O orfanato

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O rosto de Chloe encheu-se de lágrimas quando ouviu o que a moça estava a falar, logo ela levou-a para o quarto. Depois de tudo que passou, coisas ruins, agora estava ali naquele lugar estranho.
Já no quarto Chloe vestiu o uniforme e deitou-se na cama que era muito diferente da sua.

- Deus por que isto está acontecendo comigo? Fui uma filha tão comportada e obedeci aos meus pais, por favor me explica isso!

Logo dormiu e por volta de uma ou duas horas depois a governanta acordou-a dizendo que estava na hora do jantar, mas Chloe estava decidida não queria comer, até que a mulher chamou dois homens que a levaram até a mesa e ela teve uma ideia, um tanto infantil. Iria pegar seu jantar jogar nos homens e tentar fugir...
Depois que fizeram a oração começaram a servir, mais que depressa ela atirou-lhes o prato e correu até a porta, mas tinha um porém, a porta estava fechada. Pegaram-na e levaram ao quarto escuro. Aquele era o quarto do castigo e ficou lá por dois dias sem comer. Era muito escuro não se via nada além de escuridão...

- Estava ficando louca? - Pensou.- O que ela tinha feito de errado?

Passados os dois dias, enfim seu primeiro dia de aula na escola interna. Chloe recobrava o ânimo, afinal dentre tantos dias difíceis esse seria um que com certeza poderia ser bom. Ela gostava de fazer amizades e isso seria possível agora, embora no orfanato os círculos de amizades fossem mais fechados, tinha que se entrosar com outras meninas. Sorria feliz ao entrar na sala, mas não foi como o esperado. A professora pediu para que os colegas lhe dessem um bem-vindo, mas para sua surpresa ninguém se manifestou. Sentiu que não era bem-vinda naquela sala. A professora pediu então para que Chloe se apresentasse a turma. Meio sem jeito ela foi até a frente e disse seu nome e de onde veio.
Com o passar dos dias Chloe foi conquistando novas amizades e abrindo o seu espaço em meio àquele mundo de crianças que de uma forma ou outra vieram parar ali naquele orfanato. Cada dia era único ali. Lembranças de seu lar e seus amigos nunca saíram de sua mente. Esperava ansiosamente chegar a maioridade para que novamente lhe dessem o direito de voltar as suas origens.
Depois do tempo que tinha passado, fizera amigos que ela acreditava que não existiria em nenhum outro lugar, estes se tornaram como irmãos.
A professora Marjorie se tornou sua confidente. Criaram um laço de profunda amizade.
Marjorie era uma mulher de seus 40 anos, nunca se casou e não tinha filhos. Logo sentiu um profundo amor por Chloe e por sua história. Ainda tão menina é com tanta coisa para se viver, ter os pais arrancados assim de sua vida de forma tão brutal.
Marjorie estava disposta a fazer por Chloe o que fosse preciso para torná-la uma mulher mais determinada, forte e menos atrofiada pelos traumas sofridos.
O que a professora Marjorie não assimilava era a forma como a tia trouxera Chloe para Chanthal. Faltavam peças, e toda vez que ela abordava a jovem sobre esse ponto deixava-a transtornada, com inúmeras perguntas sem resposta.
A professora investia em Chloe, o apreço pela garota crescia instintivamente, o amor e a cumplicidade entre as duas crescia como haveria de ser.
Clone agora já era uma mocinha com seus 16 anos. Muitas coisas aconteceram no decorrer dos anos, muitas dúvidas ainda atormentavam a jovem, o modo como ela foi parar ali; fato de ser um lugar tão longe de sua terra natal; e porquê a tia nunca a visitava. Será que ela já havia morrido? Será que ela estava realmente só no mundo?
Embora suas emoções tivessem amadurecido e o esforço da professora Marjorie em fazer com que esquecesse a tragédia da perda de seus pais, a jovem se questionava e essas dúvidas a consumiam. Num certo dia do mês de agosto, Chloe estava sentada no refeitório com os demais colegas quando uma jovem loira, cabelos curtos, olhos verdes, corpo bem torneado, lábios finos, Sorriso cativante e voz suave, sentou-se do seu lado.

-Oi, você é Chloe?

-Sim, sou eu e você quem é? -Respondeu assustada.

-Janine.

-E você é de onde?

-De qualquer lugar, isso não importa.

-Ok.

-Você tem muitos amigos...

-Sim, são como irmãos, somos uma família aqui.

-Isso é ótimo precisamos de família.

Chloe achou estranho o modo como ela se apresentou, parecia que ela já a conhecia.
A moça olhava para ela como se já soubesse o que dizer e fazer, Chloe ficou constrangida, juntou sua bandeja e retirou-se deixando a moça sozinha.
Enquanto Chloe se dirigia ao balcão do refeitório, um dos internos que vinha correndo, deu-lhe um esbarrão, e antes que ela caísse, Janine já estava ao seu lado e impediu que ela se machucasse. Chloe ficou assustada com modo e a rapidez em que a moça a socorreu, reagiu agradecendo em meio a perplexidade e deixou a novamente.
Naquela mesma semana, durante a aula de educação física, Chloe observava com mais atenção a jovem Janine, impressionada com seu preparo físico destreza e disposição para os exercícios propostos pelo professor Paulo, o que lhe incomodava não era a facilidade de seus movimentos, e sim o mistério que ela trazia no olhar.
Professora Marjorie também esteve inquieta diante da bela jovem. Sentia-se ameaçada com o jeito dela agir e interagir com Chloe.
Passados mais alguns dias, Janine foi surpreendida por Chloe numa madrugada em que ela treinava Tai Chi no telhado do Casarão.

-Como ela foi parar lá? Que movimentos lindos, talvez esteja aí a explicação...-pensou Chloe em meia voz.

REVIRANDO PÁGINASOnde histórias criam vida. Descubra agora