As Lembranças da Infância

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Primavera novamente...

Chloe Helmut caminhava lentamente em direção ao lago. Fazia tempo que não retornava ali naquele lugar. Avistou o rancho onde brincava todas as tardes com seu amigo William Walker. As lembranças vieram à tona, o dia que ela foi levada por sua tia Beth para estudar na capital. Ela olhava para as águas cristalinas e suspirava a cada lembrança, boas ou ruins. Lembrou-se de seus pais, e do dia que aconteceu o acidente...

Ela estava tão confusa. Sentada no mesmo lugar que costumavam sentar quando crianças, ela esperava por William, com muitas dúvidas a serem sanadas. Dúvidas que cutucaram sua mente por um longo tempo. Ela suspirou, entrou no escritório e sentou-se, estava insegura do que estava por vir. Beth sua tia que a levou para o orfanato na infância a esperava ansiosa.

-Querida Chloe, eu peço desculpas pelo tempo que deixei você trancada no orfanato, - disse-lhe Beth - mas a única saída plausível naquele momento foi ter feito isso.

Chloe olha por sobre os ombros enquanto Beth continua:

-Você agora está uma moça formada, e como tal deverá saber de tudo. Tudo sobre o acidente daquela noite fria de dezembro.

De súbito, Chloe se vira de frente para a tia e a encara com um olhar congelado, ansioso pelo que Beth teria a dizer:

-Para isso eu trouxe alguém para me ajudar a te explicar. Aliás vocês têm muito o que conversar. Trouxe aqui o William. Lembra-se dele querida?

Um arrepio percorreu todo o corpo de Chloe. Ao contemplar o homem a sua frente. Não poderia imaginar que aquele franzino menino poderia ter se transformado num homem tão belo.

- Você não vai cumprimentar seu amigo Chloe? -Diz Beth.

Aturdida com pensamentos da infância Chloe percebe que William está esperando por um abraço e sem esperar um segundo se joga em seus braços e lhes dá boas vindas.

Era dezembro, e todos estavam ansiosos para festejarem a passagem daquele ano. Toda a família estava reunida em sua casa. Sua tia Beth e o esposo, seus primos John, Antony e Victoria, além é claro de Will e sua família. Seus pais haviam ido até o centro da cidade para buscar os últimos preparativos da festa. Chloe brincava com as crianças enquanto as mulheres arrumavam a casa. Will era bem menino, seus pais trabalhavam há muito tempo com Thomas Helmut, pai de Chloe. Havia música e muita alegria.

De repente começou a chover e foi gradativamente aumentando a força do vento. Em instantes aquela chuva se transformou em uma forte tempestade. Num estalo retumbante no céu, Chloe sentiu seu corpo estremecer, mas não foi com o barulho do trovão. Os ventos sopravam forte, o céu tornou-se um tom escuro, as nuvens se agrupavam como regimentos militares compactos. Chloe olhou o céu e se lembrou do que dizia sua avó "os ventos de hoje sopram obrigados"!

Mais uma vez um arrepio e um frio na espinha, o telefone tocou:

-Oi filha, vamos demorar um pouco, o céu está se fechando por aqui.

-Aqui já está papai, e está daquele jeito que vovó não gostava...

-Tudo bem filha, vai ficar tudo bem, te amamos!!

-Beijo da mamãe! -Gritou alegre a mãe, Lana Helmut.

-Beijo do papai também, tranque tudo, se cuide, tenho muito orgulho de você!

-Amo vocês também. Somos o que somos...

-...porque juntos somos um! Boa garota, boa garota...

A escuridão do céu já não perturbava tanto Chloe. As crianças começaram a se acalmar amedrontadas por causa dos relâmpagos. Chloe propôs então um jogo de leitura, onde cada um leria uma parte de qualquer livro. Sentou-se na poltrona de seu pai e iniciou a leitura de um romance, o preferido da Sra. Helmut. Will e seus primos a ouviam atentamente.

REVIRANDO PÁGINASOnde histórias criam vida. Descubra agora