Caminho por uma rua deserta, acabava de soar o sino das 23:00 na igreja, este que ecoou por praticamente toda aquela pequena cidade, respiro fundo sentindo o aroma das flores de um pequeno canteiro a minha direita, atravesso a rua indo em direção ao Vine, uma espécie de "bar e restaurante" que tinha ali, ou esperava que tivesse, faz tantos anos que não venho para cá...
Após alguns minutos de caminhada, entro no local, o mesmo cheiro de álcool suave, e aroma barato de sempre, olho ao redor, vejo ou imagino ver alguns conhecidos, continuo indo até o balcão, me sento em uma cadeira e peço uma dose de uma bebida qualquer.
Aquele gosto, amargo com final doce, típico dos coquetéis daquele lugar, eles me faziam lembrar de Jonathan... Reviro os olhos quando o rosto dele vem à minha memória. Viro o copo bebendo tudo que estava nele, desce rasgando, mas como sempre, com um final doce. Deixo uma nota de 100 dólares no balcão, o que pagava mais do que tinha dado, me levanto, e quando me viro, fecho meus olhos e suspiro, logo sinto uma mão segurar em meu braço e um rosto encontrar o meu, era ele, eu podia saber só pelo cheiro de seu perfume, não mudava nunca, abro os olhos, ele está parado em minha frente, nossos lábios frente a frente quase se tocando, seu maxilar estava travado, e seu rosto demonstrava sua "raiva", me seguro para não desmoronar em lágrimas, ou matá-lo em porradas.
- Jonathan... - é a única palavra que sai da minha boca.
- O que você está fazendo aqui? - ele diz grosso.
- Me larga - falo puxando meu braço.
- Você não respondeu. Aliás não respondeu por anos.
- Não te devo satisfações sobre minha vida. - solto meu braço e me afasto.
- Isabela... - ele parece mais calmo agora.
- Você me forçou a fazer aquilo.
- Eu? - aquele ar nervoso volta.
- Você queria que eu fizesse o que? - digo olhando para ele.
- Poderia pelo menos falar comigo.
- Eu não quero conversar, não quero brigar, até por que vou ficar aqui por pouco tempo.
Saio do bar e logo sinto uma pontada na cabeça, que se intensifica, sinto uma insuportável dor, como se meu cérebro fosse explodir, grito.
- Eu quero conversar - Jonathan reaparece.
Não respondo, logo a dor vai passando, já estava acostumada com aquilo, viro meu rosto para ele e jogo meu cabelo para trás com raiva.
- Odeio quando usa magia em mim! - bato em seu rosto.
Ele passa a mão pelo local.
- Isabela, eu estava a um tiquinho de te esquecer, e você reaparece, será que eu nunca vou poder seguir em frente sem ter você me empacando?
- Olha, você nem precisava ter vindo falar comigo, eu poderia ter passado os quatro dias que eu vim passar aqui sem olhar na sua cara, a culpa não é minha.
- Você disse que desapareceria, e agora volta?
- Ah! Vai se ferrar, Jonathan! Primeiro, como vc soube que eu havia voltado?
- A trilha de corpos em direção à sua casa, do modo como você mata, achou que eu não descobriria?
Reviro os olhos e o encaro.
- O que quer comigo?
- Você desapareceu, eu tentei te ligar por 4 anos, todos os dias, achei que tivesse morrido, quando te vi em Vancouver e tudo aquilo aconteceu, você me mandou te esquecer, disse que desapareceria e agora volta?
- Não cite Vancouver! - digo firme e alto, me lembrando do que aconteceu, alguns flashes do que aconteceu.
- Cito Vancouver, você sabe o que aconteceu! Você quis! E depois foi embora!
- Não jogue a culpa em mim Jonathan! Você também estava lá, eu não transei sozinha. - suspiro e jogo o cabelo para trás.
- Está certa! Transamos! E teve um significado, assim como nossa amizade tinha, eu desenvolvi um sentimento por você, e você foi embora, simplesmente sumiu! - ele diz exaltado
- VOCÊ É CASADO JONATHAN! - grito
- Não sou mais! Eu desisti de tudo Isabela! De tudo! Eu estava disposto a criar algo, a me dedicar! Eu queria!
- Para! Não vim para brigar! - vou indo em direção à saída do estacionamento que ficava na frente do bar.
- Então é isso? Você estraga minha vida e depois vai embora? DE NOVO? - ele grita, se aproximando do carro dele.
Volto ficando cara a cara com ele.
- O que diabos você quer que eu faça Jonathan? - grito.
Em um movimento rápido, ele pega em minha cintura e me beija, seu beijo era diferente de qualquer outro. Era suave e intenso ao mesmo tempo, conseguia me fazer derreter por dentro. Quando me dou conta, estou encostada contra o carro e ele me beijava. O afasto.
- Não posso fazer isso..
- Isabela..
- Não to pronta para ser o que você precisa que eu seja.
Saio dali em vdv >velocidade de vampiro< e paro em uma rua estreita que dava em minha casa, suspiro e caminho até em casa, entro e vou direto para o quarto, fico pensando no que aconteceu. E logo me vem flashbacks na cabeça.
~ Junho de 1984 - Flashback ~
Estava andando distraída para casa quando alguém me agarra e quebra meu pescoço, só me lembro de acordar amarrada com cordas cheias de verbena, e um homem olhando friamente para mim, sua boca sangra, provavelmente havia levado um soco, ou algo do tipo, ver aquele sangue, fez meu rosto mudar, naquela espécie de "vogue" que todos os vampiros tem, minha garganta estava seca e eu podia ouvir seu coração bombeando sangue por todo o seu corpo, sua carótida se elevava quando gritava alguma coisa pra mim, eu não conseguia prestar atenção no que ele fazia, pode ser considerado ridículo, mas com pouco mais de 500 anos eu ainda não controlava minha sede por sangue, desde que sai da Drents, uma organização que usava vampiros para pesquisas científicas de cura para doenças, o que também me fez ficar mais forte, e resistir a dor e a verbena, mordo forte meu lábio inferior e parto para cima dele, me soltando das cordas, mordo seu pescoço, seu sangue era tão bom, tiro minhas presas de seu pescoço e logo sinto uma dor insuportável na cabeça, como se fosse explodir meu cérebro, lógico, típico feitiço de bruxos da antiguidade, fico em pé lhe confrontando.
- Parece que está sem mais truques na manga. -digo sorrindo apesar da dor que estava sentindo.
- Se eu quisesse, te mataria em um estalar de dedos.
Pulo em cima dele, socando sua face, e logo ele retribui as pancadas.
- Cavalheiro.
- Não fui eu quem provocou.
Continuamos "lutando por um tempo", até que acendo um fósforo e ponho fogo em suas vestimentas, ele que logo faz o fogo apagar.
- você é louca ou algo do tipo?
- Não sou eu quem amarra as pessoas com cordas de verbena.
- Não são pessoas, são monstros, vampiros.
- Não acho que eu seja um monstro, já olhou para mim, sou linda - digo olhando para ele.
Ele sorri, é estranho, porque seu rosto está inteiro a sangrar, e ele sorri para mim, eu que fiz aquilo.
~Flashback off~
Uma lágrima escorre e esmurro a parede, odeio ele!
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O retorno
FanficIsabela, uma vampira de 670 anos. Jonathan, um bruxo de 2500 anos. Uma amizade, ódio, brigas, mortes. •baseado na série de televisão The Vampire Diaries