Ao chegar no quarto da Vivi, vou direto para o banheiro e lavo o meu rosto. Estou me segurando para não chorar, aquela cretina não merece, respiro fundo e olho para o espelho e digo:
- Sol, essa não foi à primeira vez e nem será a última, mas em todas você vencerá.
Ouço uma batida na porta, seguido da entrada de Carol.
- Você está bem, Sol?
Eu não consigo olha em seus olhos porque sei que ela verá que não estou legal, mas eu sou forte.
- Estou.
- Ok - fala como se quisesse dizer outra coisa, mas não tinha palavras. - Já estou indo, tudo bem? Para mim aqui já deu.
- Tudo bem, também já estou indo. Vou só me acalmar um pouco. Depois irei para casa.
- Ok, tchau - fala, me abraçando.
Aquele abraço tinha tantas palavras não ditas, tantos sentimentos não expressados. Abracei ela com todos as minhas forças. Eu sei que nós duas brigamos e nos detestamos, mas sempre estamos juntas lutando contra o mundo e eu sei que posso contar com ela sempre.
- Tudo dará certo.
Saímos juntas do banheiro e qual foi minha surpresa ver o Tony sentando na cama:
- Oi, meninas - falou envergonhado.
- Oi, Tony - respondeu a Carol, ao perceber a situação, ela se despediu. - Tchau, gente, já vou.
Caminha em direção a porta e sai, deixando nós dois só.
- Eu quero me desculpar pelo que a Thaís...
- Não precisa - interrompo sua fala, eu já estou saturada de tudo e não quero saber de mais nada. - Você não tem nada a ver com isso, ela é uma preconceituosa.
- Eu sei. Acho que enfim terminamos nosso relacionamento. Isso foi a gota d'água.
Eu queria fala algo, mas preferi me conter, balanço a cabeça apenas confirmando.
- Eu queria me desculpar.
- Tudo bem.
Ficamos por um bom tempo encarando um ao outro, sem nenhum assunto surgir. Aquele momento estava por deveras vergonhoso. Então decido que o melhor é ir embora, o dia já tinha sido estragado mesmo.
- Tony, eu já estou indo embora.
- Não, não vá. Não deixe tudo o que a Thaís falou estragar nosso dia - diz, se levantando e pegando minha mão.
Nesse momento meu coração quase sai pela boca por começar a bater tão forte, ter o Tony pegando na minha mão e acariciando, como ele estava fazendo agora, era tudo. Minhas mãos começam a suar a medida que minha expectativa começa a diminuir, porque ele nada diz. Retiro minhas mãos da sua.
- Tchau. - Ponho a mãos em seu rosto me encostando para beijar sua bochecha, aproveita para aspirar um pouco do seu cheiro maravilhoso. - Já estou indo.
Largo seu rosto e me encaminho para casa, com uma única certeza: o dia não saiu como eu queria.
[...]
Ao chegar em casa, minha mãe admirou-se por chegar cedo, pois ela sabia que quando ia para a casa da Vivi, as vezes nem voltava.
- O que aconteceu para você está essa hora em casa, Solange? - minha mãe diz quando entro na cozinha, indo atrás de um copo d'água.
- Nada, mãe.
- Deve ter acontecido algo sim.
Eu sabia que ela ia fica insistindo no assunto até que eu confessasse o que havia acontecido, por isso resolvi falar de uma vez. Também tinha o fato da descriminação racial por parte da Thaís, na hora eu tinha ganas de lhe denunciar, agora que minha raiva já havia passou. Mas se eu comentar o ocorrido com minha mãe, ela levaria o ocorrido até o final, que seria a delegacia
- Tive um desentendimento com a Thaís.
- O que você fez, dona Sol?
- O que eu fiz?!
- Sim, você sempre tenta arranjar confusão com ela por causa do Tony. Eu conheço a filha que tenho.
Droga, minha mãe às vezes só pensa o pior de mim.
- Não mãe, ela que veio com confusão para o meu lado. Eu nem sequer falei direito com ela, pode perguntar a Carol. E ela ainda me chamou de negrinha oferecida.
- O quê? Quem ela pensa que é para chamar minha filha de negra?!
Pronto agora ela irá direcionar toda a raiva que tem para a Thaís, resolvo subir para o meu quarto, enquanto ela esbraveja.
[...]
Na semana seguinte, me abstive de ir à casa da Vivi, não estava a fim de ver seu irmão, e nem saber em que pé andava seu relacionamento. Tinha decidido que não iria mais investir nele, já que estava muito atarefado, e ainda tinha o fim do seu relacionamento e eu merecia mais que ser uma segunda opção.
Quanto ao caso de discriminação racial, consegui convencer minha mãe a não denunciar a Thaís Não estava a fim de confusão. Eu acho que esses dias ela deve estar morrendo de medo de que a qualquer momento uma intimação chegaria a sua casa, acho que isso já será castigo o suficiente.
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A Última Chance
Short StoryAqui será postado vários contos, contando a história da nossa amiga Sol. Venham conhecer sua historia!! PLÁGIO é CRIME! Lei n˚ 9610/98 Capa Feita pelo Clube do Escritor