Os dois lados da moeda

Atitude tomada.

Os dias subsequentes ao enterro do meu pai foram difíceis, minha mãe só vivia se dopando para poder camuflar a dor que sentia, meu irmão que era tão meigo e amável adquiriu síndrome do pânico e tornou-se um adolescente calado, no fundo sabia que ele se culpava por tudo que acontecera naquela trágica noite. As contas do mês começavam a chegar, e meu pai que não trabalhava de carteira assinada não deixou nenhuma quantia guardada para alguma emergência, decidi que eu iria sustentar a casa. Fui até a faculdade e com muita dor no coração, tranquei a minha matrícula, mas prometi para mim mesma que juntaria um dinheirinho para poder voltar a estudar, sempre tive o sonho de ser estilista e infelizmente, teria que adiá-lo. Procurei nos jornais vagas de emprego, fiz meu currículo e distribui pessoalmente loja por loja daquela pequena cidade que morávamos.
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- Juliana, nós adoramos você. Mas, infelizmente a vaga exige experiência comprovada em carteira. - disse a gerente de uma grande loja de perfumaria. - Dona Ana, eu preciso muito desse emprego. Me dê uma chance, eu juro que não decepcionarei. - supliquei, pois realmente precisava daquele emprego. - Sinto muito, Juliana. - ela fez sinal negativo com a cabeça. Saí daquela loja e comecei a descobrir como o mundo era cruel, voltei para casa e nem quis comunicar a minha mãe que não tinha conseguido aquele emprego, saí tão confiante de casa, seria complicado para ela saber que eu não tinha conseguido aquela vaga.
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Na terça-feira fui convocada para mais uma entrevista, tinha feito o curso de secretária quando mais nova e fui realmente com vontade de conquistar aquele emprego numa conhecida clínica de estética, mas novamente minhas expectativas foram por água abaixo, eles exigiam experiência e eu não tinha como provar que já tinha trabalhado com aquilo, a não ser pelos estágios que somos obrigados a fazer no curso.