Você acha que andam espalhando boatos indecentes? Pior, andam espalhando a verdade.
— Charlie Harper.
~
Com 5 anos, eu queria ser bailarina. Aos 10, presidente. Aos 15 anos, eu tinha certeza que eu não seria nada. E, aos 17, eu descobri o meu lugar...
A foça.
Claro, adultos dizem que encontrar algo em que você seja realmente bom aumenta a sua confiança e te tira da concha. Acontece que tudo que eu queria fazer era considerado coisa-de-hippie na década passada.
Então, qualquer amigo, vizinho, estranho-idiota-intrometido-na-mercearia que lhe disse que você devia fazer o que ama foi um grande saco de merda. Porque, se o seu talento for fazer boas pipocas, você oficialmente não será rico.
Merda.
Peguei o envelope do cesto de lixo.
Basta abri-lo, Heather.
Virei-o e enfiei meu dedo logo abaixo da borda da lapela.
— Merda. — Eu bufei e joguei-o de volta no lixo.
Isso era ridículo.
Saí do quarto. Dois minutos depois, eu estava de volta, tirando a porcaria do lixo pela enésima vez naquele dia.
— Vamos, Heather. — Eu incentivei a mim mesma. — Basta abrir o maldito envelope.
Isso era tudo culpa de Hellen. Ela era toda "você pode ser o que você quiser" e toda essa merda. Quem diabos deixaria uma saída da reabilitação entrar em sua escola para bem dotados?
Certamente não essas pessoas.
Joguei o envelope de volta no lixo. Eu precisava de uma bebida. Claro, eu não poderia tomar uma bebida. Eu ainda tinha essa tendência a ficar dependente das coisas, então, basicamente, se muito de algo podia matar, eu o evitava. Eu não voltaria para a reabilitação.
Eu acho que não foi de todo ruim, no entanto. Eu conheci Hellen King Bale. Ela foi minha conselheira no dizer não em segurança. Ela me irritava como o inferno, mas era exatamente o que eu precisava. Já que eu vivia sozinha, Hellen aparecia de vez em quando para chutar minha bunda e ter certeza de que eu estava ficando limpa. Ela foi quem empurrou os pedidos na minha garganta até que eu finalmente cedi e os enviei. Eu não tinha intenção realmente de enviá-los. Isso deve ter sido coisa da Hellen também.
Bem, ela poderia abrir a maldita carta. Eu não seria rejeitada.
Eu me deixei cair no sofá e peguei o controle remoto. Passei pelos canais tentando encontrar algo diferente de "reality shows". Quantos desses programas estúpidos eles poderiam fazer? Talvez eu devesse enviar um formulário para um. Eles sempre pegam as pessoas mais fodidas que encontram. Certamente, eu era qualificada.
— Merda. — Eu sussurrei.
Eu não aguentava mais. Peguei minha carta de rejeição do lixo e rasguei-a aberta antes que eu pudesse me parar de novo.
"Querida, Senhorita Price"
— "Estamos insultados que você enviou mesmo seu pedido." — Eu resmunguei.
Então eu respirei fundo e continuei a ler a carta original em vez de fazer a minha própria.
"Parabéns."
Pelo que no mundo?
"É com grande prazer que eu ofereço-lhe acesso à turma de graduandos de 2017."
Deixei cair o papel. Merda. Eu estava voltando para a escola. A primeira vez não tinha sido um enorme sucesso. Agora este reitor louco de admissões estava me deixando tentar novamente.
Pegando a carta, tomei algumas respirações profundas e continuei lendo. Esta era a minha chance de por ordem na minha vida e realmente fazer algo sozinha.
E isso me assustava como o inferno.
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UTOPIA
RomanceHeather Price, uma amante da arte de 17 anos, acaba de sair da reabilitação. Lutando para se sobressair no mundo artístico, tem que lidar com a dura realidade da irmã Ever, que sofre de leucemia, e um pai irresponsável que aparece vez ou outra em ca...