Capítulo 1

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Não aguento mais, está difícil viver assim, com um pai alcoólatra e uma mãe viciada em cocaína. Se dependesse deles para manter a casa, não haveria comida. Basicamente sustento a família sozinha, trabalhando de garçonete a noite em uma boate.

Minha irmã mais velha Ellen, fugiu daqui pelo mesmo motivo, não aguentava mais. Hoje ela mora em Nova Iorque, está bem de vida. Trabalhando, fazendo faculdade de gastronomia, com o próprio apartamento... Uma vida, que qualquer jovem queria.

Ellen, me incentiva a ir para lá ganhar a vida, mas todo o dinheiro que ela me mandou, meus pais encontraram e gastaram, por isso está sendo um pouco difícil de juntar dinheiro para uma viajem, pois além de sustentar a casa, mantenho os vícios deles.

— Querida. — mamãe me chama com uma voz trêmula.

— Oi mãe. — abro a porta do quarto.

— Você, pode me dar cinco dólares?

Olhei fundo nos seus olhos, em minha face estava estampado um enorme "NÃO".

— Por favor... E-eu preciso... P-preciso... — disse gaguejando, pois era quase impossível conter seu grau de vício.

— Não posso fazer isso... Olha só para você! — gritei, olhando-a de cima em baixo.

— Me dê os cinco dólares! — bateu com os pés no chão.

— Não! — gritei.

— Sua vadia desgraçada! Anda logo! Me dê! — me empurrou forte para trás, fazendo-me cair de bumbum no chão.

— Não!!! Não pegue o meu dinheiro! — saí engatinhando atrás dela.

Mamãe abriu minha carteira vazia.

— Onde está?! — jogou a carteira em mim.

Na minha garganta, estava entalado um bolo de choro. Fiquei calada, de quatro no chão, com os olhos cheios de lágrimas.

Não posso deixá-la, descobrir onde meu dinheiro todo está, para se esbaldar em cocaína...

Levantei-me do chão com raiva, empurrei-a contra a parede e segurei forte em seus braços magros.

— Saia do meu quarto! Anda! Saí! — gritei.

Com ódio nos olhos, mamãe cuspiu no meu rosto.

— Você não presta... Vai ser igual sua irmã... Sair daqui, nos largar por dinheiro, por estudos, querendo dar uma de rica... Mas, você não tem cacife pra fazer isso, é só mais uma cadela... Como todas as outras. — disse cinicamente e gargalhando.

— Lave sua boca, antes de falar da minha irmã! — contestei aos gritos.

Meu celular toca, fazendo-me soltá-la.

— Anda... Saí daqui... — disse passando a mão no rosto enxugando as lágrimas, e sentando-me na cama.

Mamãe saiu do quarto ainda me xingando, gritando para todos os vizinhos ouvirem.

Número sem identificação, será que é a Ellen?

Peguei o celular e atendi.

- Ligação ON -

— Alô? — disse com voz de desconfiança.

— Amy?

— Sim?! Quem é?

— Quero o meu dinheiro.

— Que dinheiro?

— Vou te esperar depois do horário do seu serviço... Na hora que sair, vá direto para a porta dos fundos... Se você não estiver lá, vou te procurar onde for.

- Ligação OFF -

Fiquei muda, não sabia o que estava acontecendo. Quando aquela voz masculina mal acabou de falar, já desligou.

Merda! Agora mais essa!

Reaprendendo AmarOnde histórias criam vida. Descubra agora