Acordei na praia. Encharcado. Pesado. Sozinho. Noite.
No banho entrei em desespero. Chorei. Quebrei um vidro de perfume que era o favorito dele. Devo ter gritado. Algumas ofensas. A mim. O imbecil.
Lavei os lençóis. Aquele em que ele havia dormido. Comprei outros. De cores diferentes. Vivas.
A água estragou os meus tênis. Azuis, como os olhos deles. Irônico.
Na rua. Vi o lugar onde ficamos pela primeira vez. Perdi um longo tempo parado ali. Senti vergonha por sentir falta.
Comprei um livro. Um suéter com listras brancas. Fiz uma lista de filmes que deveria ver.
Não o entendia. Nem queria. Na verdade, era um misto de arrependimento com vontade de aprender algo com aquilo. O que seria? Tentava, sem vontade, me culpar por tudo, mas nem acho que deveria ter um culpado.
Sinto raiva dele.
Sonho com ele todas as noites. Procuro seus contatos ou alguma forma suicida de falar com ele. Por sorte nunca encontro. Eu mesmo enterrei todas as possibilidades. Volto a dormir. Aos mesmos sonhos. Inferno.
As 19 ele me ligava. Perguntava se eu queria vê-lo, se estava com saudades. Sim, eu estava, mas ele não ligaria mais.
Hoje. Todos os dias. As 19. Eu morro um pouco.
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Nada Sobre Amor é Verdade
Short Story... Remei até que pudesse ver pouco da praia. Soltei os remos. Olhei a lua. Mergulhei. A água estava fria. Como os beijos da ultima terça.