Três - done deal.

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Quando se trata de Elliot só havia dois jeitos de lidar com ele, ou você o obedecia e nunca questionava as babaquices que o mesmo propunha ou sua garganta era rasgada.

Depois de uma longa e entendiante viagem até aquela cidadezinha na Califórnia eu decidi que esperaria o momento certo para ataca-lo, não posso me precipitar e acabar com todas as minhas chances de sair daqui viva.
Desde o dia que o vampiro me sequestrou eu ando mais irritada como nunca estive antes, Elliot age como se estivéssemos fazendo um passeio com amigos e não com uma garota que acabara de sequestrar, isso me deixa com os nervos à flor da pele.

Suspiro aliviada quando sinto minhas mãos se soltarem das malditas algemas, Valerie me liberta com um sorriso dócil nos lábios e sussurra algo no meu ouvido como "Por favor não faça nenhuma burrada".
Reviro os olhos quando sinto as mãos brutas de Elliot me puxar e Valerie voltar com a sua pose durona, só percebo que estamos dentro de um carro quando o mesmo está em movimento.
Elliot fala ao telefone impacientemente e sussurrava como se eu não pudesse ouvir sua conversa, ouço palavras aleatórias como "Ela não poderia saber" e então ouço um nome, George.
Prendo a respiração e meus batimentos cardíacos começam a acelerar, não, não e não, isso não pode ser verdade, era pra ele estar morto.
Ewell percebe que minha postura mudou e desliga o celular sem se despedir, o moreno faz um sinal para eu continuar calada, isto é, sem perguntas.

-Elliot, George está vivo? -Uma coisa que eu não sou é obrigada a fazer nada, não tenho medo, muito menos desse vampirinho de merda que se intitula como algum tipo de Deus.
-Você deveria calar a boca, respondendo sua pergunta, George está sim vivo.

Então faço algo que surpreende até ao vampiro que está no meu lado, eu simplesmente choro. Choro porque de certa forma aquela notícia que eu acabei de receber era algo que eu queria ter ouvido em três anos atrás.
George Balzary está vivo, ou como eu costumava chama-lo, meu irmão.
Sentimentos adversos tomam conta de mim, felicidade, ansiedade e principalmente culpa. Culpa por eu ter sido a causa de meu irmão ter morrido, culpa por eu não ter hesitado em ter enfiado uma faca em sem peito, culpa por eu não ter sentido ressentimento nenhum quando vi seu corpo sem vida ao chão. Eu sou uma caçadora e minha obrigação é servir ao código da família, George havia sido mordido por um lobisomem e não suportaria a idéia de ter um parentesco com um ser sobrenatural, então depois de uma tentativa falha de caçar o alfa - missão dada pelo nosso pai - foi aí que vi a mordida em seu abdômen logo após uma luta acirrada entre os dois, simplesmente peguei minha faca e o matei. Contei ao meu pai que George foi mutilado por vários lobisomens e não resistiu. Depois desse dia eu me senti um monstro, e de fato eu era um.

-Está chorando por que princesa? Na hora de matar o seu irmão mais velho não hesitou em nenhum momento. Engole esse choro sua criança irritante. -Eu não vou esperar mais nenhum segundo, tenho que agir agora. Eu sinto raiva e acabo agindo por impulso, mas eu não me importo.
Faço algo que com 100% de certeza irei me arrepender mais tarde. Pego um prego que encontrei na cela onde estava e escondi dentro do bolso da minha calça. Cravei o objeto no peito de Ewell, ele fecha os olhos por alguns segundos e não esperei a próxima ação dele, abro a porta e salto do carro em movimento. A rua estava deserta e isso facilitou mais as chances de eu não morrer atropelada, vejo o carro preto onde eu me encontrava segundos antes fazer uma curva arriscada e se aproximar de mim. Levanto mancando com meu braço esfolado e começo a correr sem direção nenhuma, ouço o carro atrás de mim e sem pensar muito mudo minha rota de direção para esquerda entrando dentro de uma floresta.
Era de noite e isso dificultou minha possibilidade de enxergar algo, só vi borrões escuros e barulhos de animais. Paro um pouco para descansar e não ouço nem vejo nenhum movimento do carro, isso significa que eles não estão por perto.
Começo a caminhar em direção ao norte e sinto minhas pernas fraquejarem, ajoelho no chão e sinto lágrimas de medo escorrerem no meu rosto, Beacon Hills definitivamente está me deixando emotiva. Sinto minha cabeça pesar e deito em cima de um tronco sem me importar com a dor que sinto nas costas.

Otherside // Teen Wolf {Hiatus}Onde histórias criam vida. Descubra agora