Seya não acreditou no que aconteceu. Ele tinha falhado em proteger seu amigo! Isso não era coisa de cavaleiro. Ele levantava sempre depois de apanhar muito. Mas, nesse caso, nem apanhou nem bateu. Aliás, nem Shun fez qualquer dessas coisas importantes. O estranho não lhes deu a opção – atacou furtivamente, deixando todos sem reação.
Confuso e irritado consigo mesmo, o cavaleiro de pégaso foi procurar os outros. Provavelmente àquela hora já estariam na sala de treino. Eles eram muito aplicados ao treino, pois quanto melhor fossem, menos apanhariam. O aprendizado era reforçado para lidar com inimigos muito mais fortes do que eles - exatamente o tipo que adorava aparecer para comprar briga com os discípulos de Atena.
Seya tinha acertado a previsão: Ikki treinava golpes com Hyoga, um Shiryu vendado e sem camisa moldava formas com a água da piscina. Ao notar seu cosmo perturbado, todos gelaram por um segundo. Principalmente Hyoga, que congelou a água que Shiryu estava moldando e fez com que o gelo caísse todo sobre a cabeça do Dragão.
Uma briga interna estava prestes ao correr quando Ikki colocou ordem na casa e todos pararam para ouvir o Pégaso contar sobre o rapto de Shun. Hyoga lembrou-se de uma perturbação no Cosmo de Shun pela manhã – talvez o Andrômeda desconfiasse de algum inimigo, mas sua propensão a tentar resolver tudo diplomaticamente lhes fez perder o tempo necessário para agir antes que o inimigo desaparecesse.
- Por que você simplesmente não beija Atena? - questionou Shiryu. - Não acho que seja um sacrifício que ela não faria para evitar uma guerra. Os deuses tem apostas e desejos malucos às vezes, ela entende. Eu prefiro lutar, claro, mas acho uma besteira brigar para que você não tenha que fazer algo que sempre quis fazer. Ninguém está te pedindo para abraçar um Hyoga congelado.
- E se o inimigo tentar nos raptar ele vai ver o que é bom para ele! - disse Ikki.
Seya se sentiu melhor. Ikki lutava pra caramba, com certeza poderia acabar com o inimigo antes que mais alguém sumisse. Ia dar tudo certo.
Só que, num flash, Ikki despareceu.
- nããããão! - gritou Seya – Ikki não! Eu posso subir as doze casas. As 24 casas. Todas as malditas casas! Posso aguentar todos os golpes que me derem. Mas beijar Atena... beijar Atena, assim do nada, isso eu não consigo – seu cosmo brilhava - E se ela não gostar? Não vou beijá-la à força,isso seria errado. E se me achar fraco, porque cedi à exigência do inimigo?
Seya desmoronou, caindo ao chão. Hyoga prometeu que descobririam o que tinha acontecido e Shiryu decidiu meditar um pouco mais, quem sabe a solução não apareceria?
Desolado como se tivesse recebido muitos meteoros de pégasus na cabeça, Seya decidiu que era melhor desferir uns meteoros no chão. Porrada normalmente consertava tudo! Que deus maluco era aquele que não entrava em combate e, horror dos horrores! fazia-os resolver o problema na base dos sentimentos? Que falta de sorte ter sido o Shun o primeiro a desaparecer, ele entendia dessas coisas.
Quem certamente não entendia nada era Seya. Foi só distrair-se um pouco olhando para o chão e Hyoga sumiu também.
- Hyoga!!!! Nããããão!! - gritou o Pégaso.
Shiryu murmurou, só pra si, algo que soava como "ah já chega!". Contrariado, disse:
- Vou chamar Atena.
Seya tentou protestar, mas o dragão estava inflexível. Se alguém resolveria aquilo, seria Atena. Porque Seya... bem, digamos que o amor era um inimigo muito poderoso.
Quando viu aqueles cabelos roxos perto de si, o cavaleiro de pégaso corou. O cabelo de Atena tinha cheiro de morango. Como ele queria tocar aqueles cabelos! Se existisse armadura de cavaleiro apaixonado, a de Pégaso certamente estaria a serviço de outra pessoa.
Como Seya ficava olhando Atena como se fosse um bocó, Shiryu contou o desafio que lhes foi imposto. Conforme ouvia o que se passava, o rosto de Saori teve vontade própria: suas bochechas ficaram rosadas, os olhos baixavam ao chão, envergonhados.
Mas, deusa que é, Atena foi sábia:
- Seya – disse – em vários momentos você me foi um valoroso guerreiro. - inspirou longamente – Nesta situação, grave decerto, é preciso agir rápido. Não podemos deixar que mais cavaleiros sejam levados. - nova pausa – Não me importo – expirou – que você me beije – inspirou – se for para salvá-los.
Foram os ouvidos de Seya que captaram a mensagem, mas foram seus olhos que reagiram: ficaram gigantes e alguém que observasse a cena poderia dizer que ele tinha um xis grandão no meio da cara e tinha caído no chão da forma mais quadrada possível. Como num anime.
Ok, Atena quer me beijar, pensou ele. Peraí, ela vai me beijar? E agora??? Preciso me levantar e agir.Meus companheiros dependem de mim. Não posso me deixar levar por uma prova dessas. É como nas doze casas. É só mais uma casa.
- Meteoro de Pégasus! - gritou. Mas não deu Meteoro algum: saiu correndo em direção à deusa, a abraçou e juntou seus lábios aos dela. Sentiu o sabor de sua pele,a quentura de seus lábios. Estremeceu quando uns fios roxos tocaram seu rosto. Nenhuma batalha foi mais dura. Nenhuma foi tão recompensadora.
Quando seus lábios se separaram, eles se olharam por um brevíssimo segundo e imediatamente abaixaram o olhar, tímidos. À sua volta estavam cavaleiros, todos eles: Shun, Ikki e Hyoga reapareceram, recebidos com vivas pelos demais.
Sem dizer palavra, Saori retornou aos seus aposentos, deixando um confuso mas alegre Seya para trás. Ao abrir a porta, Atena notou que havia alguém ali.
- Eu disse que faria ele te beijar, não disse? - sorriu Eros, antes de desaparecer.
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Um beijo por Atena (fanfic CDZ)
Fanfiction"Ao ver aqueles cabelos roxos entrando na cozinha do alojamento, Seya estremeceu - e Shun percebeu. Havia amor no olhar do Cavaleiro de Pégasus. Atena... Seya a salvou tantas vezes! E a salvaria mais centenas, milhares de vezes. Quantas fossem neces...