A umidade e a falta de sol no interior da floresta causavam uma sensação desagradável e fria, eles já caminhavam a algumas horas, possuíam dores nas pernas e expressões cansadas, e foi nessas condições que Godric notou nas pálpebras de Aislinn um leve movimento.
— Senhorita Seymour? – chamou parando o cavalo.
Brenton e Charity olharam para a garota no mesmo instante. Ela abriu os olhos e voltou a fechá-los, umedeceu os lábios com a língua rapidamente e levou a mão ás pálpebras, tornando a abri-las.
— Onde estamos? – perguntou confusa e com a voz fraca.
— Ai, finalmente você acordou, estava preocupado com você – Brenton falou embolando as palavras.
O garoto já estava ao lado da irmã, ele segurou sua mão e quando ela desceu da montaria, deu-lhe um abraço apertado escondendo o rosto com algumas lágrimas no ombro de Aislinn, que retribuiu o abraço ainda mantendo a expressão confusa.
— Que lugar é esse? – perguntou num tom cansado, abraçada ao irmão.
Godric desceu do cavalo, ficando ao lado da garota, passou a mão suavemente em seu rosto enquanto ela continuava olhando-o confusa. O cavaleiro suspirou antes de falar.
— Estamos na floresta que fica ao lado de sua casa, mas já bastante afastados.
— Não entendo – continuou perdida. – O que estamos fazendo aqui?
— Houve um incêndio em sua casa, querida – Charity contou-lhe, medindo bem o tom de voz.
Brenton, ainda abraçado à irmã, agora soluçava. Ela, inteligente como sempre fora, não demorou a perceber a ausência dos pais, sua fisionomia tornou-se mais rígida e fria, acariciou o rosto do irmão.
— Onde estão papai e mamãe? – perguntou, temendo a resposta.
O irmão apertou-a mais em seus braços e soluçou mais forte. Foi o suficiente para que ela entendesse, mas não para que aceitasse.
— Sinto muito, Aislinn – o guerreiro pontuou visivelmente triste.
— Sente por quê? – queria ouvir aquelas palavras, não acreditaria se não ouvisse.
— Eles não conseguiram sair da casa, meu amor – a criada explicou devagar, medindo a reação da garota.
Godric contou o fato com mais detalhes, falou também que seus pais haviam morrido para salvá-los, e voltou a lembrá-los que não podiam ficar parados, que os assassinos provavelmente já estavam atrás dos dois agora.
— Existe um rio próximo à floresta que desemboca no mar, se estivermos no caminho certo, podemos chegar até ele, e com sorte encontraremos pequenos barcos na margem – Aislinn explicou com a voz tensa, sua mente de alguma forma se distanciando e fingindo que a notícia que acabara de receber não tinha nenhuma relação com sua vida.
Ela não carregava lágrimas no rosto, é claro que estava triste com a notícia e também um pouco em estado de choque, mas ao ver a tristeza e fraqueza do irmão percebeu que precisaria manter-se forte. Caso se deixasse abalar na presença do jovem Brenton, seria ainda pior para ele. Ela sabia que tinha de manter-se firme, que tinha de ser uma espécie de porto seguro para o menino.
— Vamos – falou ela olhando para o cavaleiro.
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Os Cinco Guardiões
Fantasy"- Cyan é um mundo mágico, Aislinn - ele começou - Talvez seja difícil que hoje você perceba isso, vivendo na cidade afastada das poucas criaturas mágicas que ainda restam, mas Cyan sempre foi um mundo mágico." Cinco jovens ainda carregam o dom em C...