4. Matteo

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Perdido entre muitos pedidos e fechando a conta de outros clientes que meus primos traziam, só notei o que acontecia quando Francesco me cutucou. Primeiro olhei na direção dele e depois para onde o seu dedo apontava.

Tive vontade de rir primeiro, depois senti raiva, muita raiva pelo que ela estava fazendo comigo. Quem ela pensava que era para ter um encontro na pizzaria da minha família? Ela queria me humilhar? Mostrar que ela era desejada e que eu estava errado sobre ela ser uma brutamontes comedora de corações?

- Eu cuido dessa. - Murmurei para ele.

Antes de começar a me afastar, senti sua mão segurar o meu braço e me virei para ele. Sabia que a fúria estava presente na minha expressão, assim como em todo o meu ser. Ele engoliu em seco e me soltou enquanto pensava se era uma boa continuar com o que ele havia começado.

- Tem certeza?

Gargalhei e balancei a cabeça em negação.

- Não vou bater no cara. - Peguei um bloco e uma caneta em mãos, saindo em direção à mesa em que ela estava.

Parei ao seu lado e pigarreei, interrompendo uma conversa que parecia animada. Por que eu me sentia um lixo com tudo aquilo? Era a droga da Arabella Pasini, a garota que sempre me odiou e que eu odiei de volta. Por que aquilo agora? Respirei fundo e vi o quanto ela ficou surpresa ao me encontrar ali. Ela sabia que eu ficava no balcão e não como garçom, por isso seu sorriso esperto não tardou a aparecer. Droga de garota! Eu mal havia começado e ela já estava ganhando esse jogo.

Foi então que eu encontrei o olhar do garoto que a acompanhava e ele me lembrava muito... Eu mesmo. Tive vontade de rir, mas apenas pressionei os lábios e me contive. Ela era muito previsível. Se não podia ter o inimigo, então procuraria alguém parecido como ele. Tudo bem, ele parecia ser mais velho e de repente eu me senti ameaçado, mas eu conseguia conquistar qualquer mulher que eu quisesse e com Arabella não seria diferente.

- Já querem fazer seus pedidos? - Perguntei, vendo os cardápios bem colocados ao lado de ambos.

- Queremos uma pizza, meia calabresa e meia quatro queijos, por favor. - Foi o garoto quem se pronunciou, me devolvendo os cardápios enquanto eu anotava. - Um refrigerante de cola para ambos.

- Quatro queijos, Arabella? Você tem intolerância à lactose, tem certeza disso? - Questionei, um sorriso esperto brotando no canto dos meus lábios enquanto eu terminava de anotar e colocava os cardápios embaixo do braço.

Levantei o olhar para ela e vi sua expressão furiosa, as bochechas ficando rosadas de repente. Tive vontade de rir, mas me contive mais uma vez.

- Oh, você quer refazer o pedido, Bella? - Perguntou o garoto à ela, tocando sua mão por cima da mesa e eu pude ver o seu polegar acariciando os nós de seus dedos em uma clara tentativa de mantê-la calma. Com certeza havia notado a expressão assassina da garota.

- Não, Jay. Está tudo certo. - Deu um meio sorriso e abaixou a cabeça, tímida.

Arabella Pasini tímida? Essa era novidade! E por que estavam se chamando por apelidos? E que droga de apelido era Jay?

Respirei fundo, contendo a vontade de revirar os olhos. Aquela seria uma longa noite porque tinha tomado a brilhante decisão de atendê-los.

- Tudo bem, só isso mesmo, garoto. - O tal Jay me dispensou, sorrindo e voltando o olhar para Arabella.

Ele me chamou de garoto? Eu lhe mostraria o garoto. Eu era muito mais do que isso, eu era um homem. OK, talvez eu estivesse exagerando e ele só estivesse sendo educado.

Tive medo do que encontrei naquela troca de olhares porque vi um sentimento crescendo ali. Eu sabia que não devia sentir aquilo, eu não tinha qualquer direito sobre aquela garota. Ela não era minha e nunca poderia ser. Eu tinha que esquecer qualquer que fossem as minhas intenções, deixar que ela seguisse sua vida sem as minhas interrupções infantis. Se eu queria me mostrar um homem, eu começaria deixando-a em paz.

Entre Segredos e Pizzas [DEGUSTAÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora