Parte 1

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Pegando o machado.

Erguendo-o.

Golpeando.

Podem ser apenas simples ações, mas se a mente estiver distraída somente um pouquinho, o choque de um golpe mal dado na madeira irá refletir dolorosamente nos seus braços.

Respiração, sincronização, velocidade, balanceamento do seu peso corporal, tudo isso tem de estar perfeitamente controlados desde o início, transmitindo o poder oculto da lâmina do machado para a árvore. Produzindo, desse modo, um agradável, limpo e agudo som.

Entretanto entender a teoria e aplicá-la são coisas completamente diferentes.

Essa tarefa foi dada à Eugeo na primavera, quando esse tinha apenas dez anos. Já é a segunda vez que chega o verão desde que isso aconteceu, porém, ele só é capaz de obter esse maravilhoso som uma vez a cada dez tentativas mais ou menos.

Ouviu dos outros lenhadores que seu predecessor, o velho Garita, conseguia acertar perfeitamente todas as vezes e que mesmo manejando uma ferramenta tão pesada o dia inteiro, nunca demonstrava cansaço. Ao passo que em apenas cinquenta golpes, as mãos de Eugeo já ficavam em frangalhos, seus ombros começavam a doer e mal conseguia levantar seus braços.

"Quarenta e... três! Quarenta e... quatro!"

Ele contava em voz alta como forma de motivação enquanto desferia as machadadas contra o gigantesco tronco de árvore.

O suor escorria em seus olhos fazendo suas vistas embaçarem, suas mãos ficavam oleosas e escorregadias e sua pontaria só ia piorando.

Já no desespero levantou o grande machado, brandindo fortemente enquanto girava sobre seu corpo...

"Quarenta e... nove! Cin... quen... ta!!"

Seu último golpe foi completamente mal executado. Acertando uma outra parte da árvore, longe do local onde já existia um profundo corte, produzindo um ensurdecedor som metálico e levantando faíscas em direção ao seu rosto.

Eugeo, sentindo seus braços estremecerem de dor e com a onda de choque deixou o machado cair. Cambaleou para trás e se jogou no grosso musgo que havia próximo.

Enquanto tentava recuperar suas forças e fôlego, escutou uma voz mesclada com um sorriso a sua direita.

"Conseguiu fazer um belo som por três vezes das cinquenta. Dando um total até agora de..., quarenta e um, não? Parece que a sua recompensa hoje será... a água Siral, Eugeo".

O dono da voz, quem estava descansando um pouco mais afastado, era um garoto de idade similar a sua.

Eugeo não respondeu imediatamente, apanhou o cantil de couro com água Siral e bebeu longos goles, que agora, estava morna. Depois disso tampou o recipiente e disse:

"Hmmm, e você já conseguiu quarenta e três não é? Daqui a pouco eu te alcanço. Tome, sua vez... Kirito."

"Sim, sim."

Kirito e Eugeo eram os melhores amigos desde a infância e ao mesmo tempo, eram companheiros na enfadonha e repetitiva Tarefa Sagrada desde a primavera do ano passado.

O garoto retirou a franja com cabelos negros dos olhos, limpou o suor de sua testa, esticou as pernas e levantou.

Porém não ergueu o machado imediatamente. Suas mãos estavam nos quadris enquanto olhava para cima.

Atraído pelo que fazia, Eugeo também ficou olhando para mesma direção.

O céu da metade do verão do sétimo mês estava absurdamente azul e nele avistava-se o deus do sol Solus, cujo brilho era de uma cegante e esmagadora luz que se espalhava por todos os lados.

 Prólogo I - Sword Art Online Alicization Beginning Onde histórias criam vida. Descubra agora