Efêmero

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Outono de abril
Ainda há tanto tempo
Para sentir-me uma falha
Maio está distante
Meu último suspiro
Um espírito avisou-me
Em maio irei falecer
Sinto medo por tudo que não fui
Por tudo que não serei
Mas ainda adormeço serena
O sono não pode ser perturbado
Já que a vida é
Vida provisória
Imersa em raiva
Rosas murchas
Ruas medonhas
Minhas mãos estão suando
Não é medo, não é medo
Talvez ansiedade
Falhei no cultivo dos girassóis
Meus pulsos doem
Tirem-me essas algemas
Algemas de silêncios
Preciso gritar, preciso gritar
É outono
É meu último mês
Há tanto tempo
Entretanto não para mim.

Andréia Freire

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