileza Cowell, Alzheimer

727 21 0
                                    

Encarando os aperitivos em cima da mesa de centro da sala, enquanto seis "homens" conversavam entre si. Apoiei meu queixo em minha mão e meu braço na minha coxa. O ambiente estava tedioso, daria tudo para que Pepê chegasse e eu pudesse inventar uma desculpa e acompanha-la ate a cozinha. Ou até mesmo que Anthony aparece-se e me tira-se do tedio com suas piadas sem graça. Estava ate cogitando na possibilidade da aparição repentina das duas gêmeas. Mas como o mundo estava contra o meu favor, nada aconteceu.  

Por mais meia hora pensando em coisas aleatórias, nem ligando para a conversa animada que ocorria a meu lado, fiquei ali, na mesma posição, notando os olhares rápidos dos meninos sobre mim.  

- Tio! - Chamei. - Eu pensei que fossemos sair.  

- E eu pensei que você iria acordar cedo! - Rebateu sínico. Filho de uma mãe. Ouvi o riso abafado dos meninos no ambiente. Respira, expira, respira, expira.  

- Eu vou pro meu quarto. - Levantei-me do sofá incomodada com o corte rápido Tramontina que havia recebido do Simon. 

- Ninguém te proibi disto. - Sr. Sutileza Cowell disse. Bufei já bastante irritada, e os olhares tenso dos meninos que perceberam que a brincadeira estava indo longe de mais. 

- Você tem razão, ninguém me proibi de nada. Espero que esteja ciente disto mais tarde. -  Virei de costas revoltada. Além de me acordar sem motivo ainda fica tirando com minha cara, como se eu fosse daquelas que abaixa a cabeça e deixa barato. 

- Eu disse que ninguém te proibiu de ir pro seu quarto. Não apronte nada que você saiba que eu não vá aprovar. - Falou elevando a voz. Apenas fiz o habitual "bla bla bla bla" totalmente infantil e fingi que não escutei, indo em direção ao meu quarto. 

Duas horas da tarde e eu olhava para a televisão sem qualquer canal que me entretece, pus-me de pé e caminhei para fora do quarto. Encontrando meu tio sentado em sua poltrona do escritório, ombros encurvados, cabeça baixa, mãos firmes no celular encostado na orelha.  

- Depois conversamos! - Finalizou a chamada e finalmente percebeu minha presença no encosto da porta. - Me desculpe hoje de manha, fiquei desapontado quando não apareceu no horário. - Disse olhando os papeis em cima de sua mesa e os organizando. 

- Nem todo mundo tem uma memoria boa. - Justifiquei me aproximando. - Alias ate um idoso com Alzheimer se lembra das coisas mais do que eu. Não esqueça que eu tive a proeza de esquecer meu aniversario três vezes, eu esqueço ate o que eu fiz a dois minutos atrás. - Ele sorriu para mim. 

- Eu sei, por isso te perdoou. - Se colocou a meu lado, deixando seus papeis no canto da mesa e se encaminhando a saído do escritório.  

- Eu que tenho que te perdoar, desde quando você virou a vitima da historia? - Perguntei incrédula e ele riu, ótimo.  

- Na verdade eu iria relevar o seu atraso, mas os meninos chegaram de surpresa com uma composição nova que fizeram ontem a noite. Eu estava resolvendo alguns assuntos com a gravadora para ver se eles poderiam gravar a música o quanto antes, ela é realmente boa, os meninos estão sempre me surpreendendo. - Falou todo orgulhoso com seu prodígio.  

- Que bom! - Disse sem um pingo de empolgação, não tinha nada haver com isto, então porque ficar feliz, alegre e essas coisas? 

- Eles me contaram sobre a brincadeira que fizeram no meu celular. - Apenas dei de ombros. - Pensei que gostaria de conhece-los.  

- Porque? - Perguntei curiosa.  

- Não sei, pelo o que Louis falou a conversa foi ate que engraçada. - Deu uma risada curta. 

Our Little SecretOnde histórias criam vida. Descubra agora