Capítulo 2

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Carolina Narrando.


Eu estava em um sonho tão bom que nem percebi quanto tempo fiquei dormindo. Faculdade estava me matando, eu tinha que estudar muito, se eu quisesse passar sem depender do meu pai. E falando nele, acabei despertando escutando ele me gritar da sala. Levantei colocando meu chinelo e me olhei no espelho. Eu estava de pijama, mas não haveria problema eu aparecer assim. Arrumei meu cabelo em um coque e fui até ele. Quando desci, encontrei ele junto com minha mãe. Sua cara não era uma das melhores.
- Oi mãe e pai. - sorri de lado.
- Oi minha filha. Seu pai quer falar com você.
- Bom, estou aqui. O que foi? - perguntei, olhando.
- Você irá se casar. - Meu pai disse.
Encarei ele pensando que ele estaria fazendo alguma brincadeira ou algo do tipo. Mas não, ele estava todo sério.
- Como que é? Eu vou me casar? Sério, isso não se brinca viu? - rir, indo me sentar no sofá.
- Não é brincadeira Carolina. Meu sócio quer que o filho se case, e vocês se casando as nossas empresas crescem mais.
- Aí você resolve me colocar nessa? Eu não vou me casar, casar é uma coisa séria pai. - tentei rebater.
- E vai ser sério o de vocês.
- Mãe? Você concorda com isso? - perguntei, olhando assustada.
- Não concordo minha filha, mas eu...- ela lamentou.
- Eu não vou me casar assim pai. Não dá. - cortei minha mãe, já sentindo um desespero tomar conta de mim.
- Olha só, eu aceitei você fazer faculdade de uma coisa que não tem nada a ver com os nossos negócios, então...
- Ah! Então é por isso? É vingança por causa da minha faculdade? - interrompi ele.
- Não, mas pode considerar. Sem dinheiro, você não tem faculdade e muito menos o luxo.
- Como se eu ligasse muito pro luxo, né?
- Carolina você irá se casar querendo ou não, enquanto morar em minha casa, eu pagando sua faculdade, você irá fazer o que eu mandar. Estamos entendidos? - meu pai perguntou.
Apenas encarei eles dois na minha frente e sai correndo pro meu quarto. Ainda escutei minha mãe gritando, mas tranquei a porta assim que entrei no quarto.
Era um absurdo isso o que eles queriam que eu fizesse. Não tinha como eu aceitar uma coisa dessa.
Deitei na cama com lágrimas nos olhos e chorei. Chorei pelo o que meu pai estava me obrigando a fazer. Não era assim que eu me imaginava casando. Não era essa a vida que eu queria.

[...]

Acordei atordoada, passei a mão pelo o rosto tirando o cabelo que estava no mesmo, e lembrei que dormi entre o choro. Peguei meu celular e vi que já era sete da manhã e eu já estava atrasada para a faculdade. Fui até o banheiro e tomei um banho pra tirar minha cara de choro e de sono, e logo sai pois não poderia demorar. Coloquei uma calça jeans e uma blusa escura, penteei meus cabelos e passei um pouco de maquiagem no rosto pra disfarçar as olheiras. Peguei minha bolsa com os livros e meu celular, e fui descendo. Quando cheguei na sala, meu pai estava no sofá e me encarou.
- Aonde a senhorita vai? - ele perguntou, me encarando.
- Pra faculdade, o senhor já sabe.
- Você não tem faculdade. - parei ao ouvi-lo dizer aquilo.
- Como assim? - perguntei, encarando ele.
- É isso mesmo Carolina. Você não tem faculdade.
- E por que não?
- Porque eu tirei ela de você, até que você aceite a minha proposta.
- Pai, eu...- um soluço escapou da minha garganta.
- Carolina, minha filha só será alguns anos, ou até meses. É só pra fecharmos contrato minha filha, nossa empresa não está em situações boas depois que fomos roubados.
- Um ano. - falei, fechando os olhos e suspirando.
- Um ano?
- Um ano é o máximo que eu aguento desse casamento.
- Tá ótimo minha filha e poderá até ser menos.
- Quero minha faculdade de volta e o senhor não irá mais dizer e fazer nada contra isso.
- Tá bom, eu não falo e não faço mais nada.
- Tá bom então. - suspirei, sentando no sofá.
- Eu vou informar a sua faculdade que você irá voltar amanhã mesmo. - meu pai disse.
- Tá bom. - sussurrei.
- Filha, me desculpa... Mas só achei essa solução, espero um dia que você me perdoe. - meu pai disse, segurando em minha mão.
- Tá pai, deixa isso pra lá. - sorri de lado, apertando sua mão ao sentir ele beijar.
- O rapaz vai vim amanhã aqui em casa. - ele falou.
- Tá bom. Eu vou subir tá? - dei um beijo em sua bochecha e fui em direção às escadas.
Sentei na cama, e peguei meu celular recebendo uma mensagem da Juliana. Ela é minha melhor amiga desde dos 15 anos de idade. Sempre ficamos juntas, apesar de tudo. Ela era mais que minha amiga, uma irmã pra mim.
Juliana: você não vem hoje Carol?
Carol: não amiga, aconteceu uma coisa aqui e não deu pra ir.
Juliana: o que houve?
Carol: você não vai acreditar... Eu vou me casar.
Juliana: O QUE? Menina, não brinca com isso!!!
Carol: como eu queria que fosse brincadeira isso ju, mas não é... Eu vou me casar e com alguém que eu não conheço.
Juliana: como isso Carol? Seus pais sabem disso? Isso é loucura.
Carol: foram eles que arrumaram isso pra mim. Vem aqui em casa que eu te explico tudo.

