Eu não iria para a loja naquele dia, se Mel não tivesse praticamente me obrigado.
Estava sem ânimo para tudo, então simplesmente coloquei em uma estação de rádio qualquer e deixei rolar.- Olá menina do mal gosto musical. - Ele fala.
- Olá menino do sebo. - repondo.
Ele me encara.- Está tudo bem? Não me venha com um "sim", porque eu sei que não está. Você nunca diz, sem ser virtualmente, "menino do sebo" sem a parte "de livros"! - diz ele.
- Okay. - bufo - Assumo que a noite de ontem não foi muito boa. - falo.
- Quer entrar em detalhes? - pergunta com uma sobrancelha levantada.
- Não obrigada. - digo.
Uma música começa a tocar.Era Thinking Out Loud - Ed Sheeran. Guilherme estende a mão para mim, me convidando para dançar.
Eu fico meio apreensiva, mas aprecio seu gesto e aceito.
Entrelaço nossas mãos, com os braços meio esticados. Coloco a mão em seu ombro e ele bota a sua em minha cintura.
Dou um tapa (bem forte) na mesma.- Alice, pelo o que eu saiba, o correto é assim! - diz ele, surpreso e rindo, colocando a mão novamente no mesmo lugar.
- Mas eu não te dei essa intimidade - falo e dou outro tapa na mesma, mais forte ainda.
- Ai! - exclama - Tudo bem, eu me rendo. - completa, gargalhando.
Começamos a dançar.O tempo todo, Guilherme fazia caretas e eu ria com todas elas.
Quando a música chegava no fim, percebi o quão próximos estávamos. Meu medo falou mais alto e, mais uma vez, eu me afastei.- Pelo menos te fiz sorrir. - ele fala e se despede de mim.
(...)
Já fazia um pouco mais de uma semana que Melissa estava doente, mas ela melhorava aos poucos.
Todos os dias, levava para ela uma sopa ou caldo, e aproveitávamos para colocar o assunto em dia, conversando cada vez mais e ela melhorando aos poucos.
Guilherme sempre me fazia uma surpresa, como chocolates, mais danças, e mais quase beijos desastrosos.Chego na TechnoMusic um pouco mais animada, na esperança que Melissa tenha alta no hospital.
Entro, coloco uma música, e espero Guilherme chegar como sempre, o que não acontece. Estranho um pouco e espero, mas acabo desistindo e fechando a loja mais cedo, dando um dia de folga a mim mesma.Vou até o sebo e Guilherme está discutindo com alguém. Não quero interromper os dois, então aguardo eles terminarem para ir até ele.
- Olá menino do sebo de livros. - falo.
- Olá menina do mal gosto musical. - ele fala murmurando.
- O que aconteceu? - pergunto à ele.
- Meu pai não quer me deixar trabalhar aqui. - diz. - Ele fala que trabalhou muito, que eu não preciso trabalhar aqui também.
- O seu pai é...? - questiono.
- Ele é dono dessa rede de sebos. - diz ele indiferente.
- Ei - digo me aproximando - Não precisa ficar assim, você terá outra chance.
Novamente, estamos bem próximos. Então, eu me canso de quase beijos, eu não quero mais isso.
Guilherme tem sido incrível, fofo e... irresistível. Me aproximo mais e ele faz o passo final, me beija.Começamos como qualquer outro casal, um simples e inocente beijo. Até que minha mão vai para seu cabelo e a dele para a minha cintura, mas dessa vez eu permito.
Eu me separo dele com um sorriso radiante, e ele também.- Eu... Você... Quer... - ele começa.
- Sim. - respondo, já adivinhando a pergunta.
Nos beijamos mais uma vez rapidamente, e eu vou para o hospital, esperançosa por Melissa finalmente estar curada.
Chego no mesmo e vejo na porta do quarto de Mel, seus pais chorando. Logo penso no pior e meus olhos se enchem de lágrimas.
Eles percebem minha presença e se apressam a me abraçar, tentando consolar-me.- Ela queria tocasse Legião Urbana. - digo, depois de um tempo.
- O quê? - sua mãe pergunta.
- No enterro dela. - falo e começo a chorar novamente.
- Não! Ela não morreu, na verdade, ela foi curada! - seu pai diz, gargalhando.
Um sorriso surge em meu rosto e abro bruscamente a porta do quarto de hospital de Melissa.
Ela me vê e me abraça, e eu logo conto de Guilherme, no que ela responde com uma risada dizendo que "estava certa, sua tonta".- Eu quero fazer uma festa no sábado, porque eu estou finalmente curada, promete para mim que vai com ele? - ela pergunta para mim.
- Prometo - falo e nos abraçamos de novo.
(...)
Finalmente sábado! Meu pai ficou um tanto feliz quando disse à ele que "seu bebê realmente cresceu". A única coisa que ele exigiu, foi um churrasco urgente para conhecer seu mais novo genro. Meu pai se acha o churrasqueiro, e dizer que era mentira, o fazia provar para você o erro que estava cometendo a dizer isso, literalmente.
Melissa e eu organizamos sua casa e agora ela estava toda enfeitada com brilhos e coisa das quais Melissa gosta.
Guilherme chega e eu o cumprimento com um abraço apertado e um beijo rápido mais muito fofo.
Ele estava lindo com aquela roupa simples, mas aque me fez lembrar seu uniforme do sebo de livros, um dos lugares onde tudo começou.- Então esse era seu problema? Uma amiga doente? - ele me pergunta.
- Sim. - digo.
- Por que não me disse antes? - Guilherme me questiona.
- Porque você não era meu namorado. - falo como se fosse óbvio.
- Seria estranho se eu dissesse que acho que te amo muito Alice, menina do mal gosto musical? - ele pergunta.
- Um pouco Guilherme, menino do sebo de livros. - falo e nós rimos, nos beijando logo depois.
Não importava se conhecia Guilherme a pouco tempo, se fosse para ficar com ele é continuar me sentindo maravilhosamente bem como eu estava me sentindo, ficaria com ele para sempre.
Era estranho, eu o conhecia a pouquíssimo tempo, mas ele era ótimo para mim. Cada gesto, cada carinho e cada palavra que ele direcionava à mim, me fazia me sentir mais especial e feliz.Odeio admitir isso, mas parece que Melissa estava certa. O amor é inesperado, pode ser alguém que não gosta muito do mesmo estilo de música que você, ou um garoto que trabalha numa loja próxima a sua.
Independentemente disso, o amor é INCRÍVEL.
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Inverno, Música, Cappuccino.
Short StoryEm Inverno, Música, Cappuccino; Relatos De Um Romance em Maiúsculas, Alice tem uma loja de músicas digitais e logo no seu primeiro dia, conhece o menino do sebo de livros. Com a ajuda de sua amiga Melissa (que odeia ser chamada pelo nome), ela desc...