O HOMEM DE MÁSCARA NEGRA que saltava sobre os telhados do edifício no meio da noite ainda se enxergava como um garoto. Isso porque ele era muito jovem quando morreu, e havia passado mais de dois terços de seu tempo na Terra em estase criogênica. As botas de combate em seus pés vinham de um lote especial feito para a infantaria russa de fuzileiros navais durante a Era Soviética. As pistolas nos coldres de náilon em seus ombros eram modelo 1911AI.45 automáticas exclusivas do governo fabricadas pela Rússia e vindas de navio durante a Segunda Guerra Mundial, e que haviam sido melhoradas e adaptadas com molas de recuo de alta performance e visão noturna de trítio. Os inúmeros pentes sobressalentes eram revestidos de aço inoxidável e carregados de munição revestida com pontas ocas. Sua armadura embutida em seus trajes de combate resistentes a fogo é um projeto experimental suíço, leve e flexível. Ele carrega facas, granadas, fios de garroteamento, injetores de nervos-toxina e outros dispositivos letais enfiados em pochetes, bolsos e compartimentos secretos. Mas a arma mais letal que ele possui é seu braço esquerdo.
O homem que se enxerga como um garoto nasceu em Shelbyville, Indiana, em 1925, e o nome em sua certidão é James Buchanan Barnes. Sua mãe é um mistério; e ele mal se lembra do pai, que foi morto em um acidente durante um treino no Forte Lehigh, na Virgínia. Depois que foi não oficialmente adotado como mascote do centro de treinamento, teve todo um batalhão de país substitutos e irmãos mais velhos. Um deles era o soldado Steve Rogers, que foi para a guerra como Capitão América e levou o mascote ao seu lado.
Bucky.
Era assim que os soldados do campo Lehigh o chamavam, e era assim que ele era chamado pelo Capitão América. Por muito tempo ele se esquecera de tudo isso. Mas agora, enquanto se agacha atrás de um exaustor em cima de um telhado, analisando as câmeras de segurança e os sensores de defesa de um edifício abandonado do outro lado do beco, as memórias restauradas se revezam em sua mente como um filme antigo. Frequentemente, durante a guerra, depois que o tiroteio acabava, sua audição era reduzida por tímidos temporários, e sua visão se constringia pelo "túnel de adrenalina", e por isso suas memórias se parecem com filmes mudos captados com lentes estreita. Algumas das imagens mais medonhas passam por esse filme como se a Morte em pessoas estivesse embaralhando um maço infernal de cartas: soldados sendo esmagados por tanques, os corpos ensanguentados de uma família francesa em uma casa de fazenda destruída, guerrilheiros enforcados em postes de luz, uma cabeça rolando por uma rua de paralelepípedos, homens feridos suplicando aos gritos, uma babushka* empurrando um carrinho de mão com seus netos mortos empilhados, gritos reverberando de uma pequena cidade em chamas, uma floresta cheia de soldados pendurados nas árvores como se fossem enfeites de Natal... E essas eram lembranças das batalhas vencidas.

O homem que se vê como o garoto-soldado Bucky estica a cabeça por trás do exaustor e instantaneamente nota que o sensor no edifício alvo é uma de suas ameaças mais imediatas. Ele aguarda alguns segundos para se certificar de que seu movimento não foi percebido. Essa cautela paciente é resultado de um treinamento intenso recebido Durante a Guerra Fria.
"Cautela" era um adjetivo que nunca se poderia aplicar ao Capitão América durante o conflito que os soviéticos chamavam de "A Grande Guerra Contra o Fascismo". Aquele que nunca se escondeu de um inimigo, Capitão era capaz de atacar uma metralhadora Waffen-SS escondida em um Bunker de cabeça erguida, desviando as balas com seu escudo de vibranium. E Bucky estaria bem atrás dele, tentando suprimir os tiros laterais com sua pistola Thompson. Sem nenhum escudo para si mesmo, o ajudante tinha que confiar cegamente na habilidade do Capitão em afastar todo o chumbo que chegava. Sua fé era infinita.
Tudo isso mudara para Bucky enquanto sobrevoava o Canal da Mancha, tentando se segurar à asa de um protótipo ultrassecreto de drone roubado.
O garoto crescido estica o braço esquerdo para fora do esconderijo. É uma prótese cibernética forte o bastante para dobrar barras de ferro que atravessar as superfícies de aço. Uma das Armas contidas nele é um gerador de pulso eletromagnéticos de baixa potência capaz de desligar dispositivos mecânicos controlados eletronicamente a curta distância. O homem de trajes negros amplia as configurações de energia para alcançar os circuitos da câmera de segurança e aponta para os sensores do outro lado do beco. Não há hesitação de sua parte no momento em que ele salta o espaço que separa os dois edifícios. Ele se agarra à beirada de uma janela a seis andares do chão, fora do raio dr busca de todos os sensores no topo do edifício.

A MORTE DO CAPITÃO AMÉRICA - Livro | Larry HamaOnde histórias criam vida. Descubra agora