Depois de alguns minutos recebi a mensagem dela dizendo que iria vim. A manhã toda fiquei deitada, olhando pro teto e pensando na minha maravilhosa vida que iria se tornar daqui alguns meses. Quem diria que eu iria me casar. Eu não gosto de me envolver com ninguém, não gosto de me apegar e nada parecido com isso. Já fui magoada por muitos garotos, e ficava horas chorando trancada no quarto, pensando que iria morrer se não tirassem aquela dor do meu coração. Mas adivinhem? Eu estou viva e muito bem. Mas não quer dizer que eu queira de novo me apegar a alguém. Mas fico sempre com alguns carinhas, pois não sou de ferro né?
Acabei dormindo, mas acordei assustada sentindo alguém deitando em cima de mim.
- Acorda sua vaca, só sabe dormi. - Juliana falou, rindo.
- Aí tem uma baleia em cima de mim, socorro. - falei, rindo dela que começou a pular em cima de mim.
- Sua ridícula. - ela falou, me dando um tapa no braço e levantando. - Agora começa a falar tudo.
Comecei a contar pra ela tudo que tinha acontecido e cada reação dela já dava pra perceber que ela não gostou nada disso. Mas não poderia fazer nada, assim como eu não poderia fazer nada.
- Isso é um absurdo hein? Não estamos mais no passado não.
- Eu sei amiga, mas fazer o que né? Eu tive que aceitar.
- Sacanagem do seu pai e da sua mãe fazer isso.
- A minha mãe não concorda, mas quem vai contra o meu pai né?
- Pois é.
- Você já comeu? Pois estou com fome e não almocei ainda. - falei, indo até o banheiro pra fazer minhas necessidades.
- Não, e eu vim almoçar contigo né?
- Tem comida em casa não querida? - falei rindo, e voltando ao quarto.
- Não, por isso você que é uma grande amiga vai me dar comidinha.
Peguei-a pelo o braço e a puxei indo até a escada e descendo até a cozinha.
Passei a tarde toda com ela no quarto e conversando sobre tudo. No final ela começou a pesquisar algumas coisas sobre casamento e ficamos até tarde vendo sobre isso. E dormi até um pouco melhor depois que fiquei conversando com a Ju.

[...]

No dia seguinte acordei bem cedo pra dar tempo de me arrumar com calma, e fui direto pra lá sem tomar café, não queria me encontrar com meus pais pra não falar de hoje. Encontrei com a Ju na entrada e entrei com ela. Enquanto eu subia, vi o Daniel. Um menino que era bonito demais e eu tinha uma quedinha por ele, mas não era aquilo de "ah eu amo esse menino", até porque como eu disse, ninguém é de ferro e ficamos sempre com um ou outro. Minhas aulas hoje seriam tranquilas, recebi uma mensagem da minha mãe falando pra chamar Ju pra ir lá em casa, e logo mandei mensagem para a mesma que confirmou.
   Sorte que a hora passou rápida e logo fui pra casa. Bom que hoje era sexta-feira e eu estaria livre final de semana. Até lembrar que eu iria ter o tal jantar. Fiquei pensando se o homem reagiu bem assim, ele deve ser louco,feio e não deve conseguir nenhuma mulher pra querer um casamento assim. Rir com meus pensamentos.

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