Fim?

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Henzo narrando:

Desde que Valentina terminou comigo que as coisas não têm sido nada fáceis.
Não consigo tira-la da cabeça e desejar todos os segundos do dia que aquilo não tivesse acontecido.
Agora além de estudar tenho ido todos os dias ver minha mãe, apesar de ela continuar dizendo que a culpa do bebê dela ter morrido foi minha por eu ter muitas semelhanças com meu pai.
Maya me ligou diversas vezes, veio até a porta de casa mas não atendi, não quero mais olhar para a cara dela.
Henzo: Olá, eu sou filho da dona Emily do quarto 114 posso a ver?
Recepcionista: Só um minuto porfavor.-Ela diz mexendo no computador.-Pode ir, o médico está a sua espera.-Ela diz com um sorriso forçado e eu apenas balanço a cabeça positivamente e saio, vou de encontro com o médico que estava na porta do quarto da minha mãe.
Médico: Você é o filho da dona Emily Brandão?
Henzo: Sim sou, o que aconteceu?
Médico: Sua mãe tentou fugir e acabou tendo um acidente, está em coma..
Henzo: O que???
Médico: Não pudemos fazer nada.. é melhor entrar e se despedir da sua mãe rapaz, não sabemos quanto tempo ainda lhe resta.
Quando ouvi aquelas palavras "meu mundo caiu". Se minha mãe morrer eu não tenho mais ninguém.. Sem pai, mãe, irmãos.. e sem o amor da minha vida que eu próprio deixei escapar.

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Jasmim narrado:

Escapar dos meus próprios sentimentos, é isso que tenho que fazer..
Meu irmão tem razão, não vou mais chorar por causa daqueles dois, não na frente dos outros. Meu coração pode estar em pedacinhos minúsculos mas ninguém vai saber da minha fragilidade outra vez.
Valentina foi para a casa dos pais dela por uns dias. Calma, não fiquei sabendo disso pela boca dela e sim pelo pequeno papelzinho cor-de-rosa pregado na geladeira hoje de manhã:

Oi Jasmim, sei que está muito chateada comigo e eu até entendi ao primeiro momento.. Mas agora sou eu quem está magoada por você não ter me ouvido e ficado do meu lado quando eu mais precisei de você.. Mas bom não vou discutir isso por um papel não é?! Aliás até deveria por ser o único jeito de falar com você mas enfim..
Vou passar uns dias na casa dos meus pais, espero que esse tempo te ajude a refletir e ver a verdade estampada "debaixo do seu nariz."
Ainda te amo. Com amor.. ou ódio, Valentina.

Jasmim: Como ela pode dizer que eu sou a culpada!?-Resmungo amassando o papel quando meu telefone toca.
Jasmim(telefone): Alô?!
Pedro(telefone): Oiiii menina do wifi.
Jasmim(telefone): Oi menino das coxinhas.-Digo rindo enquanto coço o pescoço.
Pedro(telefone): Preciso de você aqui daqui a 1 hora, temos algo para fazer.
Jasmim(telefone): Temos??-Sorrio.-Tudo bem, nos encontramos da qui a pouco.
Desligo o telefone, visto uma roupa confortável e saio ao encontro dele à frente da lanchonete.
Jasmim: Qual é mano?-Digo com uma voz engraçada e ele ri.
Pedro: Firmeza mina dos rap?-Nós fazemos um toque com as mãos.
Jasmim: Firmeza.-Sorrio.- O que vamos fazer?-Pergunto percebendo que ele trazia várias coisas.
Pedro: Você podia me ajudar a pintar um painel para colocar lá na lanchonete?-Ele sorri simpaticamente.
Jasmim: Sério? Claro.-Respondo empolgada.
Pedro: Legal, vamos.-Ele me puxa pela mão enquanto leva as coisas na outra e o painel debaixo do braço.
Jasmim: Vamos fazer isso onde?
Pedro: Na praça em público, para as pessoas conseguirem ver como as cores podem ser mágicas nas nossas mãos.-Nós sorrimos um para o outro.
Jasmim: E você sabe pintar por acaso??-Pergunto pensativa.
Pedro: Não mas você vai me ensinar.-Ele ri
Jasmim: Não sei se isso vai dar certo né, mas vamos tentar.
Assim fomos para o meio praça e começamos a tirar as tintas o que foi atraindo as crianças e alguns adultos.
Pedro: Oi gente, hoje eu e minha amiga Jasmim, vamos homenagear as mulheres e fazer um painel muito colorido para simbolizar toda a força que uma mulher pode ter.
Criança: Como assim?-Diz uma pequena menininha com os cabelos dourados.
Pedro: Como você se chama?
Criança: Luiza.
Pedro: A tia Jas vai te explicar.-Ele aponta para mim me deixando sem graça.
Fiquei um pouco receiosa de falar mas acabei por conseguir.
Jasmim: Que cor é o cabelo daquela moça ali Luiza?-Pergunto perto da garotinha apontando para os cabelos de uma mulher que também olhava.
Luiza: É preto.-Ela responde confusa.
Jasmim: Você sabe o que ela já sofreu pela cor do cabelo dela?-Ela nega com a cabeça.
Jasmim: E qual é a cor de pele da sua mãe?
Luiza: Branca.-Ela diz meia pensativa.
Jasmim: Você já sabe tudo o que ela passou antes de você nascer?
Luiza: Não..
Jasmim: E qual é a cor da blusa daquela menininha ali?
Luiza: É rosa.
Jasmim: Você sabe o que ela já passou sem saber?-Luiza nega com a cabeça novamente.
Jasmim: É isso que eu e o Pedro queremos demonstrar. Que há mulheres de todas as cores, formas, jeitos, todas nós sofremos por algo ou por alguém, lutamos por algo ou por alguém e quase ninguém pode ver através "de nossas cores" ou nossa aparência o que sofremos e lutamos cada dia.
Todos bateram palmas, e Pedro sorriu para mim, então começamos a pintar.. Escrevemos por toda a tela várias palavras de cores diferentes como "amor, vida, fé, dor.." até não sobrar nenhum espaço em branco, depois eu desenhei o rosto de um garota com o preto por cima das letras. Tentei dar o melhor de mim para que saísse algo legal e o resultado foi ótimo. Todos elogiaram e as crianças quiseram nos abraçar no final.. Depois levamos ele para a lanchonete e penduramos na parede.
Pedro: Fez um ótimo trabalho.
Jasmim: Você também..-Digo olhando para o chão.
Pedro: O que foi?
Jasmim: Nada..-Digo me virando.-Vou para casa..- Falo friamente e vou andando para casa..
Jasmim (sussurrando): Tudo que eu queria era vocês para vivenciar a experiência de hoje comigo.. Eu queria que estivessem orgulhosos da minha pessoa, mas não estavam lá.
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Matheus narrando:

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