Máscara

Capítulo Único

Era uma vez uma terra distante... uma terra onde as pessoas usavam máscaras para esconder o realmente sentiam. A única regra dessa terra era que as pessoas sempre deveriam estar felizes... A regra era seguida com perfeição: ou era isso que parecia, pois as máscaras estavam sempre felizes.

E nessa terra, havia uma menina. Bem, nesse lugar haviam milhares de meninas, mas essa era diferente. Seu nome era Lucia, e ela não gostava da única regra existente naquela terra.

Lucia não queria mostrar-se feliz, quando na verdade, estava quebrada por dentro. Não queria sorrir, quando na realidade a única coisa que desejava era se atirar na cama e chorar até dormir. E tampouco queria usar sua máscara mais.
Com essa ideia em mente, ela atravessou o oceano que separava sua terra mascarada da terra dos Sem-Máscara. Não havia regra que a impedisse de fazer isso, mas ela sabia que se os anciãos de Máscara, sua casa, a descobrissem, ela seria punida.

Na nova terra, ela explorou e explorou. Descobriu novos costumes, novas faces de pessoas, que em sua terra jamais seriam vistas, pois ao usarem máscaras de felicidade, jamais mostrariam outro sentimento. Ela viu pessoas chorando, rindo, gritando, esbravejando. Lucia se encantou com esse novo lugar, mas sabia que não poderia ficar ali para sempre. Precisava voltar logo. Mas ela teve algumas ideias enquanto esteve de visitante na terra dos Sem-Máscara, para ajudar sua própria casa.
Com essas coisas na cabeça, ela retornou à Máscara, confiante. Mal chegou em casa, e fez as malas novamente. Dessa vez, partiria para a capital de sua terra, para encontrar os anciãos, os Mascarados. Ela queria contar-lhes sobre a outra terra, sobre as emoções humanas que vira e que eram proibidas em Máscara.

Incrivelmente, ela conseguiu uma audiência com os líderes assim que chegou. Ela se pôs diante eles, sua própria máscara dizendo que estava feliz. E sim, ela estava feliz, mas também estava nervosa. Muito nervosa.

Então, reunindo toda sua coragem, Lucia começou a falar. As palavras lhe fluíram tranquilamente, como se tivesse ensaiando tudo o que queria dizer. Ela não havia ensaiado, na verdade. Só começara a falar o que lhe viera à mente. Ela contou sobre a tristeza, a raiva, a alegria, e todas as outras emoções que vira na terra dos Sem-Máscara. Sobre como seria bom poder parar de usar máscaras, e poder mostrar o que as pessoas realmente sentiam.

Os três anciãos a ouviram com atenção, sem em nenhum momento interromper. Então, quando ela finalmente terminou de falar, um deles se pronunciou.

"E qual sua ideia, menina?", ele perguntou, calmamente.

Ela ficou em silêncio por alguns segundos, sem saber o que responder. Qual era sua ideia? Que as pessoas deixassem de usar máscaras? Isso? Lucia respondeu exatamente o que pensou.

"Bem, querida Lucia, infelizmente não podemos atender ao seu pedido, não agora. Imagine a confusão que ocorreria em Máscara se tudo o que as pessoas conhecem de repente desaparecesse?", o mesmo líder continuou, amigável, mas firme.

"Então não podem fazer nada para as pessoas começaram a expressar seus verdadeiros sentimentos?", ela indagou, a voz trêmula e aguda.

O homem a encarou, gentil. Ele não era o tipo de ancião que Lucia esperava encontrar; pelo contrário, era gentil e aberto a novas ideias. Mas não poderia dizer isso sobre os outros dois líderes, que a encaravam com inimizade.

"Nós podemos mudar algumas coisas. Podemos criar uma máscara que represente a tristeza. O que acha? Duas emoções apostas são melhores que apenas uma.", o líder gentil respondeu. "Você só precisa dizer que sim, que gosta da ideia, e todos de nossa terra receberão uma máscara triste, assim como instruções e outra nova regra..."

Lucia abriu o mais largo dos sorrisos. Sua máscara nunca a representara tão bem.
"Sim."

Não era sua ideia original, não era o que havia pensado. Mas já era um começo.

***

Bom, espero que tenham gostado do conto... bem curtinho, né? Esse conto foi originalmente escrito para um trabalho de produção de texto da escola, mas eu gostei tanto dele que tive que postar. É uma obra bem pessoal, e quem me conhece mesmo percebe isso.

Eu adoraria que vocês deixassem sua opinião nos comentários... ajudaria-me a saber se vocês gostaram ou não :) obrigada

Bjs!!