Era Um Garoto

A Chamada

O tempo passou, uma hora, duas, três, e nada do meu pai, quando então o telefone toca e minha mãe vai atender.

Ligação On

Mãe: Alô! (fala furiosa)

?: A senhora é a esposa do senhor Jodinei?

Mãe: Sim, porque? (fala um pouco calma, mas ainda com raiva)

?: Ele está aqui no hospital, ele sofreu um grave acidente, ele bateu de frente com um caminhão. Aconselho que venha com urgência.

Ligação Off

Quando ela terminou de falar, seus olhos ficaram vermelhos e as lágrimas começaram a cair, ela sentou-se no sofá, com a voz trêmula, ela tentava nos passar a notícia:

Mãe: E-Era do hospital...se-seu pai bate-teu de-de frente com um caminhão...

Nesse momento um sentimento de angústia e tristeza entrava em mim, deitei no colo da minha mãe já chorando. Ricardo não demonstrava nenhum sentimento, parecia arrependido como se já soubesse que ia acontecer e não fez nada pra impedir. Minha mãe se levantou e entramos no outro carro da casa.

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Ao chegar no hospital, a atendente nos informou sobre o estado do meu pai, ele tinha quebrado três costelas e a tíbia esquerda, tinha rompido a artéria femural e parte do seu braço direito se perdeu no acidente.

Atendente: No momento ele está passando por uma cirurgia pra retomar o funcionamento da artéria femural, é uma cirurgia longa, vocês podem esperar aqui, se quiserem.

Mãe: Meu Deus...(fala desesperada) Qual a chance de sobrevivência?

Atendente: As chances são baixas, foi um acidente muito forte, o marcador do carro marcava 140km/h no momento do acidente, o rompimento da artéria femural mata instantaneamente em quase 100% dos casos... foi um milagre ele ter sobrevivido.

Mãe: Iremos esperar.

Sentamos todos na sala de espera, eu chorava de dor e tristeza, sem esperanças da sobrevivência do meu pai, minha mãe sempre dizia que temos que ser fortes e confiantes nessas horas, mas eu realmente não conseguia. Meu irmão usando o celular parecia nem ligar pra o que estava acontecendo, já minha mãe, dormiu na tentativa de se acalmar. Meu irmão também dormiu, mas eu infelizmente não conseguia dormir, sempre que fechava os olhos, projetava uma imagem do meu pai, era tão angustiante e dolorosa de se ver que não consigo nem descrever. E assim virei a noite acordado.

No dia seguinte, por volta das 8:37 da manhã, um médico caminha devagar e sério em nossa direção, eu e minha mãe estávamos acordados, bati em Ricardo para ele acordar, e acordou.
O médico com uma prancheta em mãos vem nos falar sobre o nosso pai:

Médico: O senhor Jodinei infelizmente não sobreviveu, a equipe médica deu o seu melhor, mas não conseguimos mantê-lo vivo.

Consternada com a situação, minha mãe se ajoelha aos pés do médico, já chorando, ela questiona olhando para cima:

Mãe: Porque meu Deus? Porque isso está acontecendo comigo?

Eu torno a chorar, ao olhar pro meu irmão, vejo-o de cabeça baixa, ele não chorava, apenas olhava sério para o chão, eu realmente não entendia o que acontecia com ele. À tarde, ao ver o corpo do meu pai que seria enterrado, soube automaticamente que aquela seria a pior imagem que veria em toda minha vida. Todos os meus familiares compareceram ao velório, menos o meu Tio Jadson, eu nunca entendi porque, mas ele não gostava do meu pai. Muitos choravam ao ver o corpo do meu pai, e para mim, ainda não tinha caído a ficha que meu pai havia morrido.

Ao chegar em casa, por volta das nove horas da noite, deitei na minha cama, fiquei muito pensativo. Por mais que meu pai não fosse legal comigo ou mesmo que não ligasse pra mim, ele era meu pai, eu queria que ele estivesse do meu lado agora. Minha avó sempre dizia que morrer faz parte da vida, eu realmente queria que não fizesse. Me arrependo de não ter agido com meu pai como deveria. Eu devia ter demonstrado que o amava mais, lembro de quase nunca ter abraçado-o, acho que nunca disse que o amava, agora, o tempo passa e percebemos os grandes erros que cometemos. Pensei bastante sobre a reação do meu irmão, ele sempre foi bem mais próximo do meu pai do que eu, achei muito estranho a reação dele, mas já é tarde, é hora de dormir.

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†Jodinei†
14/01/2014
Grande pai, trabalhador, ótimo marido e solidário.
Sentiremos sua falta.

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Bem Pessoal, esse foi o Capítulo de hoje, pretendo postar um por dia, portanto, não esperem capítulos muito longos.

Foi isso pessoal, até o próximo capítulo! Valeu Fui!

Não percam o próximo capítulo:
"Volta às aulas"