Agnes

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Algo passou zunindo por mim e não demorou muito para as minhas anotações sobre a primeira guerra mundial voarem diante dos meus olhos.
Instintivamente gritei "SEU FILHO DA PUTA" e me virei para catar minhas folhas espalhadas pelo corredor pouco movimentado.
O mal educado nem olhou para trás.
"Ei, me desculpa pelo meu irmão, ele tá um pouco irritado." Disse uma garota, me ajudando a juntar todos os papéis que se espalharam.
"Tudo bem." Respondi terminando de guardar a última página. "Você tem aula agora?" Perguntou da forma mais tímida possível. "Tenho meia hora antes da próxima aula." Comentei conferindo o relógio.
Ela me chamou para um café, extremamente carismática. "Eu nem sei seu nome." Indaguei rindo. "É Anna, agora quer tomar um café comigo?" Ela rapidamente respondeu. Concordei rindo. Nos dirigimos para a lanchonete da faculdade.
"Mas e aí? Qual o seu nome?" Ela finalmente perguntou. Timidamente respondi que me chamava Agnes. "Agnes, lindo nome" ela comentou, me envergonhado. Agradeci e sorri.
"Mas sério, desculpa por aquilo do corredor. Meu irmão não é assim." Ela fitou o chão por alguns segundos e completou baixinho "Pelo menos não sóbrio." Percebi que aquele não era um assunto muito fácil para ela e não fiz perguntas. Logo uma garçonete chegou com nossos pedidos.
Conversamos por mais ou menos uma hora até eu perceber que estava atrasada para a minha aula.
"Mas você já perdeu meia hora de aula, vale tanto assim chegar agora?" Ela me questionou e quando me dei conta estávamos em seu carro indo em direção á praia.
"Quer?" Anna perguntou me estendendo um maço de cigarro, tirando uma das mãos do volante. Aceitei e peguei meu isqueiro na mochila, acendendo nossos cigarros.
Tínhamos um vício em comum, mas logo depois percebi que tínhamos uma infinidade de semelhanças. As minhas músicas favoritas estavam na sua playlist, minhas cores favoritas estavam em seu cabelo e tudo nela era tão convidativo.
Ela estava falando há cerca de 15 minutos sobre uma série que eu nunca tinha ouvido falar, mas através dela parecia ser a coisa mais interessante do mundo.
A praia praticamente vazia e o clima de fim de tarde me encorajaram a me aproximar dela e tentar um beijo, mas quando nossos rostos se colaram ela começou a rir.
"Agnes, eu não acredito que você vai me beijar. Eu tô há meia hora procurando uma deixa pra fazer isso e não acredito que você vai fazer isso primeiro."
Ela não parava de rir.
"Ah mas eu vou sim." Respondi colocando uma mão em sua nuca e a outra em sua coxa, finalmente a beijando.
Minutos depois já estávamos de volta no carro, o riso cessou e deu lugar aos sussurros e gemidos. Passaram horas até meu celular tocar, minha prima com quem dividia apartamento queria saber se eu jantaria em casa, encarei como um sinal para me vestir e avisar que precisava ir.
"Você é incrivelmente linda, beija muito bem e transa melhor ainda, não vou deixar você pegar um ônibus da zona sul pra seja lá onde você morar, põe de novo a blusa que tá do avesso e me diz onde você mora que eu faço questão de te levar em casa"

Surpreenda-meOnde histórias criam vida. Descubra agora