Me afasto e dou um sorriso amarelo. Sinto meu rosto queimar e viro para trás.
- Então, que bom que gostou. - Ele fala e sai da loja.
Fico pensando por um tempo.Se queria beijá-lo, por quê simplismente não o beijei?
Não entendo o que se passa comigo nesses momentos, mas eu não tenho escolha. Eu sou desse jeito.(...)
Quando finalmente chego em casa, mando uma mensagem correndo para Melissa.
Alice - Oii? Está tudo bem?
Ela demora um pouco para responder.
Melissa - Mais ou menos.
Fico preocupada instantaneamente.
"Mais ou menos? Por que mais ou menos?" - penso.Alice - Mel, por favor, me fala o que aconteceu.
Melissa - Eu estou doente. Muito doente. A doença que tenho é conhecida, mas eu a peguei da pior forma.
Minhas mãos começam a tremer.Câncer é a primeira doença que penso, mas se fosse eu saberia antes.
O quê poderia ser?Melissa - Eu estou com Dengue hemorrágica.
Meu coração bate mais forte. É como se o tempo parasse naquela mensagem, eu li e reli diversas vezes.
Meu cérebro não processava aquela informação.Desligo e celular e vou para o banheiro. Começo a chorar, pensando em todos os bons momentos que passamos juntas.
Não tenho vontade de fazer mais nada, tudo o que quero é que seja mentira, que tudo não passa de um pesadelo.
Então percebo que tudo ainda não está acabado, ela ainda tem uma chance.
Eu preciso vê-la.(...)
- Mel? - pergunto quando entro em seu quarto de hospital.
Ela está deitada, com alguém próximo a ela.
Me aproximo e vejo que essa pessoa é Caio, e que Melissa tem lágrimas nos olhos.
Ele sai e passa por mim sério, o que me faz segura - lo.- O que aconteceu aqui? - questiono ele.
Ele dá de ombros.- Expliquei para ela que eu não a quero mais. - Ele fala.
A raiva sobe em meu corpo, e antes que eu possa evitar, lhe dou um tapa no rosto.Ele olha para mim com uma cara confusa e sai da sala, com uma mão aonde eu o bati.
Melissa olha para mim e ri, eu a acompanho, mas paro quando ela faz uma careta.
Sento na sua frente da maca, e a olho com preocupação.- Eu... Eu quero que toque Legião Urbana no meu enterro - ela fala, repentinamente.
Me engasgo com o ar.- Como você fala de sua morte tão... Calmamente? Você não tem esperanças de cura? - digo, transtornada.
- Tenho, mas sou sensata. E realista. Você não esqueceu que hoje é quinta-feira, esqueceu? - Mel diz.
Com um estalo, me lembro.Essa semana tem sido muito atarefada, que esqueço de ligar para meu pai.
Sou filha única, e desde que comecei a morar sozinha, ligo todas as quintas-feiras para o meu pai.Quando eu tinha apenas 2 anos, minha mãe se separou do meu pai. Ela não amava ele de verdade, muito menos eu.
Meu pai foi meu porto seguro todo esse tempo, eu tinha que retribuir.Me despeço de Mel com um a abraço apertado, tentando ignorar nossa mórbida conversa de antes.
Me despeço de seus pais d eles insistem em me levar para casa. Eu não nego, porém passo o caminho todo com a cabeça imersa em pensamentos.(...)
- Alô? - falo quando ele finalmente atende.
- Alice! Saudades de você, me esqueceu? - fala Ele, brincando comigo.
- Para sua informação Sr. Marcos, eu nunca irei te esquecer. - digo.
- Você está bem? Fiquei sabendo o que aconteceu com Mel... - Ele diz.
- Sinceramente... Não. Ela trata a morte como algo próximo e possível e... Isso me esgota psicologicamente. - digo - Queria você aqui. - desabafo.
Meu pai sempre me ajudou quando eu precisava, nunca negou amor, carinho e conforto.
Eu o amo, estava sem vê -lo a mais de dois meses, eu precisava dele nesse momento mais do que nunca.- Sério? - ele fala - Então, por favor, abra essa porta. - conclui.
Corro para a entrada.Abro a mesma rapidamente, abraçando meu pai assim que o vejo.
Eu começo a chorar e a desabar, enquanto ele acaricia meu cabelo.Eu solto ele e ele se senta no sofá. Deito em seu colo como uma criança e ele me diz palavras de conforto.
Depois de alguns minutos me levanto, tentando me recompor, e lhe dou um beijo na testa.- Obrigada - sussurro.
- Se você acha que eu vim aqui e te deixarei Dormir sozinha, está muito enganada! - ele fala.
Dou uma risadinha fraca.Meu celular vibra e meu pai é mais que eu e pega o mesmo.
Ele levanta uma sobrancelha e vejo seus olhos marejados. Não entendo no começo, mas então ele me entrega o celular.- Minha bebê está crescendo. - murmura ele.
Rio abertamente e entendo o porque da piada.Vejo que recebi uma mensagem de Guilherme, me perguntando o que está acontecendo, já que não falei com ele.
Assumo que isso foi ridículo, pois não tenho a obrigação de falar com ninguém, mas no fundo eu achei... fofo. Por ele ter percebido.
Jogo o celular em um canto e sorrio para meu pai.- Não vai responder seu namorado? - diz ele.
Eu rio.- Ele não é meu namorado! E... Tenho pessoas mais importantes aqui e agora. - falo.
Ele me abraça.- É a minha garotinha. Namoro só depois dos trinta. - Ele sussurra no meu ouvido.
Mais uma vez, dou uma risada.Só o MEU pai para me fazer rir nesse momento.
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Inverno, Música, Cappuccino.
Historia CortaEm Inverno, Música, Cappuccino; Relatos De Um Romance em Maiúsculas, Alice tem uma loja de músicas digitais e logo no seu primeiro dia, conhece o menino do sebo de livros. Com a ajuda de sua amiga Melissa (que odeia ser chamada pelo nome), ela desc...