Inverno, Música, Cappuccino.

Cap. 1 - Alguém REALMENTE Estranho.

Assim que acordo, tenho que piscar várias vezes seguidas para conferir que aquilo não era um sonho. Hoje, era o meu primeiro na loja que eu tanto desejava!
Eu não era a dona, mas a própria, a Sra. Martha, comprou a minha ideia e meu serviço.

Okay, isso definitivamente soa um pouco estranho, porém não foi tão ruim assim... Eu não tinha (e não tenho) dinheiro suficiente para fazer a loja no shopping. Foi a única forma que eu encontrei de fazer com que a loja que tanto queria, se tornasse real.

Saio da cama com um pulo e confiro novamente meu relógio de pulso; são sete e meia da manhã. A van passa em minha casa às oito e vinte.
Vou para o banho e assim que saio, escolho uma roupa simples e faço uma trança no meu cabelo ainda molhado.
Pego uma fruta e como enquanto assisto Televisão.

Sim, voltando a loja. Ela se trata de uma loja que vende músicas, só que para celulares e computadores.
O legal, é que as músicas são super baratas (R$ 0, 25 em média! ) e os álbuns completos valem muito a pena ( o mais caro custa R$ 15, 00 )!
O nome da loja é TechnoMusic , ela é a quarta loja do shopping, que não é muito grande, e tem um layout que chama muito a atenção.

Eu me esforcei muito para que essa loja desse certo. Criei uma página no Facebook, um Twitter, um Instagram... Todas as redes sociais que você imaginar!

Checo novamente meu relógio, vendo que são oito e quinze.
Corro o mais rápido possível para a entrada do prédio e a van passa minutos depois.
Assim que entro na mesma, tento dar o "bom dia" mais animado que consigo.

- Bom Dia! - digo.
Vejo que algumas pessoas se assustam e outras me cumprimentam, sem muita animação.

Sento ao lado de Melissa, minha melhor amiga de escola, e minha futura amiga de faculdade.
Ela trabalhava no café em frente a TechnoMusic, o que nos aproximava mais ainda.

- O que você está ouvindo? - pergunto, pegando um de seus fones de ouvido.

Logo escuto uma música familiar, e a melodia preenche meus ouvidos.

Será só imaginação?

Será que nada vai acontecer?

Será, que vamos conseguir vencer?...

- Não sabia que gostava de música brasileira, Melissa! - digo tirando o fone.

- Primeiro; É claro que eu gosto! , Segundo; É Mel. - diz ela.
Vai começar de novo.

- Você sabe muito bem que seu nome é lindo, e não importa quantas vezes você diga, vou continuar te chamando por ele completo. -falo e lhe dou um peteleco carinhoso.

- Você fala isso porque seu nome é perfeito! - ela diz.
Okay, era simplesmente IMPOSSÍVEL discutir com Melissa, quer dizer, Mel.

Eu gostava do meu nome. Alice me lembrava um dos livros que eu mais amo.
Finalmente chegamos no shopping e a primeira coisa que faço antes de ir para a minha loja e pedir um capuccino na loja de Melissa. Eu amo capuccino!

Conforme vou caminhando para a minha loja, meus olhos vão ardendo, antecedendo uma cachoeira de lágrimas.
Não. Aquilo não podia ser real.

Aquilo não podia estar acontecendo comigo! Onde estava a Polícia uma hora dessas!
Me aproximo e vejo uma briga bem em frente a minha loja.

- Você é uma falsa! - uma das meninas ali grita.

- Não é minha culpa se ele era bonito! - a outra rebate.

Droga. Me aproximo tentando afastar, a briga, sem sucesso.
Ouço uma voz grossa gritar e com um susto, elas se separam.
Pouco tempo depois, um garoto alto e moreno se aproxima.

- Sério? Dá para vocês brigaram lá fora? - diz a tal "voz".
Elas olham para ele por um bom tempo, e depois saem dali, ainda discutindo.

- Obrigada. - digo e começo a abrir a loja, o convidando-o a entrar.

Ele entra e me acompanha até o balcão. Fica olhando ao redor e eu aproveito para finalmente beber um pouco do meu Cappuccino.

- Você tem Happy Song? - ele questiona. - Bring Me The Horizon? - termina.
Então eu me engasgo com a bebida.

Começo a tossir e ele ri de mim. Pensei que apenas eu e Melissa conhecêssemos essa banda! Tudo bem que muitas outras pessoas conhecem, mas eu nunca conheci nenhuma delas.

- Para falar a verdade, tenho sim. - falo.
Começo a procurar a música.

Acho e pesso a ele o celular. Mando a música por Wi-Fi Direct.

Tomo coragem e digo o que está entalado em minha garganta.

- Você... Curte True Friends? - BMTH (N/A : Bring Me The Horizon, para quem não entendeu.) - pergunto.
Ele faz uma careta.

- Na verdade, acho uma das piores músicas do BMTH. - fala.
O quê? Para. Para tudo!

- Essa música é minha música predileta! - digo, incrédula.

- Péssimo gosto! - diz ele.
Ah, por favor!

- Okay. Esquece isso. Bom, leve essa música por conta da casa. É um agradecimento. - falo.

- Tudo bem, não sou nenhum mendigo. - fala irônico.

- Qual é! Então... Que tal um café amanhã, nove horas? - questiono.

- Tudo bem. - fala.
Ele vai saindo da loja.

Coloco então, a playlist que preparei. Mudei a ordem, propositalmente, e a primeira música começou a tocar. True Friends.
Ele para em frente a porta, e faz outra careta. A música está num volume agradável, de uma forma que podemos conversar normalmente.

- Qual o seu nome, menina do mal gosto musical? - pergunta ele.

- Alice. E o seu, menino... - olho para a sua camisa, e percebo que na verdade é um uniforme - Menino do sebo de livros? - acabo a pergunta.
Ele sorri e sai da loja.

Fico pensando em qual seria o seu problema em me responder, mas ele é mais rápido.
Volta para a loja e a atravessa com um papel na mão, joga no balcão, e vai andando para trás, ainda olhando para mim. Ele bate continência e sai de novo.
Eu rio daquela palhaçada e leio o que está escrito no papel.

"@exempleboy, converse comigo Alice do mal gosto musical. Twitter"

Ele ainda não me falou seu nome - pensei - Bom, não custa nada tentar.
Peguei meu celular, mas decidi que criaria minha conta pessoal depois com a ajuda de Melissa.

Aquele menino era REALMENTE estranho, porém a minha curiosidade ainda me mataria um dia.